Jovens ciganos no ensino médio em Portugal: fatores-chave para a continuidade e o sucesso escolar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.196230

Palavras-chave:

Ciganos portugueses, Ensino secundário e médio, Trajetórias escolares de continuidade, Escola pública

Resumo

Apesar de em Portugal existirem políticas públicas de combate às desigualdades, incluindo as escolares, a origem socioeconômica, o gênero e a pertença étnica dos estudantes  continuam a ter um impacto incontornável nos percursos escolares. Os ciganos são dos mais afetados por essas desigualdades, reveladas pelas ainda salientes taxas de abandono escolar precoce e por retenções e insucesso escolar. Tendo por base os resultados derivados de entrevistas semidiretivas, o objetivo do artigo consiste em compreender os fatores-chave determinantes nas trajetórias de continuidade escolar dos ciganos no ensino médio. Os resultados revelam jovens tendencialmente mais escolarizados que as gerações anteriores, evidenciando-se a importância do contexto familiar, mas também a agencialidade e a resiliência.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maria Manuela Mendes, Universidade de Lisboa

    Socióloga, doutora em Ciências Sociais pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) e professora associada no Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-UL). É investigadora integrada no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa (CIES-ISCTE).

  • Olga Magano, Universidade Aberta

    Doutora em Sociologia pela Universidade Aberta. É investigadora integrada do Centro de Investigação e Estudos em Sociologia (CIES-ISCTE) e professora auxiliar da Universidade Aberta, Departamento de Ciências Sociais e de Gestão.

  • Sara Pinheiro, Universidade do Porto

    Doutora em Ciências da Educação, pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. Foi investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE); atualmente é investigadora no CIIE, Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).

  • Susana Mourão, Universidade Autónoma de Lisboa

    Doutora em Psicologia. Foi pesquisadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE) e no Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (ISAMB);  atualmente é investigadora no Centro de Investigação em Psicologia (CIP-UAL), Universidade Autónoma de Lisboa.

Referências

Abajo, J. E. & Carrasco, S. (2004), Experiencias y trayectorias de éxito escolar de gitanas y gitanos en España. Encrucijadas sobre educación, género y cambio cultural. Madrid, Cide, Instituto de la Mujer.

Abrantes, P.; Seabra, T.; Caeiro, T.; Almeida S. & Costa, R. (2016), “‘A escola dos ciganos’: contributos para a compreensão do insucesso e da segregação escolar a partir de um estudo de caso”. Configurações, 18 (1): 47-66.

Bardin, L. (2011), Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70.

Bhabba, H. K. (2007), O local da cultura. Belo Horizonte, Editora UFMG.

Bereményi, B. Á. & Carrasco, S. (2017), “Bittersweet success. The Impact of academic achievement among the Spanish Roma after a decade of Roma inclusion”. In: Pink, W. T. & Noblit, G. W. (eds.). Second international handbook of urban education. Nova York, Springer, pp. 1169-1198.

Bourdieu, P. (2007), “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura”. In: Nogueira, M. A. & Catania, A. (orgs.). Escritos de educação. Rio de Janeiro, Editora Vozes, pp. 39-64.

Bourdieu, P. (1999), “As contradições da herança”. In: Nogueira, M. A. & Catania, A. (orgs.). Escritos de educação. Rio de Janeiro, Editora Vozes, pp. 231-267.

Bourdieu, P. & Passeron, J. C. (1970), La Reproduction. Éléments pour une theorie du systeme d’enseignement. Paris, Minuit.

Brüggemann, C. (2014), “Romani culture and academic success: arguments against the belief in a contradiction”. Intercultural Education, 25 (6): 439-452.

Canclini, N. G. (1997), Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo, Edusp.

Carmona, T. P., González-Monteagudo, J. & Soria-Vilchez, A. (2017), “Gitanos en la Universidad: Un estudio de caso de trayectorias de éxito en la Universidad de Sevilla”. Revista de Educación, 377: 184-207.

Clarke, V.; Braun, V.; Terry, G. & Hayfield, N. (2019), “Thematic analysis”. In: Liamputtong, P. (ed.). Handbook of research methods in health and social sciences. Singapore, Springer, pp. 843-860.

Comissão Europeia [ce] (2011). Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das regiões: um quadro europeu para as estratégias nacionais de integração dos ciganos até 2020. Bruxelas. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/txt/?uri=celex:52011dc0173.

Direção Geral de Estatísticas de Educação e Ciência [dgeec]. (2020), Perfil escolar das comunidades ciganas 2018/2019. Lisboa.

Emirbayer, M. & Mische, A. (1998), “What is agency?”. American Journal of Sociology, 103 (4): 962-1023.

Ferrari, F. (2012), O mundo passa. Uma etnografia dos calon e suas relações com os brasileiros. São Paulo, tese de doutorado em Antropologia Social, fflch-usp.

