Artistas e intelectuais no Brasil pós-1960

Autores

  • Marcelo Ridenti Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000100004

Palavras-chave:

Cultura e política, Intelectualidade brasileira, Rebeldia e revolução, Estrutura de sentimento, Romantismo revolucionário

Resumo

O artigo trata da trajetória de intelectuais brasileiros considerados de esquerda, especialmente os artistas, a partir dos anos de 1960. Desenvolve-se a hipótese da existência de uma "estrutura de sentimento" da brasilidade revolucionária, forte até 1968, em resposta a mudanças na organização social, e de como ela tendeu a desestruturar-se quando a sociedade seguiu em outra direção. As obras dos artistas que compartilhavam dessa estrutura de sentimento eram diferenciadas e não havia total identidade entre eles, às vezes rivais entre si. O processo de modernização conservadora da sociedade viria a institucionalizar profissionalmente o meio artístico e intelectual, afastando-o do compromisso com as causas críticas da ordem. Esgotaram-se as coordenadas históricas em que frutificou certa estrutura de sentimento que, não raro, converteu-se em ideologia legitimadora da indústria cultural brasileira.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ANDERSON, Perry. (1986), “Modernidade e revolução”. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, 14: 2-15.

ARANTES, Otília (org.). (1995), Política das artes – Mário Pedrosa. Textos escolhidos. São Paulo, Edusp.

ARRUDA, Maria Arminda Nascimento. (1985), A embalagem do sistema: a publicidade no capitalismo brasileiro. São Paulo, Duas Cidades.

BERMAN, Marshall. (1986), Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo, Cia. das Letras.

BERNARDET, Jean-Claude & GALVÃO, Maria Rita. (1983), O nacional e o popular na cultura brasileira – cinema. São Paulo, Brasiliense.

BOURDIEU, Pierre. (1996), As regras da arte. São Paulo, Cia. das Letras.

BOURDIEU, Pierre. (2001), “Campo de poder, campo intelectual e ‘habitus’ de classe”. In: A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Perspectiva.

BUARQUE, Chico. (1968), “Nem toda loucura é genial, nem toda lucidez é velha”. Última Hora, São Paulo, 9 dez.

BUARQUE, Chico. (1999), Entrevista a Marcos Augusto Gonçalves e Fernando de Barros e Silva. Folha de São Paulo, Caderno 4, 18 mar., p. 8.

CALLADO, Antonio. (1967), Quarup. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.

CEVASCO, Maria Elisa. (2001), Para ler Raymond Williams. São Paulo, Paz e Terra.

FANON, Frantz. (1979), Os condenados da terra. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira.

FAVARETTO, Celso. (1996), Tropicália alegoria alegria. São Paulo, Ateliê Editorial.

FELIX, Moacyr (org.). (1962), Violão de rua: poemas para a liberdade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, vols. I, II.

FELIX, Moacyr (org.). (1963), Violão de rua: poemas para a liberdade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, vol. III.

FERNANDES, Florestan. (1976), A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro, Zahar.

GOMES, Dias. (1998), Apenas um subversivo: autobiografia. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

GULLAR, Ferreira. (1967), “Quarup ou ensaio de deseducação para brasileiro virar gente”. Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 15: 251-258, set.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (1981), Impressões de viagem: CPC, vanguarda e desbunde: 1960/70. São Paulo, Brasiliense.

IANNI, Octavio. (1968), “A mentalidade do ‘homem simples’ ”. Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, ano III, 18: 113-117, mar./abr.

JACOBY, Russell. (1990), Os últimos intelectuais. São Paulo, Edusp/Trajetória Cultural.

JAMESON, F. (1994), “Reificação e utopia na cultura de massa”. Crítica Marxista, São Paulo, 1 (1): 1-25.

KUSHNIR, Beatriz (org.). (2002), Perfis cruzados: trajetórias e militância política no Brasil. Rio de Janeiro, Imago.

LÖWY, Michael & SAYRE, Robert. (1995), Revolta e melancolia: o romantismo na contramão da modernidade. Petrópolis, Vozes.

MANNHEIM, Karl. (1950), Ideologia e utopia. Porto Alegre, Globo.

