Existe influência da ideologia sobre o resultado fiscal dos governos estaduais brasileiros?

Autores

  • Paulo Roberto Arvate Fundação Getúlio Vargas. Escola de Economia de São Paulo. Escola de Administração de São Paulo Autor
  • George Avelino Fundação Getúlio Vargas. Escola de Economia de São Paulo Autor
  • Claudio Ribeiro Lucinda Fundação Getúlio Vargas. Escola de Economia de São Paulo Autor

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0101-41612008000400004

Palavras-chave:

ideologia, governos estaduais, instituições orçamentárias

Resumo

O objetivo deste artigo é estudar a relação entre a ideologia partidária e o resultado fiscal dos governos estaduais brasileiros entre os anos de 1986 e 2005. Para alcançar esses objetivos, construiu-se uma variável ideológica para representar a ideologia do Executivo e do Legislativo. Três resultados merecem destaque neste trabalho. Primeiro, existe influência da ideologia partidária na determinação do resultado fiscal dos governos estaduais. Segundo, governos classificados ideologicamente como de direita produziram melhores resultados primários, principalmente pelo aumento de receitas. Terceiro, as mudanças institucionais introduzidas pelo governo federal nos anos noventa influenciaram a relação entre a ideologia e o resultado primário: os governos de esquerda apresentaram melhores resultados fiscais depois de introduzida a legislação que reestruturou as suas dívidas; de forma similar, os Legislativos de esquerda passaram a apoiar melhoria nos resultados fiscais depois da adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal. Os resultados deste trabalho foram alcançados usando a técnica de Panel Corrected Standard Errors (PCSE).

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Alesina, A. Roubini, N.; Cohen, G. Political cycles and the macroeconomy. Cambridge, MA: MIT Press, 1997.

Alesina, A.; Hausman , F.; Hommes, R.; Stein, E. Budget institutions and fiscal performance in Latin America. Inter-American Development Bank Office of the Chief Economist, Working Paper Series 394, 1999.

Alt , J.E.; Lowry, R.C. Divided government, fiscal institutions, and budget deficits: evidence from the states. The American Political Science Review, v. 88, n. 4, p. 811-828, 1994.

Ashworth , J.; Heyndels, B. Tax Structure in OECD countries. Public Choice, v.111, n. 3-4, p. 347-376, 2002.

Bacha , E. O fisco e a inflação: uma interpretação do caso brasileiro. Revista de Economia Política, v. 14, n. 1, jan-mar. 1994.

Beck, N. Time-Series-Cross-Section Data: what have we learned in the past few years? Annual Review of Political Science, n. 4, p. 271-293, 2001.

Bevilacqua , A. S. State Government Bailouts in Brazil. Inter- American Development Bank Working Paper R- 441, 2002.

Bittencourt , J. L.; Hilbrecht, R. O. Ciclo político na economia brasileira: um teste para a execução orçamentária dos governos estaduais: 1983-2000.

Trabalho apresentado na reunião anual da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia, 2003.

Blais , A.; Nadeu, R. The electoral budget cycle. Public Choice, v. 74, n. 4, p.389-403, 1992.

Botelho, F. Determinantes do ajuste fiscal dos Estados brasileiros. 2002. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo.

Breusch, T. S.; Pagan, A. R. The Lagrange Multiplier Test and its applications to model specification in econometrics. Review of Economic Studies, v. 47, n. 1, p. 239-367, 1980.

Coppedge, M. A classification of Latin American political parties. The Helen Kellogg Institute for International Studies, Working Paper Series # 244, 1997. (ver também http:// http://www.nd.edu/%7Ekellogg/WPS/244.pdf)

Cossio, F. A. B. Comportamento fiscal dos governos estaduais brasileiros: determinantes políticos e efeitos sobre o bem-estar dos seus Estados. Prêmio Tesouro Nacional. 2001.

Cox , G. W.; McCubbins, M. Electoral politics as a redistributive game. Journal of Politics, v. 48, n. 2, p. 370-389, 1986.

Cusack , T.R. Partisan politics and public finance: changes in public spending in the industrialized democracies, 1955-1989. Public Choice, v. 91, n. 3-4, p. 375-395, 1997.

Cusack , T.R. Partisan politics and fiscal policy. Comparative Political Studies, v. 32, n. 4, p. 464-486, 1999.

Dixit, A.; Londregan, J. The determinants of success of special interests in redistributive politics. Journal of Politics, v. 58, n. 4, p. 659-668, 1996.

Downs, A. An economic theory of democracy. New York: Harper Collins Publishers, 1957.

Edin , P.A.; Ohlsson , H. Political determinants of budget deficits: coalition effects versus minoritary effects. European Economic Review, 35, p. 1597-1603, 1991.

Figueiredo, A. C.; Limongi, F. Executivo e legislativo na nova ordem constitucional. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.

Greene, W.H. Econometric analysis. Fifth Edition. Prentice Hall, 2003.

