A mulher desconhecida ou o começo do fim da busca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i27p135-153

Palavras-chave:

José Saramago, Todos os nomes, Figuração, Sujeito

Resumo

De natureza limiar, o sujeito é itinerância. Neste ensaio, tal questão é examinada a partir da prática figurativa em Todos os nomes, de José Saramago. Isso porque verifica-se neste romance que a ideia de sujeito se estabelece em dupla dimensão centrada sempre no plano da personagem: ora pela relação de alteridade eu-outro, ora por uma posição alinhavada a partir do exercício das atitudes do Sr. José, protagonista da narrativa. O recorte desta leitura se concentra no seu envolvimento com a mulher desconhecida e no seu retorno à Conservatória Geral do Registo Civil a fim de verificar um reencontro simbólico com a figura das suas buscas. Trata-se, pois, de uma análise que considera a personagem enquanto símbolo acerca das movências do sujeito nos afluxos do contemporâneo. O que essas constatações assumem é a compreensão segundo a qual, nesse contexto, a ideia de sujeito é atravessada por uma revisão interessada em dirimir certa natureza problemática inerente ao seu próprio conceito, a retirada da sua posição de entidade submetida.

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Biografia do Autor

  • Pedro Fernandes de Oliveira Neto, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Doutorem Estudos da Linguagem na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Mestre em Letras pela mesma Universidade. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Publicado

2022-09-20

Como Citar

Oliveira Neto, P. F. de. (2022). A mulher desconhecida ou o começo do fim da busca. Revista Desassossego, 14(27), 135-153. https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i27p135-153