A dessacralização das ciências sociais da religião no Brasil nas trilhas de Weber, Bourdieu e Pierucci

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2020.158831

Palavras-chave:

Sociologia da religião no Brasil, Pierre Bourdieu, Antônio Flávio Pierucci, Neutralidade axiológica, Objetividade científica

Resumo

O artigo procura reconstruir a repercussão da crítica bourdieusiana à produção sociológica sobre os fenômenos religiosos, a qual aponta para a dificuldade que perpassa o envolvimento do pesquisador com seu objeto de estudo. Na sociologia da religião praticada no Brasil, tal crítica suscitou (e ainda suscita) intenso debate, sobretudo após ter sido mobilizada com intenção declaradamente polemista por um dos ícones dessa área no contexto nacional, Antônio Flávio Pierucci. A intenção aqui é não apenas analisar como a discussão se desdobrou e os argumentos mobilizados ao longo da controvérsia, mas também reafirmar a importância dos postulados de Bourdieu, defendendo a pertinência de seu uso na interpretação da dinâmica religiosa em nosso país.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Renan William dos Santos, Universidade de São Paulo

    Doutorando no Programa de Pós-graduação em Sociologia da USP, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processo n. 2017/24842-1.

Referências

Arribas, C. G. (2012), “Pode Bourdieu contribuir para os estudos em ciências da religião?”. Numen: Revista de Estudos e Pesquisa da Religião, 15 (2): 483-513.

Beckford, J. A. (2008), Social theory and religion. Cambridge, University Press.

Berger, P. (1985), O dossel sagrado. São Paulo, Paulus.

Berger, P. (2000), “A dessecularização do mundo: uma visão global”. Religião e Sociedade, 21 (1): 9-24. Disponível em http://www.uel.br/laboratorios/religiosidade/pages/arquivos/dessecularizacaoLERR.pdf.

Berger, P. ([2014] 2017), Os múltiplos altares da modernidade. Petrópolis, Vozes.

Bonato, M. et al. (2016), “Secularização em Antônio Flávio Pierucci – da contemporânea serventia de continuarmos acessando aquele velho sentido”. Século XXI, 6 (1): 11-43.

Bortoluci, J. H.; Jackson, L. C. & Filho, F. P. (2015), “Contemporâneo clássico: a recepção de Pierre Bourdieu no Brasil”. Lua Nova, 94: 217-54.

Bourdieu, P. (1983), “Uma ciência que perturba”. In: Bourdieu, P. Questões de sociologia. Rio de Janeiro, Marco Zero, pp. 16-29.

Bourdieu, P. (1989), “Introdução a uma sociologia reflexiva”. In: Bourdieu, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro, Bertrand, pp. 17-58.

Bourdieu, P. (1990a), “Fieldwork in philosophy”. In: Bourdieu, P. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, pp. 15-48.

Bourdieu, P. (1990b), “Sociólogos da crença e crenças de sociólogos”. In: Bourdieu, P. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, pp. 108-13.

Bourdieu, P. (1990c), “A dissolução do religioso”. In: Bourdieu, P. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, pp. 119-125.

Bourdieu, P. (1990d), “Da regra às estratégias”. In: Bourdieu, P. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, pp. 77-95.

Bourdieu, P. (1990e), “Pontos de referência”. In: Bourdieu, P. Coisas ditas. São Paulo, Brasiliense, pp. 49-73.

Bourdieu, P. (2001), Meditações pascalianas. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

Bourdieu, P. (2002), A dominação masculina. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

Bourdieu, P. (2007), Ofício de sociólogo. Petrópolis, Vozes.

Bourdieu, P. (2008a), “É possível um ato desinteressado?”. In: Bourdieu, P. Razões práticas. Campinas, Papirus, pp. 137-156.

Bourdieu, P. (2008b), “A economia dos bens simbólicos”. In: Bourdieu, P. Razões práticas. Campinas, Papirus, pp. 157-198.

Bourdieu, P. (2011a), “Gênese e estrutura do campo religioso” In: Bourdieu, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Perspectiva, pp. 27-78.

Bourdieu, P. (2011b), “Uma interpretação da teoria da religião de Max Weber”. In: Bourdieu, P. A economia das trocas simbólicas, São Paulo, Perspectiva, pp. 79-98.

Bruce, S. (2016), “Secularização e a impotência da religião individualizada”. Religião & Sociedade, 36 (1): 178-190.

Campos, B. M. (2007), “Sociologia religiosa da religião”. Ciências da Religião: História e Sociedade, 5 (5): 111-33.

Camurça, M. A. (2001), “Da ‘Boa’ e da ‘má vontade’ para com a religião nos cientistas sociais da religião brasileiros”. Religião & Sociedade, 21 (1): 67-86.

Casanova, J. (2007), “Reconsiderar la secularización”. Revista Académica de Relaciones Internacionales, 7: 1-20.

Dianteill, E. (2003), “Pierre Bourdieu e a religião”. Revista de Ciências Sociais, 34 (2): 30-42.

Frigerio, A. (2008), “O paradigma da escolha racional”. Tempo Social, 20 (2): 17-39.