Hibbs, D. A. Political parties and macroeconomic policy. American Political Science Review, v. 71, n. 4, p. 1467-1487, 1977.

Kinzo, M. D. Radiografia do quadro partidário brasileiro. São Paulo: Konrad Adenauer Stiftung, 1993.

Kinzo, M. D. Partidos, eleições e democracia no Brasil pós-1985. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 19, n. 54, p. 23-41, 2004.

Kirchheimer , O. The transformation of Western European party system. In: La Palombara , J.; Weiner, Miron (Ed.). Political parties and political development. Princeton: Princeton University Press, 1966.

Lima Jr., O. B. Democracia e instituições políticas no Brasil dos anos 80. São Paulo: Ed. Loyola, 1993.

Lima Jr., O. B. O sistema partidário brasileiro: diversidade e tendências. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1997.

Mainwarin g, S. Brazil: weak parties, feckless democracy. In: Mainwaring, Scott; Scully, Timothy R. (Ed.). Building democratic institutions: party systems in Latin America. Stanford: Stanford University Press, 1995.

Lima Jr., O. B. Rethinking party systems in the third wave of democratization:the case of Brazil. Stanford: Stanford University Press, 1999.

Maskin, E.S. Recent theoretical work on the soft budget constraint. The American Economic Review, v. 89, n. 2, p. 421-425, 1999.

Mene guello , R. Partidos e governo no Brasil contemporâneo, 1985-1997. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

Naka guma, M.Y.; Bender, S. A emenda da reeleição e a Lei de Responsabilidade Fiscal: impactos sobre ciclos políticos e performance fiscal dos Estados (1986-2002). Revista de Economia Aplicada, v. 10, n. 3, p. 377-397, 2006.

Nordhaus , W. The political business cycle. Review of Economic Studies, v. 42, n. 2, p. 169-190, 1975.

Perotti, R.; Kontopoulus ,Y. Fragmented fiscal policy. Journal of Public Economics, v. 86, n. 2, p. 191-222, 2002.

Poole, K. T.; Rosenthal, H. Congress: a political-economic history of roll call voting. New York: Oxford University Press, 1997.

Qian, Y.; Roland , G. Federalism and the soft budget constraint. The American Economic Review, v. 88, n. 5, p. 1143-1162, 1998.

Ricciuti, R. Political fragmentation and fiscal outcomes. Public Choice, v. 118, n. 3-4, p. 365-388, 2004.

Rodri gues, L. M. Partidos, ideologia e composição social. São Paulo: Edusp, 2002.

Rogoff, K. Equilibrium political budget cycles. The American Economic Review, v. 80, n. 1, p. 21-36, 1990.

Roubini, N.; Sachs , J. Political and economic determinants of budget deficits in the industrial economies. European Economic Review, v. 33, n. 5, p. 903-938, 1989.

Santos, F. (Org.). O poder legislativo nos Estados: diversidade e convergência. Rio de Janeiro: Editora da FGV, 2001.

Sartori , G. Partidos políticos e sistemas partidários. Brasília: Ed. UnB, 1982.

Seitz, H. Fiscal policy, deficits and politics of subnational governments: the case of the German Laender. Public Choice, v. 102, n. 3-4, 2000.

Stein, E. Fiscal descentralization and government size in Latin America. Journal of Applied Economics, v. II, n. 2, p. 357-391, 1999.

Tavares , J. Does right or left matter? Cabinets, ideology and fiscal adjustments. Journal of Public Economics, v. 88, p. 2447–2468, 2004.

Tsebelis, G. Decision making in political system: veto players in presidentialism, parlamentarism, multicameralism, and multipartism. British Journal of Political Science, v. 25, p. 289-326, 1995.

Tufte, E. R. The Political Control of the Economy. Princeton: Princeton University Press, 1978.

Velasco , A. The model of endogenous fiscal deficits and delay of fiscal reforms. The National Bureau of Economic Research Conference, n. 6336, 1999.

Volkerink, B.; de Haan, J. Fragmented government effects on fiscal policy: new evidence. Public Choice, v. 109, n. 3-4, p. 221-242, 2001.

Woldendorp, J.; Keman, H.; Budge, I. Party government in 20 democracies: an update (1945-1990). European Journal of Political Research, v. 24, p. 1-119, 1993.

Woldendorp, J.; Keman, H.; Budge, I. Party government in 20 democracies: an update (1990-1995). European Journal of Political Research, v. 33, p. 125-164, 1998.

Wooldridge, J. Econometric analysis of cross section and panel data. Cambridge: The MIT Press, 2002.

Downloads

Publicado

01-12-2008

Edição

Seção

Não definida

Como Citar

Arvate, P. R., Avelino, G., & Lucinda, C. R. (2008). Existe influência da ideologia sobre o resultado fiscal dos governos estaduais brasileiros? . Estudos Econômicos (São Paulo), 38(4), 789-814. https://doi.org/10.1590/S0101-41612008000400004