Feminicídio em cena: da dimensão simbólica à política

Autores

  • Isadora Vier Machado Universidade Estadual de Maringá
  • Maria Lígia Ganacim Granado Rodrigues Elias Universidade Estadual de Maringá

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.115626

Palavras-chave:

Judicialização, violência doméstica e familiar contra mulheres, liberdade.

Resumo

Em março de 2015, a Lei 13.104/15 instituiu a qualificadora do feminicídio, incorporando-a aos discursos dos/as julgadores/as. Neste trabalho, cabe-nos ressaltar que o campo jurídico-penal é uma das diversas áreas em que se estabelecem complexas relações sociais, portanto, não apenas palco de lutas sociais, mas ele próprio objeto de disputas. Assim, temos por proposta central sistematizar as principais críticas levantadas, até então, sobre a criminalização do feminicídio e, com base nelas, produzir uma reflexão sobre o significado das paradoxais lutas por judicialização, no cenário feminista nacional.

 

 

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Biografia do Autor

  • Isadora Vier Machado, Universidade Estadual de Maringá

    Professora Adjunta de Direito Penal na Universidade Estadual de Maringá. Doutora em Ciências Humanas pela UFSC (2013); mestre em Direito, Estado e Sociedade pela UFSC (2010); vencedora do Prêmio Capes de Tese na área Interdisciplinar (2014).

  • Maria Lígia Ganacim Granado Rodrigues Elias, Universidade Estadual de Maringá

    Doutora em Ciência Política pela USP e pós doutoranda do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais (PGC) na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Desenvolve estudos no campo da teoria política normativa e teoria política feminista, pesquisando temas ligados à liberdade.

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Publicado

2018-04-26

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Machado, I. V., & Elias, M. L. G. G. R. (2018). Feminicídio em cena: da dimensão simbólica à política. Tempo Social, 30(1), 283-304. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2018.115626