A qualidade e os determinantes do comércio intra-industrial do Brasil com países da OCDE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1980-53575216emc

Palavras-chave:

Comércio intra-industrial, Qualidade das exportações, Países da OCDE, Dados de painel

Resumo

Com o crescente comércio intra-industrial entre os países, a qualidade dos produtos exportados por um país se tornou algo crucial para desenvolver o comércio e proporcionar aumento nas divisas, pois produtos de maior qualidade costumam atrair mais compradores e são vendidos a preços mais altos, contribuindo para o crescimento econômico. Assim, a análise comparativa das exportações brasileiras é uma boa ferramenta de obtenção de evidências e caminhos para o desenvolvimento comercial do país. O presente artigo busca analisar os determinantes e mensurar a qualidade do comércio intra-industrial (CII) entre o Brasil e os países da OCDE, que corresponderam a cerca de 40% do destino das exportações brasileiras no ano de 2019. Tradicionalmente na mensuração do CII é utilizada a metodologia de Grubel e Lloyd (GL), sendo que para a decomposição entre CII horizontal (CIIH) e CII vertical (CIIV) normalmente é utilizado o método de Greenaway, Hine and Milner (GHM). Adicionalmente aos métodos mencionados, o presente estudo utiliza o método de Fontagné e Freudenberg (FF), pois ele possibilita a minimização de algumas limitações dos métodos anteriormente citados. Utilizando dados extraídos do Trade Map -(International Trade Centre – ITC) para os anos de 2001 a 2016, o qual capta choques importantes desde o início do período até o afastamento da presidente Dilma Roussef, esta pesquisa verificou que há diferenciação vertical entre os produtos exportados e importados pelo Brasil a cada um dos 35 países-membros da organização, além de investigar os determinantes do CIIV seguindo um modelo econométrico de dados em painel baseado em Falvey e Kierzkowski. A qualidade dos produtos exportados pelo Brasil mostrou-se, na média, inferior aos produtos importados pelo país durante o período em questão. Isso, conforme verificado nesse estudo, é explicado pela diferença entre a dotação de recursos dos países (Brasil e países da OCDE). Já sob uma ótica mais desagregada, o estudo mostrou que o Brasil se destaca em alguns setores frente a alguns países específicos. De acordo com os resultados obtidos, verifica-se que há necessidade de políticas comerciais e produtivas destinadas à melhoria da qualidade das exportações brasileiras, em diferentes setores, a fim de reduzir as diferenças entre as dotações de recursos para com os países de maior nível de renda, assim propiciando melhores condições de incremento da renda nacional por meio da exportação de produtos com melhor qualidade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Eduardo Fabiano Amorim Castellano, Universidade Federal do Paraná

    Pesquisador

  • Mauricio Vaz Lobo Bittencourt, Universidade Federal do Paraná

    Professor

  • Camila Cristina Alves Oliveira, Universidade Federal do Paraná

    Pesquisadora

Referências

Abd-El-Rahman, K. 1991. “Firms’ Competitive and National Comparative Advantages as Joint Determinants of Trade Composition”. Weltwirtschaftliches Archiv 127 (1): 83-97.

Amann, J. C., F. Stona, e A. C. Gewehr. 2016. “Comércio Intra-Industrial do Brasil com Países Desenvolvidos e em Desenvolvimento: Análise do Período 1997-2013”. Revista de Economia 43 (1).

Anderson, J., e E. Van Wincoop. 2004. “Trade Costs”. Journal of Economic Literature 42: 691-751.

Andresen, M.A. 2006. “The Geography of Canada - United States Trade”. Tese de Doutorado, The University of British Columbia.

Andresen, M.A. 2010. “A Cross-Industry Analysis of Intra-Industry Trade Measurement Thresholds: Canada and the United States, 1988-1999”. Empirical Economics 38: 793-808.

Arvis, J.-F., e B. Shepherd. 2013. “The Poisson Quasi-Maximum Likelihood Estimator: A Solution to the Adding Up Model in Gravity Models”. Applied Economics Letters 20(6): 515-519.

