O Museu Nacional do Rio de Janeiro entre a escravidão e a liberdade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1982-02672022v30d1e31

Palavras-chave:

Museu Nacional, Coleções etnográficas, Escravidão, Abolicionismo

Resumo

O Museu Nacional pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro e sofreu um trágico incêndio poucos meses depois de comemorar seu bicentenário em 2018. Trata-se da
instituição de ciência mais antiga do Brasil. Seu acervo é revelador de muitas histórias. Este artigo analisa a trajetória da Coleção Quintino Pacheco e da jangada Libertadora, ambas
reunidas na última década da escravidão e diretamente ligadas à luta pela liberdade. A vida social dessas coisas é reveladora das ações humanas que lhe deram significações e é de nosso interesse entender como diferentes atores colocaram o valor desses objetos em disputa.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Michele de Barcelos Agostinho, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutora em história social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com estágio doutoral na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS/Paris) pelo Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE/CAPES). Técnica em Assuntos Educacionais do Setor de Etnologia/Departamento de
    antropologia do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: michelebarcelos@mn.ufrj.br.

Referências

FONTES MANUSCRITAS

MUSEU NACIONAL (Brasil), Rio de Janeiro, Seção de Memória e Arquivo, pasta 20, doc. 139,

Carta de João Antonio Brazil ao imperador, a rogo de Quintino Pacheco, Rio de Janeiro,

ago. 1881.

MUSEU NACIONAL (Brasil), Rio de Janeiro, Seção de Memória e Arquivo, Ofício do diretor do

Museu Nacional ao chefe da polícia da Corte, 23 ago. 1880, In: Livro de Ofícios, Rio de Janeiro:

[s.n], 1880. p. 154.

FONTES IMPRESSAS

A JANGADA no museu. Diário do Brazil, n. 105, p. 1, 1884. Hemeroteca Digital da Biblioteca

Nacional.

ARARIPE, Tristão de Alencar. 25 de março: o Ceará no Rio de Janeiro. Fortaleza: Tipografia do

Libertador, 1884.

CADERNOS DO CENTRO DE HISTÓRIA E DOCUMENTAÇÃO DIPLOMÁTICA (CHDD),

Brasília, DF, ano 3, n. 5. 2004.

GAZETA DE NOTÍCIAS, n. 100, p. 2, 1884. Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

GAZETA DE NOTÍCIAS, n. 102, p. 3, 1884. Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

GAZETA DE NOTÍCIAS, n. 106, p. 1, 1884. Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

MORAES FILHO, Mello (org.). Revista da Exposição Antropológica Brasileira. Rio de Janeiro:

Tipografia de Pinheiro, 1882.

NETTO, Ladislau. Investigações históricas e científicas sobre o Museu Imperial e Nacional do

Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Filomático, 1870.

O ABOLICIONISTA, n. 8, p. 7-8, 1881. Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

SESSÃO de 8 de maio de 1884. In: Anais da Câmara dos Srs. Deputados do Império do Brasil.

Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1884. v. 1, p. 77. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados.

LIVROS, ARTIGOS E TESES

AGOSTINHO, Michele de Barcelos. O Museu Nacional, o Império e a conquista dos povos

indígenas: história, ciência e poder na Exposição Antropológica Brasileira de 1882. 2020.

f. Tese (Doutorado em História Social) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São

Gonçalo, 2020.

ALBERNAZ, Elizabeth. Diferentes vozes, diferentes imagens: representações, requerimentos,

petições e súplicas a D. Pedro II. 2015. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade

Federal Fluminense, Niterói, 2015.

ALCANTARA, Renato de. A tradição da narrativa do Jongo. 2008. 105 f. Dissertação (Mestrado

em Ciência da Literatura) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

ALONSO, Angela. Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro (1868-88). São

Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ALVES, Luiz Gustavo Guimarães Aguiar. ‘Liberte nosso sagrado’: as disputas de uma reparação

histórica. 2021. 210 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense,

Niterói, 2021.

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do

nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural.

Niterói: EdUFF, 2008.

BENNETT, Tony. The Birth of the Museum: History, Theory and Politics. New York:

Routledge, 1995.

CABRAL, Carolina. Da Polícia ao Museu: a formação da coleção africana do Museu Nacional

na última década da escravidão. 2017. 205 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017.

CASTRO FARIA, Luiz de. As exposições de antropologia e arqueologia do Museu Nacional. Rio

de Janeiro: Imprensa Nacional, 1949.

CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1988.

