Falta Alguém em Nuremberg: uma representação liberal de Vargas e do Estado Novo no pós-45

Autores

  • Julia Nogueira Zon Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p194-217

Palavras-chave:

Estado Novo, Nasser, Representações, Vargas

Resumo

Este artigo objetiva analisar o modo como foi representado o Estado Novo e Getúlio Vargas pelos setores liberais no período que compreende a segunda metade da década de 1940 no Brasil, tomando por fonte o livro Falta Alguém em Nuremberg, do jornalista David Nasser. Considerando que as representações políticas dificilmente constituem discursos imparciais, a análise busca atentar para os interesses que guiaram essas representações dentro de um contexto histórico marcado pelo processo de redemocratização, organização dos partidos políticos e emergência da classe trabalhadora no cenário político nacional. Partimos da proposta de apresentar de forma sucinta o debate historiográfico acerca do Estado Novo que serviu de guia para a realização do artigo. Dentro dessa perspectiva, investigamos como a representação negativa de Vargas dialogava com os novos interesses que se manifestavam pelos sujeitos e grupos políticos emergentes, uma vez que, com a democratização, a disputa partidária não podia ignorar o peso e a influência política que Vargas ainda exercia.

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Publicado

2021-06-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Zon, J. N. (2021). Falta Alguém em Nuremberg: uma representação liberal de Vargas e do Estado Novo no pós-45. Epígrafe, 10(1), 194-217. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v10i1p194-217