Azhar, A. K. M., e R. Elliott. 2006. “On the Measurement of Product Quality in Intra-Industry Trade”. Review of World Economics 142 (3): 476-495.

Balassa, B. 1986. “Intra-Industry Specialization: A Cross-Country Analysis”. European Economic Review 30 (1): 27-42.

Balassa, B, L. Bauwens. 1987. “Intra-Industry Specialization in a Multi-Country and Multi-Industry Framework”. Economic Journal 97(388): 923-39.

Baltar, C. T. 2008. “Comércio Exterior Inter e Intra-industrial: Brasil 2003-2005”. Economia e Sociedade 32: 107-134.

Bergstrand, J. H. 1990. “The Heckscher–Ohlin–Samuelson Model, the Linder Hypothesis and the Determinants of Bilateral Intra-Industry Trade”. Economic Journal 100 (403): 1216-1229.

Bernard, A.B., J. Eaton, J.B. Jensen, e S. Kortum. 2003. “Plants and Productivity in International Trade”. American Economic Review 93: 1268-1290.

Bernard, A.B., S. J. Redding, e P. K. Schott. 2007. “Comparative Advantage and Heterogeneous Firms”. Review of Economic Studies 74: 31-66.

Bernard, A.B., S. J. Redding, e P.K. Schott. 2011. “Multi-Product Firms and Trade Liberalization”. Quarterly Journal of Economics 126 (3): 1271–1318.

Blanes, J. V. 2005. “Does Immigration Help to Explain Intra-Industry Trade? Evidence for Spain”. Weltwirtschaftliches Archiv 141 (2): 244-270.

Blanes, J. V., e C. Martin. 2000. “The Nature and Causes of Intra-Industry Trade: Back to the Comparative Advantage Explanation? The Case of Spain”. Whltwirtschaftliches Archiv 136(3): 423-41.

Burange, L. G., e H. Kelkar. 2018. “An Examination of the Determinants of India’s Intra-Industry Trade”. Journal of Indian School of Political Economy 30 (1,2): 1-29.

Bustos, P. 2011. “Trade Liberalization, Exports and Technology Upgrading: Evidence on the Impact of MERCOSUR on Argentinean Firms”. American Economic Review 101 (1): 304–340.

Caetano, J., e A. Galego. 2007. “In Search for the Determinants of Intra-Industry Trade within an Enlarged Europe”. South-Eastern Europe Journal of Economics 2: 163-183.

Carmo, A. S., e M. V. L. Bittencourt. 2013. “O Comércio Intra-industrial entre Brasil e os Países da OCDE: Decomposição e Análise dos seus Determinantes”. Análise Econômica 31: 35-58.

CEPII. 2021. “GeoDist database”. Disponível em: <http://www.cepii.fr/cepii/en/bdd_modele/presentation. asp?id=6>. Acesso em 03 de fevereiro de 2021.

Crespo, N., e M. P. Fontoura. 2004. “Intra-Industry Trade by Types: What Can We Learn from Portuguese Data?” Review of World Economics 140(I): 52-79.

Curzel, R., F. Montoro, e P. R. Vartanian. 2010. “Una Investigación de la Evolución del Comercio Intra-Industria en la Relación Brasil-Mercosur en el Periodo 1996-2005: ¿ Qué Dicen los Datos?”. Revista de Economia Mundial 24: 49-66.

De Loecker, J., e F. Warzynski. 2012. “Markups and Firm-Level Export Status”. American Economic Review 102 (6): 2437–2471.

Drogue, S., e L. Bartova. 2007. “A Critical Survey of Databases on Tariffs and Trade Available for the Analysis of EU Agricultural Agreements”. Agricultural Trade Agreements. Working Paper 6.

Durkin, J. T., e M. Krygier. 2000. “Differences in GDP Per Capita and the Share of Intra-Industry Trade: The Role of Vertically Differentiated Trade”. Review of International Economics 8: 760-74.

Emirhan, P. N. 2005. “Determinants of Vertical Intra-Industry Trade of Turkey: Panel Data Approach.” Discussion paper series, n. 05/05.