ELTIS, David. A Diáspora dos falantes de iorubá, 1650-1865: dimensões e implicações. Topoi,

Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 271-299, jul./dez. 2006.

EWBANK, Cecília de Oliveira; LIMA FILHO, Manuel Ferreira. Por detrás de uma coleção do

Museu Nacional do Rio de Janeiro: vozes, silêncios e desafios. MIDAS, [S. l.], v. 8, p. 1-17, 2017.

FERREIRA, Frederico Antonio. O Imperador e o príncipe: a participação do governo imperial

brasileiro na crise dinástica do reino do Congo (1857-1860). 2015. 259 f. Dissertação (Mestrado

em História) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2015a.

FERREIRA, Lusirene Celestino França. Nas asas da imprensa: a repercussão da abolição da

escravatura na província do Ceará nos periódicos do Rio de Janeiro (1884-1885). 2010.

Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de São João del Rei, São João

Del Rei, 2010.

FERREIRA, Roquinaldo. The Conquest of Ambriz: Colonial Expansion and Imperial

Competition in Central Africa. Mulemba, Revista Angolana de Ciências Sociais, Luanda, v. 5,

n. 9, p. 1-16, 2015b.

FINDLEN, Paula. Possessing Nature: Museums, Collecting and Scientific Culture in Early Modern Italy. Berkeley: University of California Press, 1994.

GROGNET, Fabrice. Le Concept de musee: la patrimonialisation de la culture des autres: d’une

rive a l’autre, du Trocadero a Branly: histoire de metamorfoses. 2009. Thèse (Doctorat en

anthropologie sociale et ethnologie) – École des hautes études en sciences sociales, Paris, 2009.

HANDLER, Richard. An anthropological definition of the Museum. Museum Anthropology,

[S. l.], v. 17, n. 1, p. 33-36, feb. 1993.

JONES, Ana Laura. Exploding the canons: The Anthropology of Museums. Annual Review of

Anthropology, [S. l.], v. 22, p. 201-220, oct. 1993.

LIMA, Rachel Corrêa. Coleção Mocquerys de armas africanas do Museu Nacional: a biografia

como estratégia de preservação. 2019. Dissertação (Mestrado) – Museu de Astronomia e

Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2019.

MAMIGONIAN, Beatriz. Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo:

Companhia das Letras, 2017.

MATTOS, Hebe. Escravidão e cidadania no Brasil monárquico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

MELO, Jorge Henrique Teotonio de Lima. Kàjré: a vida social de uma machadinha krahô. 2010.

Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, 2010.

MIRZOEFF, Nicholas. O direito a olhar. ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v. 18,

n. 4, p. 745-768, 17 nov. 2016.

MORENO ROCHA, Saulo. Esboços de uma biografia de musealização: o caso da Jangada

Libertadora. 2018. Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Museu de Astronomia e Ciências Afins, Rio de Janeiro, 2018.

O’HANLON, Michael. Introduction. In: O’HANLON, Michael; WELSCH, Robert (Ed.). Hunting

the gatherers: ethnographic collectors, agents and agency in Melanesia, 1870-1930s. New York: Berghahn Books, 2002. p. 1-34.

OLIVEIRA, João Pacheco de. Prefácio. Perda e superação. In: SANTOS, Rita de Cássia Melo.

No coração do Brasil: a expedição de Edgard Roquette-Pinto à Serra do Norte (1912). Rio de

Janeiro: Museu Nacional, Setor de Etnologia e Etnografia, 2020. p. 7-23.

PEREIRA, Edmundo Marcelo Mendes. Dois reis neozelandeses: notas sobre objetificação

museal, remanescentes humanos e formação do Império (Brasil-Mares do Sul, século XIX). In:

OLIVEIRA, João Pacheco de; SANTOS, Rita de Cássia Melo (Org.). De acervos coloniais aos

museus indígenas: formas de protagonismo e de construção da ilusão museal. João Pessoa:

EdUFPB, 2019. p. 191-211.

POSSIDÔNIO, Eduardo. Entre Ngangas e Manipansos: a religiosidade centro-africana nas

freguesias urbanas do Rio de Janeiro de fins dos Oitocentos (1870-1900). 2015. Dissertação

(Mestrado em História) – Universidade Salgado de Oliveira, Niterói, 2015.

REIS, João José. Domingos Pereira Sodré, Un Prête Africain dans la Bahia du XIX e

siècle. In: HÉBRARD, Jean (Org.). Brésil, Quatre Siècles d’esclavage. Paris: Karthala, 2012. p. 165-214.

