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Sertão peculiar de Ariano Suassuna estabelece aliança entre Literatura e Geografia

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP, São Paulo, Brasil

Ariano Suassuna, o escritor e dramaturgo nascido na Paraíba, criador de obras-primas como Auto da Compadecida, também é autor do Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, obra escolhida porAriel Roemer  para apresentar sua pesquisa no artigo da Revista Geografia, Literatura e Arte com a proposta de discutir a compreensão do conceito de sertão no livro de Suassuna, com um viés inovador, aproximando a literatura da geografia, na “busca pelas formas das quais o sertão é falado, imaginado, construído e idealizado”.

Essa aproximação das duas áreas, aparentemente diferentes em seus objetivos, são “formas de criação e difusão de diversas das imagens consolidadas e discutidas na cultura […] para se pensar a formação social e territorial brasileira”.

Em Ariano Suassuna o conceito de espaço e sertão, discutidos e mencionados em suas obras, é a semente da criação de um projeto estético e político pensado por outros artistas e intelectuais, que abrange sertão, cultura nacional e cultura popular: o chamado Movimento Armorial, cujo fundador foi Ariano Suassuna.

Ariel Roemer nos traz o foco do grande escritor paraibano, que é o conceito de sertão como cultura popular, pois, segundo o Movimento Armorial, é a própria cultura popular que “proporcionaria os fundamentos de uma cultura erudita tipicamente brasileira (o que também não pode deixar de ser colocado em debate)”

Ao se pensar em renovação da cultura nacional, Ariel nos remete à realidade brasileira do sertão e suas tradições, lembrando a importância das concepções “constituídas sobre o lugar do qual estamos falando”, as quais afetam a maneira com que olhamos para esse espaço geográfico.

Um espaço, afirma o autor, estabelece-se por meio de relações que ultrapassam conceitos conhecidos sobre o sertão, que não é um só, mas vários. “Em vista disso, qual seria a relevância deste sertão apresentado e representado por Suassuna na formação brasileira, seja territorial ou cultural?”. Suassuna, em Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, mostra um sertão simbólico e geográfico, o que o difere de outros autores.

O estudo se vale daliteratura para entender o espaço geográfico além dos conceitos tradicionais, tomando o romance aqui analisado “como base para se perceber uma realidade tanto material quanto simbólica”. Esse olhar inovador de Suassuna se origina de suas ideias peculiares sobre cultura e identidade brasileira.

Nesse contexto, observa-se que o objetivo do Movimento Armorial é “o de encontrar uma arte e literatura erudita nacional a partir das raízes populares nordestinas”, com a presença da literatura de cordel sempre ilustrada por xilogravuras, música de viola e pífano, e é por meio dessa concepção “que devem ser pensados os aspectos geográficos da produção de Suassuna […] mas é necessário compreender que ela não é a realidade sem  filtro.

A realidade do sertão dependerá do contexto do momento histórico, com uma característica marcante: “a presença de agentes de transformação na sua forma de ocupação e exploração pretérita ou originária”.

Ariano Suassuna viveu no sertão e revelou-nos o mesmo sob um prisma singular: “Suassuna nos  mostra que as chapadas mais secas, os mandacarus mais espinhosos, as onças mais selvagens e as pessoas mais “simples” são grandiosas, carregam história, sentidos e conformam  seus territórios”, finaliza o autor, na intenção de dirigir o olhar dos leitores para um sertão desconhecido, na procura de compreender “a terra, o homem e a luta nas suas imbricações, encontros e conflitos.”

Artigo

ROEMER, A. O lugar do sertão em Ariano Suassuna: uma leitura geográfica sobre a representação de sertão na obra Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. Revista Geografia, Literatura e Arte, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 77-90, 2020. ISSN: 2594-9632. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2594-9632.geoliterart.2019.167374. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/geoliterart/article/view/167374. Acesso em: 20 out. 2020.

Contato

Ariel Roemer– Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. e-mail: ariel.roemer@usp.br

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