Origem social, competências linguísticas e padrões de publicação científica na Argentina, Brasil e Chile

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.193439

Palavras-chave:

Competências linguísticas, Publicação científica, Origem Social, Argentina, Brasil, Chile

Resumo

Este artigo analisa as condições de aquisição de competência linguística em língua inglesa e o uso de idiomas estrangeiros nas publicações de pesquisadores da Argentina, Brasil e Chile. A análise se baseia nos  resultados de um questionário cross-national respondido por uma amostra do conjunto de pesquisadores  integrados ao núcleo central do sistema científico de cada país. O foco principal do artigo são as  modalidades de aquisição da competência  linguística e sua relação com características sociodemográficas, como a origem social, e com a  trajetória de formação. Além disso, o artigo analisa a relação entre as competências linguísticas e a  publicação científica, e explora a variação disciplinar no uso de idiomas estrangeiros. Os resultados mostram que existe uma associação entre  origem social, trajetória de formação, modalidades de aquisição da  competência em inglês e o nível  dessas competências. No entanto,  independentemente do domínio da língua, a maioria dos pesquisadores dos três países publica em inglês, e,  em todos os casos, seu nível de competência tem impacto sobre suas estratégias de escrita (autônomas, colaborativas ou via tradução profissional). Em termos comparativos, os pesquisadores brasileiros são os  que mais publicam em inglês, embora, no caso chileno, a menor proporção de publicações nessa língua possa se  dever ao maior peso dos pesquisadores em ciências sociais e humanas na amostra, uma vez que, nessas disciplinas, pelo menos na América Latina, o inglês não  adquiriu o mesmo status de língua franca que  nas ciências naturais.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Ana Maria Almeida, Universidade Estadual de Campinas

    Professora titular da Faculdade de Educação da Unicamp. Suas pesquisas examinam a contribuição da escola para a produção e reprodução das desigualdades e os efeitos da circulação internacional de teorias, modos de análise e retóricas de validação sobre a produção e difusão de dispositivos de governo na área educacional. Coordena o Grupo de pesquisa sobre Educação, Instituições, Desigualdades (Focus). É editora associada de Educação & Sociedade. É co-coordenadora da Comissão Gênero e Sexualidade da Unicamp e co-chair do Gender Working Group do Global Research Council.

  • Denis Baranger, Universidad Nacional de Misiones

    Sociólogo, professor emérito da UNAM (Argentina), com funções docentes e de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Especializado em metodologia e epistemologia, trabalha com a recepção da obra de Bourdieu na Argentina e na América Latina e o campo argentino das ciências sociais. É autor de Epistemologia e metodologia na obra de Bourdieu (Buenos Aires, Prometeo, 2004) e de outros livros, além de numerosos artigos e capítulos publicados na Argentina e no exterior. Em 2016 recebeu o Prêmio Konex, Diploma al mérito en Sociología.

  • Juan Ignacio Piovani, Conicet-Universidad Nacional de La Plata

    Professor titular da Facultad de Humanidades de la Universidad Nacional de La Plata (Argentina) e pesquisador principal do Conicet e Mecila. Dedica-se a temas relacionados com a história dos métodos e técnicas de pesquisa, com o campo das ciências sociais na Argentina, com o mercado de trabalho e as desigualdades sociais. É autor de vários livros e numerosos artigos publicados em revistas europeias e latino-americanas.

Referências

Baranger, Denis & Beigel, Fernanda. (2021), “La publication en Ibéro-Amérique en tant que mode d’internationalisation des chercheurs en sciences humaines et sociales du Conicet (Argentine)”. Revue d’Anthropologie des Connaissances [En ligne], 15 (3).

Baranger, Denis & Niño, Fernanda. (e/p), “El espacio de las disciplinas sociales en el Conicet”. In: Piovani, Juan Ignacio et al. (orgs.). Las ciencias sociales en la Argentina contemporánea. Santa Fé, Ediciones UNL – Clacso.

Beigel, Fernanda. (2014), “Introduction: Current tensions and trends in the World Scientific System”. Current Sociology, 62 (5): 617-625.

Beigel, Fernanda. (2017), “Científicos periféricos, entre Ariel y Calibán. Saberes institucionales y circuitos de consagración en Argentina: Las publicaciones de los investigadores del Conicet”. Dados: Revista de Ciências Sociais 60 (3): 825-865.

Borges, Rovênia Amorim & Garcia-Filice, Renísia Cristina. (2016), “A língua inglesa no Programa Ciência sem Fronteiras: paradoxos na política de internacionalização”. Interfaces Brasil/Canadá. 16 (1) : 72-101.

Bourdieu, Pierre. (2001), Science de la science et réflexivité. París, Seuil.

Butler, Yuko Goto & Le, Vi-Nhuan. (2018), “A longitudinal investigation of parental social-economic status (ses) and young students’ learning of English as a foreign language”. System 73: 4-15, abril.

Collyer, Fran. (2018), “Global patterns in the publishing of academic knowledge: Global North, global South”. Current Sociology, 66 (1): 56-73.