Fagerberg, J. 1987. “Diffusion of Technology, Structural Change and Intra-Industry Trade: The Case of the Nordic Countries”. In Nordic studies on intra-industry trade, editado por J. Andersson. Åbo: Åbo Academy Press.

Fally, T. “Structural Gravity and Fixed Effects”. 2015. Journal of International Economics 97(1): 76-85.

Falvey, R. E. 1981. “Commercial Policy and Intra-Industry Trade”. Journal of International Economics 11: 495-511.

Falvey, R. E., e H. Kierzkowski. 1987. “Product Quality and (Im) Perfect Competition”. In Protection and Competition in International Trade, editado por H. Kierzkowski, 143-161. Oxford: Clarendon Press.

Faustino, H.C., e N. C. Leitão. 2007. “Intra-Industry Trade: A Static and Dynamic Panel Data Analysis”. International Advances in Economic Research 13 (3): 313-333.

Feenstra, R. 2004. Advanced International Trade – Theory and Evidence. Princeton: Princeton University Press.

Feenstra, R. C., R. Inklaar, e M. P. Timmer. 2015. “The Next Generation of the Penn World Table”. American Economic Review 105(10): 3150-3182.

Finger, J. M. 1975. “Trade Overlap and Intra-Industry Trade”. Economic Inquiry 13 (4): 581-589.

Fontagné, L., e M. Freudenberg. 1997. “Intra-Industry Trade: Methodological Issues Reconsidered”. CEPII Working Paper.

Fontagné, L., M. Freudenberg, e N. Péridy. 1998. “Intra-Industry Trade and the Single Market: Quality Matters”. CEPR Discussion Paper 1959.

Fontagné, L., M. Freudenberg, e G. Gaulier. 2006. “A Systematic Decomposition of World Trade Into Horizontal and Vertical IIT”. Review of World Economics 142(3): 459-475.

Gandolfo, G. 1998. International Trade Theory and Policy. Springer, 544p.

Gaulier, G., e S. Zignago. 2010. “BACI: International Trade Database at the Product-level”. CEPII Working Paper 23.

Glick, R., e A. Rose. 2002. “Does a Currency Union Affect Trade?” European Economic Review, 46(6): 1125-1151.

Guimarães, B. 2015. A Riqueza da Nação no Século XXI. São Paulo: Editora Bei.

Greenaway, D., R. Hine, e C. Milner. 1994. “Country-Specific Factors and the Pattern of Horizontal and Vertical Intra-lndustry Trade in the UK”. Weltwirtschaftliches Archiv 130 (1): 77-100.

Greenaway, D, R. Hine, e C. Milner. 1995. “Vertical and Horizontal Intra-industry Trade: A CrossIndustry Analysis for the United Kingdom”. The Economic Journal 105 (433): 1505-18.

Gullstrand, J. 2000. “Country-Specific Determinants of Vertical Intra-Industry Trade With Application to Trade Between Poland and EU”. In Globalisation and Change – Ways to Future, editado por B. Wawrzynjak e Leon Kozminski. Warsaw: Academy of Enterpreneurship and Management.

Hansson, P. 1991. “Determinants of Intra-Industry Specialization in Swedish Foreign Trade”. The Scandinavian Journal of Economics 93(3): 391-405.

Helpman, E. 1987. “Imperfect Competition and International Trade: Evidence from Fourteen Industrial Countries”. Journal of Japanese International Economics 1(1): 62–81.

Henn, C.; C. Papageorgiu, J. M. Romero, e N. Spatafora. 2017. “Export Quality in Advanced and Developing Economies: Evidence from a New Data Set”. The World Bank.

Hidalgo, A. B. 1993. “O Intercâmbio Comercial Brasileiro Intra-indústria: uma Analise entre Indústrias e entre Países”. Revista Brasileira de Economia: 243-264.

Hummels, D., e J. Levinsohn. 1995. “Monopolistic Competition and International Trade: Reconsidering the Evidence”. The Quarterly Journal of Economics 110 (3): 799-836. Jámbor, A. 2015. “Country- and Industry-Specific Determinants of Intra-Industry Trade in Agri-Food Products in the Visegrad Countries”. Studies in Agricultural Economics 117: 93-101.

