A imagem dos judeus no início da Reforma Protestante

Autores

  • João Henrique dos Santos Universidade Gama Filho

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-5894.ip157-167

Resumo

Como citado por Pierre Chaunu [1], “Jean Delumeau, Lucien Febvre e W. L. Langer se encontram sobre este ponto: a explicação da Reforma, se ela existe, é uma explicação religiosa”. Com isto, quer se dizer que as explicações político-econômicas podem ser consideradas como secundárias para que se compreenda a Reforma Protestante pelo viés da História Cultural. A pregação inicial da Reforma era a volta do Cristianismo às suas raízes judaicas, valorizando-as ao invés de sua herança helênica, vista como pagã e facilitadora da decadência e corrupção morais. Neste sentido, os judeus eram vistos como portadores da veritas hebraica, a “verdade judaica” [2].

            O objetivo maior dos Reformadores era a conversão dos judeus à fé cristã, reformada e purificada de seus vícios e pecados helenísticos, apresentada de forma cortês e persuasiva, da qual se enfatizariam sempre seus componentes judaicos – então absolutamente negligenciados ou mesmo negados dentro da Igreja Romana. Havia uma certeza quase que absoluta de que os judeus se converteriam, prenunciando o Milênio, a nova vinda do Cristo – a Parusia – e a inauguração da Jerusalém terrestre, espelho da Jerusalém celestial, descrita no Livro do Apocalipse [3]. Parecia-lhes certo que os judeus ainda não se haviam convertido à fé cristã porque esta lhes era apresentada de forma corrompida, na qual não se sobressaíam os laços com o judaísmo.


[1] CHAUNU, P.. L’Aventure de la Réforme. Paris: Ed. Complexe, 1991, p. 46.

[2] Cf. especialmente o capítulo 5 de MÉCHOULAN, H., Dinheiro & Liberdade...

[3] Para uma visão mais aprofundada do milenarismo nos séculos XVI e XVII, ver COHN, Norman, The pursuit of the Millennium. Oxford: Oxford USA Trade, 1990.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

BRUN, J.. La véritable réligion des Hollandais. Amsterdã, 1675.

BURNETT, Stephen G. Reassessing the “Basel-Wittenberg Conflict”: Dimensions of the Reformation-Era Discussion of Hebrew Scholarship, p. 181, in Hebraica Veritas,

COUDERT, Allison P. e SHOULSON, Jeffrey S. (ed.) Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2004, pp. 181-201.

CHAUNU, P.. L’Aventure de la Réforme. Paris: Ed. Complexe, 1991.

COHN, Norman, The pursuit of the Millennium. Oxford: Oxford USA Trade, 1990.

KAPLAN, Y.. Judíos nuevos en Amsterdam – estúdio sobre la historia social e intlectual del judaísmo sefardí en el siglo XVII. Barcelona: Gedisa Editorial, 1996, p.12.

MECHOULAN, Henry. Amsterdam XVIIe siècle – Marchands et philosophes: les bénéfices de la tolérance. Paris: Ed. Autrement, 1993.

PEREYRA, A. I.. Espejo de la Vanidad Del Mundo. Amsterdã, 1671.

PO-CHIA HSIA, R. e H. F. K. van Nierop (eds.). Calvinism and Religious Toleration in the Dutch Golden Age. Cambridge: Cambridge University Press, 2002, pp. 72-86.

VAN GELDEREN, M.. The political thought of the Dutch Revolt, 1555-1590. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, pp. 250, 257-8.

Downloads

Publicado

2010-12-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A imagem dos judeus no início da Reforma Protestante. (2010). Vértices, 9, 157-167. https://doi.org/10.11606/issn.2179-5894.ip157-167