Entre nomes partidos e corpos pro(s)téticos, as regras de um jogo duplo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v1i25p148-165Palavras-chave:
jogo duplo, suplemento, prótese, corpo, nome próprio, articulaçãoResumo
Em Double Game (1999/2007), Sophie Calle elabora um projeto colaborativo com Paul Auster a partir de um trecho de Leviathan(1992),do escritor norte-americano. No romance de Auster, a personagem Maria Turner, inspirada na vida e na obra dessa artista francesa, é apresentada. Ao analisar as “regras desse jogo”, Calle, por sua vez, insere o trecho sobre Maria em seu livro. Porém, realiza no texto operações de corte e enxerto, marcadas pela cor vermelha. Neste artigo, propomos pensar o excerto em questão como suplemento,avaliando como este transborda os limites da narrativa de Auster, e como articulam-se, nesse gesto ou jogo, linguagens e discursos diversos. Para isso, realizam-se recortes necessários, considerando, como parte do corpo ou corpustextual, trabalhos teórico-poéticos como Prosthesis (1995), de David Wills, e Gramatalogia (1973), de Jacques Derrida. Assim, sugerimos uma aproximação entre as ideias de “prótese” e “suplemento”, para propor formas de ver e de ler essas obras de arte a partir das duplicações e duplicidades que encenam. Trata-se, portanto, não apenas da noção de duplo, mas da ficção das “escrituras de si” desses artistas, e da tensão que se dá pela vinculação e divisão de nomes próprios em suas obras.
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