Danell, Rickard. (2013), “Geographical diversity and changing communication regimes. A study of publication activity and international citation patterns”. In: Danell, Rickard et al. (orgs.). Social science in context: Historical, sociological, and global perspectives. Lund, Nordic Academic Press.

Finardi, Kyria Rebeca & França, Claudio. (2016), “O inglês na internacionalização da produção científica brasileira: evidências da subárea de Linguagem e Linguística”. Intersecções, 9 (2): 234-250.

Fiorin, José Luiz. (2007), “Internacionalização da produção científica: a publicação de trabalhos de Ciências Humanas e Sociais em periódicos internacionais”. Revista Brasileira de Pós-Graduação, 4 (8): 263-281.

Gantman, Ernesto. (2011), “La productividad científica argentina en ciencias sociales: economía, psicología, sociología y ciencia política en el Conicet (2004-2008)”. Revista Española de Documentación Científica, 34 (3): 408-425.

Gantman, Ernesto. (2012), “Economic, linguistic, and political factors in the scientific productivity of countries.” Scientometrics, 93 (3), 967-985.

Gantman, Ernesto & Fernández Rodríguez, Carlos J. (2016), “Literature segmentation in management and organization studies: The case of Spanish-speaking countries (2000-10)”. Research Evaluation, 25 (4), 461-471.

Geertz, Clifford. (1994), Conocimiento local. Ensayos sobre la interpretación de las culturas. Barcelona, Paidós.

Gibert Galassi, Jorge. (2013), Autonomía y dependencia en las ciencias sociales latinoamericanas: un estudio de bibliometría, epistemología y política. Buenos Aires, Clacso.

Gingras, Yves & Mosbah-Natanson, Sébastien. (2010), “Where are social sciences produced?”. In: World social science report. Knowledge divides. Paris, Unesco.

Hanafi, Sari. (2011), “University systems in the Arab East: Publish globally and perish locally vs publish locally and perish globally”. Current Sociology, 59 (3), 291-309.

Heilbron, Johan. (2014), “The social sciences as an emerging global field”. Current Sociology, 62 (5): 685-703.

Heilbron, Johan & Bokobza, Anaïs. (2015), “Transgresser les frontières en sciences humaines et sociales en France”. Arss, 215: 108-121.

Kaplan, Carina & Piovani, Juan Ignacio. (2018), “Capitales y trayectorias socioeducativas”. In: Piovani, Juan Ignacio & Salvia, Agustín (orgs.). La Argentina en el siglo xxi. Cómo somos, vivimos y convivimos en una sociedad desigual. Buenos Aires, Siglo Veintiuno.

Madeira, Rafael Machado & Marenco, André. (2016), “Os desafios da internacionalização: mapeando dinâmicas e rotas da circulação internacional”. Revista Brasileira de Ciência Política, 19: 47-74.

Mosbah-Natanson, Sébastien & Gingras, Yves. (2014), “The globalization of social sciences? Evidence from a quantitative analysis of 30 years of production, collaboration and citations in the social sciences (1980-2009)”. Current Sociology 62 (5): 626-646.

Ortiz, Renato. (2009), La supremacía del inglés en las ciencias sociales. Buenos Aires, Siglo Veintiuno.

Phillipson, Robert. (1992), Linguistic imperialism. Oxford, Oxford University Press.

Phillipson, Robert. (2013), “Linguistic imperialism”. In: Chapelle, Carol A. (org.). The Encyclopedia of Applied Linguistics. Chichester, Wiley.

Piovani, Juan Ignacio. (2019), “Styles of academic production in the Argentine social sciences: heterogeneity and heterodoxy”. Serendipities. Journal for the Sociology and the History of the Social Sciences, 4 (1-2): 27-48.

Sayer, Peter. (2018), “Does English really open doors? Social class and English teaching in public primary schools in Mexico”. System, 73: 58-70.

Shin, Hye Won & So, Youngsoon. (2018), “The moderating role of socioeconomic status on motivation of adolescents’ foreign language learning strategy use”. System, 73: 71-79.

Smala, Simone et al. (2013), “Languages, cultural capital and school choice: distinction and second-language immersion programmes”. British Journal of Sociology of Education, 34 (3): 373-391.

Tsiplakides, Iakovos. (2018), “Shadow education and social class inequalities in secondary education in Greece: the case of teaching English as a foreign language”. International Journal of Sociology of Education, 7 (1): 71-93.

Vessuri, Hebe et al. (2014), “Excellence or quality? Impact of the current competition regime on science and scientific publishing in Latin America and its implications for development”. Current Sociology, 62 (5): 647-665.

Publicado

2022-12-28

Edição

Seção

Dossiê - Monoliguismo ou multilinguismo na produção de conhecimento?

Como Citar

Origem social, competências linguísticas e padrões de publicação científica na Argentina, Brasil e Chile. (2022). Tempo Social, 34(3), 49-99. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.193439