MENESCAL, Roberto. (2003), “A renovação estética da Bossa Nova”. In: DUARTE, Paulo Sérgio & NAVES, Santuza Cambraia (orgs.). Do samba-canção à tropicália. Rio de Janeiro, Relume Dumará.

MICELI, Sergio. (1994), “O papel político dos meios de comunicação de massa”. In: SOSNOWSKI, Saul & SCHWARZ, Jorge (orgs.). Brasil: o trânsito da memória. São Paulo, Edusp.

NAPOLITANO, Marcos. (2001), Seguindo a canção: engajamento político e indústria cultural na MPB (1959-1969). São Paulo, Annablume/Fapesp.

NOVAES, Adauto. (1983), Prefácios aos volumes da coleção O nacional e o popular na cultura brasileira. São Paulo, Brasiliense.

OLIVEIRA, Francisco de. (1972), “Economia brasileira: crítica à razão dualista”. Estudos Cebrap, São Paulo, 2.

OLIVEIRA, Francisco de. (1985), “Aves de arribação: a migração dos intelectuais”. Lua Nova, São Paulo, 2 (3): 20-6, out./dez.

ORTIZ, Renato. (1988), A moderna tradição brasileira: cultura brasileira e indústria cultural. São Paulo, Brasiliense.

PÉCAUT, Daniel. (1990), Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo, Ática.

PIERRE, Sylvie. (1996), Glauber Rocha. Campinas, Papirus.

PRADO JR., Caio. (1966), A revolução brasileira. São Paulo, Brasiliense.

RAMOS, José Mário Ortiz. (1983), Cinema, Estado e lutas culturais (anos 50/60/70). Rio de Janeiro, Paz e Terra.

RIDENTI, Marcelo. (1993), O fantasma da revolução brasileira. São Paulo, Editora da Unesp.

RIDENTI, Marcelo. (1998), “O sucesso no Brasil da leitura do Manifesto Comunista feita por Marshall Berman”. In: REIS Filho, Daniel Aarão (org.). O Manifesto Comunista 150 anos depois. Rio de Janeiro/São Paulo, Contraponto/Fundação Perseu Abramo.

RIDENTI, Marcelo. (2000), Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV. Rio de Janeiro, Record.

ROMANO, Roberto. (1981), Conservadorismo romântico: origem do totalitarismo. São Paulo, Brasiliense.

ROUANET, Sérgio Paulo. (1988), “Nacionalismo, populismo e historismo”. Folha de São Paulo, Caderno D, 12 mar., p. 3.

SADER, Eder. (1988), Quando novos personagens entram em cena. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

SALEM, Helena. (1987), Nelson Pereira dos Santos: o sonho possível do cinema brasileiro. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.

SALIBA, Elias Thomé. (1991), As utopias românticas. São Paulo, Brasiliense.

SCHWARZ, Roberto. (1978), “Cultura e política, 1964-1969”. In: O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

SILVA, Armando Sérgio da. (1981), Oficina: do teatro ao te-ato. São Paulo, Perspectiva.

SOLER JORGE, Marina. (2002), Cinema Novo e Embrafilme: cineastas e Estado pela consolidação da indústria cinematográfica brasileira. Dissertação de Mestrado, Campinas, IFCH, Unicamp.

VALLE, Marcos. (2004), Depoimento para o encarte do CD Antologia, compilado por Charles Gavin.

VELOSO, Caetano. (1997), Verdade tropical. São Paulo, Cia. das Letras.

WILLIAMS, Raymond. (1979), Marxismo e literatura. Rio de Janeiro, Zahar.

WILLIAMS, Raymond. (1982), “The Bloomsbury fraction”. In: Problems in materialism and culture. Londres, Verso.

WILLIAMS, Raymond. (1987), Drama from Ibsen to Brecht. Londres, The Hogarth Press.

Downloads

Publicado

2005-06-01

Edição

Seção

Dossiê/História Social da Cultura (América Latina)

Como Citar

Artistas e intelectuais no Brasil pós-1960 . (2005). Tempo Social, 17(1), 81-110. https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000100004