Processos sociais de vitimização prisional

Autores

  • Odilza Lines de Almeida Secretaria de Administração Penitenciária do Estado da Bahia
  • Eduardo Paes-Machado Michigan State University

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100013

Palavras-chave:

Prisão, Padrões de vitimização, Processos sociorganizacionais, Quadrilhas de internos, Vulnerabilidade

Resumo

Este artigo analisa os padrões de vitimização de internos da maior unidade prisional da Bahia. Utiliza dados provenientes de um screening survey com 591 participantes, 107 entrevistas semiestruturadas e observação direta. Revela que mais da metade dos internos relatou ter sofrido algum tipo de vitimização material, física ou psicológica. Afirma que tais padrões são influenciados pela violência da instituição, dos arranjos da cadeia e das quadrilhas prisionais. Também mostra a influência da disponibilidade de capitais econômico, cultural e social nos níveis de vulnerabilidade dos presos. Concluímos que o drama da vitimização dos internos é uma chave para compreender a dinâmica de um sistema prisional mais distópico do que podemos imaginar.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Aguirre, Carlos. (2009), “Cárcere e sociedade na América Latina: 1800-1940”. In: Maia, Clarisse Nunes, Sá Neto, Flávio de, Costa, Marcos & Bretas, Marcos Luiz (orgs.). História das prisões no Brasil. Rio de Janeiro, Rocco, vol. 2.

Almeida, Odilza Lines de. (2007-2011), “Diários de campo: registros não publicados das notas de campo de pesquisa”. Salvador.

. (2011), Sem lugar pra correr nem se esconder: um estudo de vitimização no sistema penal baiano. Salvador, Bahia, tese de doutorado, Programa de Instituto de Saúde Coletiva, ufba.

Alvarez, Marcos César. (2008), “Os sentidos da punição”. ComCiência, 98. Disponível em <http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=35&id=417>, consultado em 15/12/2010.

Best, Joel. (1982), “Crime as strategic interaction: the social organization of extortion”. Journal of Contemporary Ethnography, 11, pp. 107-128.

Birkbeck, Christopher. (2010), “Prisiones y internados: una comparación de los establecimientos penales en América del Norte y América Latina”. Caderno crh, 23 (58): 129-149.

Borges, Doriam. (2008), “Vitimização criminal: prevalência, incidência e o estilo de vida”. In: Duarte, Mário Sérgio de Brito (coord.). Pesquisa de condições de vida e vitimização de 2007. Rio de Janeiro, Riosegurança.

Bourdieu, Pierre. (1989), O poder simbólico. Rio de Janeiro/Lisboa, Difel/Bertrand. Brasil. Ministério da Justiça/Depen. Sistema Nacional de Informações Penitenciárias – InfoPen. (2011), Dados consolidados. Brasília.

Byrne, James Michael & Hummer, Donald. (2007), “Examining the impact of institutional culture on prison violence and disorder: an evidence-based review”. In: Byrne, J., Hummer, D. & Taxman, F. S. The culture of prison violence. Boston, Pearson.

& Taxman, Faye S. (2007), The culture of prison violence. Boston, Pearson.

Cárdia, Nancy. (s/d), “Raça, vitimização e direitos humanos”. Núcleo de Estudos da Violência – usp. Disponível em <http://www.nevusp.org/downloads/down065.pdf>.

Carvalho Filho, Luís Francisco. (2002), A prisão. São Paulo, Publifolha.

Chambliss, William J. (1967), “Types of deviance and the effectiveness of legal sanctions”. Wisconsin Law Review, 703-719.

Chazkel, Amir. (2009), “Uma perigosíssima lição: a Casa de Detenção do Rio de Janeiro da Primeira República”. In: Maia, Clarisse Nunes, Sá Neto, Flávio de, Costa, Marcos & Bretas, Marcos Luiz (orgs.). História das prisões no Brasil. Rio de Janeiro, Rocco, vol. 2.

Christie, Nils. (1986), “The ideal victim”. In: Fattah, Ezzat. Crime policy to victim policy. Basingstoke, Macmillan.

