A reprodução do capital na frente pioneira e o renascimento da escravidão no Brasil

Autores

  • José de Souza Martins Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.1590/ts.v6i1/2.84955

Palavras-chave:

Peonagem, Trabalho escravo, Superexploração, Amazônia

Resumo

A acelerada expansão territorial do capital, sobretudo na região amazônica, a partir de meados dos anos sessenta, revigorou ali, mas também em outras regiões do país, a escravidão por dívida ou peonagem. Diversa da escravidão clássica, que no Brasil e firmou no cativeiro do negro, a peonagem recente entre nós é marcada por extrema violência física contra os trabalhadores, em alta proporção culminando com o assassinato daqueles que procuram fugir. A tese do autor é a de que a escravidão por dívida é variação extrema do trabalho assalariado em condições de superexploração, isto é, em condições de mercado em que a exploração do trabalhador é levada ao limite de comprometer sua própria sobrevivência. E de que se dá especialmente quando mecanismos de acumulação primitiva são incorporados no processo de reprodução ampliada do capital.

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Biografia do Autor

  • José de Souza Martins, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

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Publicado

1994-07-06

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Artigos

Como Citar

Martins, J. de S. (1994). A reprodução do capital na frente pioneira e o renascimento da escravidão no Brasil. Tempo Social, 6(1/2), 1-25. https://doi.org/10.1590/ts.v6i1/2.84955