Voz e (re)existência feminina negra nos contos "Aramides Florença" e "Mirtes Aparecida da Luz", de Conceição Evaristo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i29p181-197

Palavras-chave:

Literatura negro-feminina, Conceição Evaristo, Resistência, Protagonistas

Resumo

Este artigo visa analisar a construção de personagens femininas negras nos contos “Aramides Florença” e “Mirtes Aparecida da Luz”, enfatizando a resistência e representatividade da maternidade negra, em “Insubmissas lágrimas de mulheres” (2011), de Conceição Evaristo. Tais mulheres protagonizam histórias de luta pela concretização de condições dignas de vida e de liberdade, ressaltado nas narrativas em abordagens singulares. É latente, nos textos, o ecoar de vozes/vidas/escritas utilizadas como mecanismos de combate contra o racismo e o machismo vigentes na literatura brasileira. Nesse sentido, a literatura de Evaristo se opõe à cunhada nas tradições eurocêntricas e escravocratas ao eleger linhas discursivas diferentes da hegemônica, tendo em vista realçar as diversidades culturais e vivências de promoção e empoderamento negro, além de recriar contextos de enunciação, contrapondo-se ao insistente silenciamento negro, em especial da mulher negra. O aporte teórico utilizado foi o lugar de fala, a voz e a letra da mulher na literatura marginal periférica, na concepção de Dalcastagnè (2012) e Ribeiro (2017), a personagem, no estudo de Brait (2017), dentre outros. Nos textos de Conceição Evaristo, as vidas negras têm importância e são construídas de forma humanizada.

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Biografia do Autor

  • Deivanira Vasconcelos Soares, Universidade Estadual do Maranhão

    Mestra em Letras (área de concentração: Teoria literária) pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
    (2019), Campus São Luís; Pesquisadora no grupo de pesquisa GELITI (Grupo de Estudos Literários e
    Imagéticos). Professora da Educação Básica.

  • Eronilde dos Santos Cunha, Universidade Estadual do Maranhão

    Mestra pelo Curso de Mestrado em Letras (Área de Concentração: Teoria Literária) - Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais, Departamento de Letras, na Universidade Estadual do Maranhão. Professora da Rede Pública Estadual de Ensino, com licenciatura em Letras Português/Literatura (2000) e História (2012) pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e graduação em Teatro pela Universidade Federal do Maranhão (2013). Curso de Especialização em Perspectivas Críticas da Literatura Contemporânea - "Lato Sensu" (2005 - UEMA). Pesquisadora do GELITI (Grupo de Estudos Literários e Imagéticos - CNPQ). Atualmente é professora do CE Edinan Moraes. Concursada pela Secretaria de Estado da Educação. Milita no Movimento Negro de Imperatriz (Centro de Cultura Negra Negro Cosme de Imperatriz - CCNNC) e faz parte da Coordenação de Educação da Igualdade Racial de Imperatriz (CEIRI). Experiência na área de Recreação e Narração de Histórias.

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Publicado

2021-05-12

Como Citar

Soares, D. V., & Cunha, E. dos S. (2021). Voz e (re)existência feminina negra nos contos "Aramides Florença" e "Mirtes Aparecida da Luz", de Conceição Evaristo. Revista Criação & Crítica, 29, 181-197. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i29p181-197