. (1988), Los límites del dolor. México, Fondo de Cultura Económica.

Chubaty, Donna Elaine. (2001), Victimization, fear, and coping in prison. Dissertation-Abstracts-International:-Section-B:-The-Sciences-and-Engineering, vol. 62 (2-B).

Clemmer, Donald. (1940), The prison community. Boston, Christopher Publishing.

Coelho, Edmundo Campos. (2005), A oficina do diabo. Rio de Janeiro, Record.

Coelho, Harnoldo Colares et al. (2009), “Soroprevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em uma prisão brasileira”. Revista Brasileira de Epidemiologia, 12 (2): 124-131.

Cohn, Ellen & Rotton, James. (2003), “Even criminals take a holiday: instrumental and expressive crimes on major and minor holidays”. Journal of Criminal Justice, 31: 351-360.

Coleman, James S. (1988), “Social capital in the creation of human capital”. American Journal of Sociology, 94: 95-120.

Colorado, Fernando Díaz. (2006), “Una mirada desde las víctimas: el surgimiento de la victimología. Ensayo”. Umbral Científico, 9: 141-159.

Cooley, D. (1993), “Criminal victimization in male federal”. Canadian Journal of Criminology, 35 (4): 479-495.

Edgar, Kimmet. (2005), “Bullying, victimization and safer prisons”. Probation Journal: The Journal of Community and Criminal Justice, 52 (4): 390-400.

O’Donnell, Ian & Martin, Carol. (2003), Prison violence: the dynamics of conflict, fear and power. Devon, William Publishing.

Elias, Norbert. (1987), A sociedade de corte. Lisboa, Estampa.

Garland, D. (2001), The culture of control-crime and social order in contemporary society. Oxford, Oxford University Press.

Giddens, Anthony. (2003), The constitution of society. Cambridge, Polity Press.

Hannerz, Ulf. (1980), Exploring the city: inquiries toward an urban anthropology. New York, Columbia University.

Hemmens, C. & Marquart, J. W. (1999), “Straight time: Inmates’ perceptions of violence and victimization in the prison environment”. Journal of Offender Rehabilitation, 28 (3-4): 1-21.

Hope, Tim et al. (2001), “The phenomena of multiple victimization”. British Journal of Criminology, 41: 595-617.

Ireland, Jane L. (2000), “ ‘Bullying’ among prisoners: a review of research”. Aggression and Violent Behavior, 5 (2): 201-215.

. (2002), Bullying among prisoners: evidence, research and intervention strategies. East Sussex, Brunner-Routledge.

Jefferson, Tony. (2002), “Masculinities and crime”. In: Maguire, M., Morgan, Rod & Reiner, R. (eds.). The Oxford Handbook of Criminology. Oxford, Oxford University Press.

Martelli, Celina Maria Turchi et al. (1990), “Soroprevalência e fatores de risco para a infecção pelo vírus da hepatite B pelos marcadores Aghbs e anti-hbs em prisioneiros e primodoadores de sangue”. Revista de Saúde Pública, 24 (4): 270-276.

Misse, Michel. (2011), “A categoria ‘bandid’ como identidade para o extermínio: algumas notas sobre sujeição criminal a partir do caso de Rio de Janeiro”. In: Barreira, C., Sá, L. & Aquino, J. P. (orgs.). Violência e dilemas civilizatórios: as práticas de punição e extermínio. Campinas, Pontes.

Mouat, Frederic John. (1891), “On prison ethics and prison labour”. Journal of the Royal Statistical Society, 54 (2): 213-262.

Myers, David G. & Lammer, Helmut. (1976), “The group polarization phenomenon”. Psychological Bulletin, 83 (4): 602-627, jul.

Nagi, C., Browne, K. & Blake, J. (2006), “A descriptive analysis of the nature and extent of bullying at a category C prison”. British Journal of Forensic Practice, 8 (2): 4-9.

