Facções prisionais em dois territórios fronteriços

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.191220

Palavras-chave:

Mercados ilícitos, Dinâmicas criminais, Fronteira, Prisão, Violência

Resumo

O texto analisa de um ponto de vista comparativo as dinâmicas criminais que ocorrem em fronteiras caracterizadas pela presença de grupos brasileiros de base prisional na  operacionalização do comércio transnacional de cocaína. Trata-se dos resultados de investimentos de pesquisa qualitativa desenvolvidos entre 2013 e 2018, na região da fronteira entre Brasil e Paraguai e da fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. As áreas estudadas são espaços alcançados por mercados ilegais e dinâmicas criminais transfronteiriças que têm sofrido importantes transformações, sobretudo em decorrência do protagonismo assumido por grupos brasileiros que aprenderam maneiras de atuar para a movimentação de mercados ilegais transnacionais, preservando estratégias que marcam sua história de base prisional e atuação em periferias urbanas.

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Biografia do Autor

  • Camila Nunes Dias, Universidade Federal do ABC

    Doutora em Sociologia pela USP, professora associada da UFABC, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Segurança, Violência e Justiça (Seviju), pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos da Violência da usp (NEV-USP) e pesquisadora do CNPq.

  • Luiz Fábio S. Paiva, Universidade Federal do Ceará

    Doutor em Sociologia pela UFC, professor associado da UFC, docente permanente do Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFC, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV-UFC) e pesquisador do CNPq.

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Publicado

2022-08-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Facções prisionais em dois territórios fronteriços. (2022). Tempo Social, 34(2), 217-238. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.191220