Inovação, rigor e ascese: entre a vida e a obra de Vinicius Caldeira Brant

Autores

  • Francisco de Oliveira Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Sociologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702001000100001

Palavras-chave:

desenvolvimento, agricultura, trabalho, prisão, sindicalismo, Vinicius Caldeira Brant

Resumo

Vinicius Caldeira Brant não deixou uma obra extensa, mas sua produção pode ser considerada exemplar na literatura sociológica brasileira. Seu artigo clássico sobre o desenvolvimento capitalista na agricultura, estudando o caso concreto da região de Assis, em São Paulo, certamente mudou a direção dos estudos e pesquisas sobre a agricultura no Brasil, indicando que era o novo desenvolvimento capitalista que estava gerando os novos problemas e não apenas o velho latifúndio. Dedicando-se, posteriormente, ao estudo do sistema carcerário paulista – que, por extensão, pode ser paradigmático do caso brasileiro- confirmou o que hoje é sabido, isto é, a desmitificação dos mitos sobre o prisioneiro típico, branco, paulista e alfabetizado, ao contrário dos estereótipos, ao mesmo tempo que demonstrou a vil exploração de quem já é cerceado de sua liberdade, por algumas empresas. A economia interna dos presídios é formada por um misto de superexploração, tráfico de drogas, formação de perversos códigos de sociabilidade, sob as vistas complacentes
do Estado. Seu trabalho sobre Paulínia, petróleo e política, foi outra vez ao coração da matéria, mostrando a intrincada relação entre o caráter estatal da empresa e o sindicalismo petroleiro, co-fundador do novo movimento sindical brasileiro. Por último, mas não desimportante, utilizou metodologias inovadoras nesses estudos, nas quais o “objeto” deixa de ser passivo, para constituirse em co-autor das escolhas e perspectivas metodológicas.

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Publicado

2001-05-01

Edição

Seção

In Memorian

Como Citar

Oliveira, F. de. (2001). Inovação, rigor e ascese: entre a vida e a obra de Vinicius Caldeira Brant . Tempo Social, 13(1), 1-8. https://doi.org/10.1590/S0103-20702001000100001