Heelas, Paul. (2006). “Challenging Secularization Theory”. The Hedgehog Review – After Secularization, 8, 1-2: 46-58.

Herrera, S. E. R. (2004), Reconstrução do processo de formação e desenvolvimento da área de estudos da religião nas ciências sociais brasileiras. Porto Alegre, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Hervieu-Léger, D. (1997), “Representam os surtos emocionais contemporâneos o fim da secularização ou o fim da religião?” Religião e Sociedade, 18 (1): 31-47.

Hervieu-Léger, D. (2006), “In search of certainties”. The Hedgehog Review – After Secularization, 8 (1-2): 59-68.

Hervieu-Léger, D. (2015), O peregrino e o convertido. Petrópolis, Vozes.

Iannaccone, L. (1997), “Rational choice: framework for the scientific study of religion”. In: Young, A. (org.), Rational choice theory and religion. Nova York, Routledge, pp. 25-44.

Mariano, R. (1999), Neopentecostais. São Paulo, Loyola.

Mariano, R. (2008), “Usos e limites da teoria da escolha racional da religião”. Tempo social, 20 (2): 41-66.

Mariano, R. (2013), “Antônio Flávio Pierucci: sociólogo materialista da religião”. rbcs, 28 (81): 7-16.

Miceli, S. (1999), O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). Vol. II: Sociologia. São Paulo, Sumaré/Anpocs, pp. 237-287.

Negrão, L. (2005), “Nem ‘jardim encantado’, nem ‘clube dos intelectuais desencantados’”. rbcs, 20 (59): 23-36.

Rosado-Nunes, M. J. (2017), “Feminismo, gênero e religião”. Estudos de Religião, 31 (2): 65-76.

Oro, A. & Steil, C. (1997), Globalização e religião. Petrópolis, Vozes.

Ortiz, R. (2013), “Nota sobre a recepção de Pierre Bourdieu no Brasil”. Sociologia & Antropologia, 3 (5): 81-90.

Pierucci, A. F. (1997), “Interesses religiosos dos sociólogos da religião”. In: Oro, A. & Steil, C. (orgs.). Globalização e religião. Petrópolis, Vozes, pp. 249-62.

Pierucci, A. F. (1999), “Sociologia da religião: área impuramente acadêmica”. In: Sergio Miceli (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). Vol. II: Sociologia. São Paulo, Sumaré/Anpocs, pp. 237-287.

Pierucci, A. F. (2003), O desencantamento do mundo. São Paulo, Editora 34.

Pierucci, A. F. (2004), “Bye, Brasil”. Estudos Avançados, 18 (52): 17-28.

Pierucci, A. F. (2006). Memorial para concurso de professor titular de Sociologia da USP. São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, FFLCH-USP (mimeo).

Prandi, R. & Santos, R. W. (2015), “Mudança religiosa na sociedade secularizada”. Contemporânea, 5 (2): 351-79.

Prandi, R. & Santos, R. W. (2017), “Quem tem medo da bancada evangélica?” Tempo Social, 29 (2): 187-213.

Prandi, R.; Santos, R. W. & Bonato, M. (2019), “Igrejas evangélicas como máquinas eleitorais no Brasil”. Revista usp, 200, 1: 43-60.

Raud, C. (2007), “Bourdieu e a nova sociologia econômica”. Tempo Social, 19 (2): 203-32.

Rodrigues, S. (1997), “Trabalhos apresentados no ‘GT Religião e Sociedade’ da Anpocs (1980-1997)”. Religião & Sociedade, 18 (2): 157-79.

Rosas, N. (2018), Sociologia da religião: comentário a um balanço sobre a produção do conhecimento. Mediações, 23 (1): 263-290.

Souza, A. R. (2015), “A livre religiosidade e a compulsória ciência do sociólogo da religião”. Contemporânea, 5 (2): 309-325.

Stark, R. (1999), “Micro foundations of religion”, Sociological Theory, 17 (3): 264-289.

Stark, R. & Bainbridge, W. S. (1985), The Future of Religion. Berkeley, University of California.

Swatos Jr., W. & Christiano, K. (1999), “Secularization Theory”. Sociology of Religion, 60 (3): 209-228.

Weber, M. ([1920] 1996), “Introdução”. In: Weber, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Lisboa, Presença, pp. 11-24.

Weber, M. ([1922] 2004), “Sociologia da religião”. In: Weber, M. Economia e Sociedade, vol. 1. São Paulo, Editora Universidade de Brasília, pp. 279-418.

Weber, M. ([1895] 2014a), “O Estado-nação e a política econômica”. In. Weber, M. Escritos políticos. São Paulo, Martins Fontes, pp. 3-36.

Weber, M. ([1920] 2014b), A “ética” protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo, Companhia das Letras.

Downloads

Publicado

2020-12-11

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Santos, R. W. dos . (2020). A dessacralização das ciências sociais da religião no Brasil nas trilhas de Weber, Bourdieu e Pierucci. Tempo Social, 32(3), 399-420. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2020.158831