Nogueira, Péricles Alves & Abrahão, Regina Maura Cabral de Melo. (2009), “A infecção tuberculosa e o tempo de prisão da população carcerária dos Distritos Policiais da zona oeste da cidade de São Paulo”. Revista Brasileira de Epidemiologia, 12 (1): 30-38.

onu. Subcomitê de Prevenção da Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. (2012), “Relatório sobre a visita ao Brasil do Subcomitê de Prevenção da Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes”. Disponível em <http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/tortura/relatorio_visita_ao_Brasil_subcomite_prevencao_tortura_jun2012>.

Paes-Machado, Eduardo & Albuquerque, Carlos Linhares. (2006), “The hazing of police recruits: initiation to organization and resistance to policing reform in Brazil”. In: Daucé, Françoise & Sieca-Kozlowski, Elisabeth. Dedovshina in the post-soviet military: hazinz of Russian army conscripts in a comparative perspective. Stuttgart, Ibidem-Verlag, pp. 237-264.

& Nascimento, Ana Márcia Duarte. (2011), “Bank employees don’t go to Heaven: processes of victimization of bank employees for violent crimes”. In: Hutcherson, Audrey N. (ed.). Psychology of victimization. New York, Nova Science Publishers, pp. 81-106.

& Riccio-Oliveira, Maria Angélica. (2009), “O jogo de esconde-esconde: trabalho perigoso e ação social defensiva entre motoboys de Salvador”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 24 (70): 91-106, jun.

Paixão, Antônio Luiz. (1987), Recuperar ou punir? Como o Estado trata o criminoso. São Paulo, Cortez.

Pérez, Deanna M., Gover, Angela R., Tennyson, Kristin M. & Santos, Saskia D. (2010), “Individual and institutional characteristics related to inmate victimization”. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 54 (3): 378-394.

Porto, Roberto. (2007), Crime organizado e sistema prisional. São Paulo, Atlas.

Ramalho, José Ricardo. (2002), O mundo do crime: a ordem pelo avesso. São Paulo, ibccrim.

Sá, Alvino Augusto de. (1996), “Vitimização no sistema penitenciário”. Revista do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, 1 (8): 15-23.

Salla, Fernando. (1999), As prisões em São Paulo: 1822-1940. São Paulo, Annablume/Fapesp.

Sánchez, Alexandra Roma et al. (2007), “A tuberculose nas prisões do Rio de Janeiro, Brasil: uma urgência de saúde pública”. Cadernos de Saúde Pública, 23 (3): 545-552.

Sparks, Richard, Bottoms, Anthony E. & Hay, Will. (1996), Prisons and the problems of order. Oxford, Clarendon Press.

Stowell, J. I. & Byrne, J. M. (2007), “Does what happens in prison stay in prison?”. In: Byrne, J., Hummer, D. & Taxman, F. S. The culture of prison violence. Boston, Pearson.

Sykes, Gresham M. (1958), The society of captives: a study of a maximum-security prison. Princeton, nj, Princeton University Press.

Viggiani, N. (2007), “Unhealthy Prisons: exploring structural determinants of prison health”. Sociology of Health & Illness, 29 (1): 115-135.

Walklate, Sandra. (2003), Understanding criminology: current theoretical debates. Buckinghan, Philadelphia, Open University Press.

Ward, Tony. (2004), “State harms”. In: Hillyard, P., Pantazis, C., Tombs, S. & Gordon, D. Beyond criminology: taking harm seriously. London, Pluto Press.

Wolff, Nancy et al. (2007), “Physical violence inside prison: rates of victimization”. Criminal Justice and Behavior, 34 (5): 588-599.

& Shi, Jing. (2011), “Patterns of victimization and feelings of safety inside prison: the experience of male and female inmates”. Crime & Delinquency, 57 (1): 29-55.

& Bachman, Ronet. (2008), “Measuring victimization inside prisons”. Journal of Interpersonal Violence, 23 (10): 1343-1362.

Downloads

Publicado

2013-06-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Almeida, O. L. de, & Paes-Machado, E. (2013). Processos sociais de vitimização prisional . Tempo Social, 25(1), 257-286. https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100013