Sale boulot: uma janela sobre o mais colossal trabalho sujo da história (uma visão no laboratório francês do sofrimento social)

Autores

  • Paulo Eduardo Arantes Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702011000100003

Palavras-chave:

Christophe Dejours, Joseph Torrente, Trabalho sujo, Trabalho atroz, Zelo, Holocausto

Resumo

Este artigo é uma contribuição para a genealogia contemporânea do que se convencionou chamar trabalho sujo. Mais especificamente, é um comentário da noção de "trabalho do mal" elaborada por assim dizer a quatro mãos por Christophe Dejours e Joseph Torrente a partir de uma visão histórica do Holocausto, baseada na descoberta da experiência coletiva do "trabalho atroz" como chave explicativa da destruição dos judeus na Europa. Em resumo, a revelação de como o horror do Terceiro Reich deriva da imposição do genocídio como um trabalho de massa realizado por uma legião de colaboradores zelosos. Uma hipótese até então adormecida na melhor historiografia que precisou esperar a intensificação do sofrimento social pelo trabalho sujo do neoliberalismo hoje para enfim despertar e sugerir este curto-circuito explosivo num verdadeiro diagnóstico de época.

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Publicado

2011-01-01

Edição

Seção

Dossiê - Subjetividade e Cultura: O sofrimento no social

Como Citar

Arantes, P. E. (2011). Sale boulot: uma janela sobre o mais colossal trabalho sujo da história (uma visão no laboratório francês do sofrimento social) . Tempo Social, 23(1), 31-60. https://doi.org/10.1590/S0103-20702011000100003