Kandogan, Y. 2003. “Intra-Industry Trade of Transition Countries: Trends and Determinants”. Emerging Markets Review 4(3): 272-286.

Kim, D., e B. W. Marion. 1997. “Domestic Market Structure and Performance in Global Markets: Theory and Empirical Evidence from U.S. Food Manufacturing Industries”. Review of Industrial Organization 12 (3): 335-354.

Kinnerup, K. 2005. “Country-Specific Determinants of Intra-Industry Trade: A Case for France”, Dissertação de Mestrado, School of Economics and Management, LUND University.

Krugman, P. “Scale Economies, Product Differentiation and the Pattern of Trade”. American Economic Review 70: 950-959, 1980.

Leitão N., e H. Faustino. 2009. “Intra-Industry Trade in the Automobile Componentes Industry: An Empirical Analysis”. Journal of Global Business and Technology 5(1): 32-41.

Lerda, S. S. 1988. “Comércio Internacional Intra-Industrial: Aspectos Teóricos e Algumas Evidências, com Aplicação ao Caso Brasileiro”, Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília.

Linder, S. B. 1961. An Essay on Trade and Transportation. Stockholm, Upsala.

Machado, J. B. M., e R. A. Markwald. 1997. “Dinâmica Recente do Processo de Integração do Mercosul”. In Anais do Encontro Nacional de Economia organizado pela ANPEC, 723-742.

Markusen, J., J. Melvin, W. Kaempfer, e Maskus, K. 1995. International Trade: Theory and Evidence. New York: McGraw-Hill.

Martin-Montaner, J. A., e V. Orts Rios. 2002. “Vertical Specialization and Intra-Industry Trade: The Role of Factor Endowments”. Review of World Economics 138: 340-365.

Melitz, M. 2003. “The Impact of Trade on Intra-Industry Reallocations and Aggregate Industry Productivity”. Econometrica 71: 1695–725.

Melitz, M., e S. Redding. 2014. “Heterogeneous Firms and Trade”. In Handbook of International Economics, editado por G. Gopinath, E. Helpman, e K. Rogoff, Vol. 4. Amsterdã: Elsevier.

Moreira, T., e N. de Paula. 2010. “Evolução do Comércio Intra-industrial entre Brasil e Estados Unidos no período 1997-2008”. Revista de Economia 36 (34): 95-109.

OECD. 2021. Disponível em: <http://www.oecd.org/about/>. Acesso em 03 de fevereiro de 2021.

Oliveira, M. H. 1986. “Evidências Empíricas do Comércio Intra-industrial”. Revista Brasileira de Economia 40(3): 211-232.

Santos Silva, J. M. C., e S. Tenreyro. 2006. “The Log of Gravity”. The Review of Economics and Statistics 88(4): 641-658.

Silva, A. F., O. M. Silva, e J. B. Zilli. 2010. “Evolução e Contribuição do Comércio Intra-indústria para o Crescimento do Comércio Total entre Brasil e Argentina”. Revista de Economia 36 (2): 7-24.

Trade Map. 2018. “Trade Statistics for International Business Development. International Trade Centre”. Disponível

em: <https://www.trademap.org/Index.aspx>. Acesso em 10 de abril de 2018.

Vasconcelos, C. R. 2003. “O Comércio Brasil-Mercosul na Década de 90: Uma Análise Pela Ótica do Comércio Intra-Indústria”. Revista Brasileira de Economia 57: 283-313.

Westerlund, J., e F. Wilhelmsson. 2009. “Estimating the Gravity Model Without Gravity Using Panel Data”. Applied Economics 43(6): 641-649.

Yotov, Y., R. Piermartini, J. A. Monteiro, e M. Larch. 2016. “An Advanced Guide To Trade Policy Analysis: The Structural Gravity Model”. World Trade Organization.

Downloads

Publicado

30-03-2022

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Castellano, E. F. A., Bittencourt, M. V. L., & Oliveira, C. C. A. (2022). A qualidade e os determinantes do comércio intra-industrial do Brasil com países da OCDE. Estudos Econômicos (São Paulo), 52(1), 185-235. https://doi.org/10.1590/1980-53575216emc