O encarceramento em massa em São Paulo

Autores

  • Jacqueline Sinhoretto Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Sociologia
  • Giane Silvestre Universidade Federal de São Carlos. Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos
  • Felipe Athayde Lins de Melo Universidade Federal de São Carlos. Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100005

Palavras-chave:

Prisões, São Paulo, Punição, Educação nas prisões, Controle social

Resumo

A população prisional de São Paulo cresce acentuadamente. Mais de 30% dos presos do país se distribui pelas 154 unidades prisionais paulistas. A política de descentralização das prisões e encarceramento em massa focaliza acusados por crimes patrimoniais e de drogas, jovens, homens e oriundos das periferias urbanas. O artigo aborda desdobramentos do encarceramento em massa, resultantes das normas e moralidades que regem a vida nas prisões, sobretudo as formas de compartilhamento entre a administração e os internos e seus familiares na gestão do cotidiano na prisão. Tal compartilhamento ultrapassa os limites físicos das prisões, produzindo efeitos sobre os mecanismos do encarceramento e o seu crescimento. Observou-se a negociação entre instâncias da administração penitenciária, os grupos organizados de presos e seus familiares para manter a ordem interna e para a execução das tarefas do tratamento penitenciário. A intensificação do controle social repressivo centralizado é tensionada pela oposição complementar de um controle social difuso, fundamentado nos dispositivos de segurança compartilhados entre os agentes que participam da gestão da vida na prisão.

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Publicado

2013-06-01

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Punição e das Prisões

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