Fotta, M. (2019), “‘Only the dead don’t make the future’: Calon lives between non-Gypsies and death”. Journal of the Royal Anthropological Institute, 25 (3): 587-605.

Fra (2018), Fundamental rights report. Luxemburgo, Publications Office of the European Union. https://fra.europa.eu/en/publication/2018/fundamental-rights-report-2018.

Fra (2022), Roma in 10 European countries: Main results, https://fra.europa.eu/en/publication/2022/roma-survey-findings#publication-tab-1.

Gamella, J. (2011), Historias de éxito. Modelos para reducir el abandono escolar de la adolescencia gitana. Madri, Ifiie y Ministerio de Educación.

Giddens, A. (2004), Dualidade da estrutura: Agência e estrutura. Oeiras, Celta Editora.

García-Carrión, R.; Molina-Luque, F. & Roldán, S. M. (2018), “How do vulnerable youth complete secondary education? The key role of families and the community”. Journal of Youth Studies, 21 (5): 701-716.

Gofka, P. (2016), Greek Roma in higher education: A qualitative investigation of educational success. Londres, Phd thesis, King’s College.

Lahire, B. (1997), Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo, Ática.

Machado, F. L. & Costa, A. F. (1998), “Processos de uma modernidade inacabada. Mudanças estruturais e mobilidade social”. In: Viegas J. M. L. & Costa, A. F. (eds.), Portugal: que modernidade? Oeiras, Celta Editora, pp. 17-44.

Madaria, B. de & Vila, L. E. (2020), “Segregaciones escolares y desigualdad de oportunidades educativas del alumnado extranjero en València”. Reice, 18 (4): 269-299.

Magano, O. (2010), Tracejar vidas normais. Estudo qualitativo sobre a integração social de indivíduos de origem cigana na sociedade portuguesa. Lisboa, tese de doutoramento em Sociologia, Universidade Aberta.

Magano, O. & Mendes, M. M. (2014), “Ciganos e políticas sociais em Portugal”. Sociologia, n. temático: Ciganos na Península Ibérica, 15-35, Universidade do Porto.

Magano, O., & Mendes, M. M. (2016), “Constrangimentos e oportunidades para a continuidade e sucesso das pessoas ciganas”. Configurações, 18: 8-26.

Marcu, S. (2019), “Mobility as a learning tool: educational experiences among Eastern European Roma undergraduates in the European Union”. Race Ethnicity and Education, 23 (6): 858-874.

Maroy, C. (1997), “A análise qualitativa de entrevistas”. In: Albarello, L. et al., Práticas e métodos de investigação em ciências sociais. Lisboa, Gradiva, pp. 117-155.

Mendes, M. M. (2007), Representações face à discriminação: ciganos e imigrantes russos e ucranianos na área metropolitana de Lisboa. Lisboa, tese de doutoramento em Ciências Sociais, Universidade de Lisboa.

Mendes, M. M.; Magano, O. & Candeias, P. (2014), Estudo nacional sobre as comunidades ciganas. Estudos Obcig, 1. Lisboa, Alto Comissariado para as Migrações (ACM, IP).

Mendes, M. M.; Magano, O. & Costa, A. R. (2020), “Ciganos portugueses. Escola e mudança social”. Sociologia, Problemas e Práticas, 93: 109-126.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE] (2019). Estudos Económicos da ocde Portugal.

Parra, I.; Álvarez-Roldan, A. & Gamella, J. F. (2017), “Un conflicto silenciado: procesos de segregación, retraso curricular y abandono escolar de los adolescentes gitanos”. Revista de Paz y Conflitos, 10 (1): 35-60.

Pasca, E. M. (2014), “Integration of the Roma population in and through Education, European educational experiences”. Procedia: Social and Behavioral Sciences, 142: 512-517. Pordata, Estatísticas sobre Portugal e Europa, https://www.pordata.pt/.

Santos, S. A. (2013), O rendimento social de inserção e os beneficiários ciganos: o caso do concelho de Faro. Faro, dissertação de mestrado, Universidade do Algarve.

Seabra, T. & Mateus, S. (2003), “Os descendentes de imigrantes na escola portuguesa: contingente, localização e resultados”. Revista de Estudios e Investigación en Psicología y Educación. 10 (8): 820-833.

Seabra, T. (coord.); Roldão, C.; Mateus, S. & Albuquerque, A. (2016), Caminhos escolares de jovens africanos (Palop) que acedem ao ensino superior. Lisboa, acm.

Velho, G. (1999), “Projecto, emoção e orientação em sociedades complexas”. In: Velho, G. (ed.). Individualismo e cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro, Zahar Editor, pp. 15-37.

Downloads

Publicado

2022-12-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Jovens ciganos no ensino médio em Portugal: fatores-chave para a continuidade e o sucesso escolar. (2022). Tempo Social, 34(3), 403-426. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.196230