RIBEIRO JR., Ademir; SALUM, Marta Heloísa Leuba. Estudo estilístico e iconográfico das

esculturas edan do acervo do MAE-USP. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São

Paulo, v. 13, p. 227-258, 2003.

SALLES, Ricardo. Abolição no Brasil: resistência escrava, intelectuais e política (1870-1888).

Revista de Indias, Madrid, v. 71, n. 251, p. 259-284, abr. 2011.

SEYFERTH, Giralda. Colonização, imigração e a questão racial no Brasil. Revista USP, São

Paulo, n. 53, p. 117-149, maio 2002.

SILVA, Marinélia Souza da. Movimentos na História: notas sobre a historiografia da Costa dos

Escravos. Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana, São Paulo,

v. 3, n. 5, p. 94-113, jul. 2010.

SOARES, Mariza de Carvalho. A descolonização das coleções coloniais: relato de uma

experiência de curadoria com a coleção africana do Museu Nacional. In: OLIVEIRA, João

Pacheco de; SANTOS, Rita de Cássia Melo (Orgs.). De acervos coloniais aos museus indígenas:

formas de protagonismo e de construção da ilusão museal. João Pessoa: Editora da UFPB,

p. 365-395.

SOARES, Mariza de Carvalho. Entre irmãos: as ‘galanterias’ do rei Adandozan do Daomé ao

príncipe d. João de Portugal, 1810. In: COTTIAS, Myriam; MATTOS, Hebe (Orgs.). Escravidão

e subjetividades no Atlântico luso-brasileiro e francês (séculos XVII-XX). Marselha: OpenEdition, 2016. p. 1-36.

SOARES, Mariza de Carvalho. Trocando galanterias: a diplomacia do comércio de escravos,

Brasil-Daomé, 1810-1812. Afro-Ásia, Salvador, v. 49, p. 229-271, jun. 2014.

SOARES, Mariza de Carvalho; AGOSTINHO, Michele de Barcelos; LIMA, Rachel Corrêa.

Conhecendo a exposição Kumbukumbu do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Museu Nacional,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2016.

SOARES, Mariza de Carvalho; AGOSTINHO, Michele de Barcelos; LIMA, Rachel Corrêa. Getting

to Know the Kumbukumbu Exhibition at the National Museum. Nashville: Slave Societies

Digital Archive, 2021.

SOARES, Mariza de Carvalho; LIMA, Rachel Corrêa. A africana do Museu Nacional: história e

museologia. In: AGOSTINI, Camila (Org.). Objetos da escravidão: abordagens sobre a cultura

material da escravidão e seu legado. Rio de Janeiro: 7Letras, 2013. p. 337-359.

SOUZA E SILVA, Silvia Cristina M. De ‘dança de negros’ a patrimônio cultural: notas sobre a

trajetória histórica do jongo no Sudeste brasileiro. Diálogos, Maringá, v. 16, n. 2, p. 707-738,

maio/ago. 2012.

STOCKING JR., George. Objects and Others: Essays on Museums and Material Culture. Madison: The University of Wisconsin Press, 1985.

VELOSO JR., Crenivaldo Regis. Índice de objetos, índice de histórias: o catálogo geral das

coleções de antropologia e etnografia do Museu Nacional. Ventilando Acervos, Florianópolis,

v. especial, n. 1, p. 71-89, set. 2019.

VENANCIO, Giselle Martins. Em primeira pessoa. In: RIBEIRO, Gladys Sabino; SECRETO, Maria

Verônica; VENANCIO, Giselle Martins (Org.). Cartografias da cidade (in)visível: setores

populares, cultura escrita, educação e leitura no Rio de Janeiro imperial. Rio de Janeiro: Mauad

X; FAPERJ, 2017. p. 19-31.

XAVIER, Patrícia Pereira. O Dragão do Mar na ‘Terra da Luz’: a construção do herói jangadeiro

(1934-1958). 2010. Dissertação (Mestrado em História Social) – Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo, São Paulo, 2010.

Publicado

2022-12-14

Edição

Seção

Museus/Dossiê - 1822-2022: museus e memória da nação

Como Citar

AGOSTINHO, Michele de Barcelos. O Museu Nacional do Rio de Janeiro entre a escravidão e a liberdade. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 30, p. 1–23, 2022. DOI: 10.1590/1982-02672022v30d1e31. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/195841.. Acesso em: 18 abr. 2024.