A representação da mulher nas cantigas de Santa Maria
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v1i1p73-89Palavras-chave:
Mulheres, Idade Média, Cantigas, Ordens MonásticasResumo
Na Idade Média, as mulheres foram em larga medida retratadas de modo negativo, sendo caracterizadas como filhas de Eva, a pecadora, e responsável pela queda da humanidade em pecado. No entanto, no século XIII, a partir do culto mariano é possível notar deslocamento nas formas de definir as mulheres, apontando a Virgem como a redentora, a escolhida por Deus para ser a mãe do seu filho. A partir disso, a mulher deixa de ser vista em certas situações como a encarnação do mal para ser considerada um ser apto a praticar grandes virtudes cristãs. Tal culto valorizou a virgindade como forma de consagração a Deus, sensibilizando, a partir da imagem de Maria, milhares de jovens a ingressarem nas instituições religiosas católicas. O objetivo desta pesquisa é refletir sobre a representação das mulheres a partir da figura das monjas na Península Ibérica do século XIII. Utilizando para tal o conjunto de cantigas religiosas conhecidas como Cantigas de Santa Maria, compostas pelo rei D. Afonso X, o Sábio, rei de Leão e Castela. A proposta se firma a partir do referencial teórico de Roger Chartier de Representação. Nesse sentido, procuraremos elucidar quais os motivos que levaram as mulheres a serem consideradas como filhas de Eva, quais os pecados típicos característicos do sexo feminino e o imaginário que permeia os eclesiásticos sobre tal figura. Em um segundo plano, a partir da leitura das cantigas, visa-se analisar os modelos de conduta que são desempenhados pelas religiosas e quais deles devem ser seguidos para alcançar a salvação.
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