O paradoxo nas personagens femininas rodriguianas

Authors

  • Fernanda Hamann Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i38p139-156

Keywords:

desejo feminino, dramaturgia rodriguiana, Nelson Rodrigues, paradoxo, personagens femininas

Abstract

Este artigo pretende colocar em questão a pecha de “misógino” frequentemente associada a Nelson Rodrigues. Para isso, propõe uma análise de sua obra dramatúrgica, especificamente quanto a procedimentos de construção de personagens femininas. Além de protagonizarem metade das peças escritas pelo autor, tais personagens se afastam de estereótipos sexistas e reducionistas. Em sua complexidade, representam mulheres desejantes, em conflito com os obstáculos sociais e morais à realização de seus anseios. Mulheres divididas, marcadas pela dimensão do paradoxo, cuja abordagem no artigo se distribui em três tópicos: 1. Nem Evas, nem Marias; 2. Meninas adultizadas e senhoras infantilizadas; 3. Amor e ódio entre mulheres da família. Destaca-se, ainda, a importância atribuída por Nelson Rodrigues ao desejo feminino, com seu caráter disruptivo, percebido como ameaça, em especial pelos personagens masculinos.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

  • Fernanda Hamann, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Fernanda Hamann é escritora, psicanalista e autora de Nelson Rodrigues e a psicanálise: o paradoxo do sujeito na vida como ela é (ensaio, 7Letras, 2022). O livro é resultado de mais de uma década de pesquisa sobre a ficção e a dramaturgia rodriguianas, em especial durante o Doutorado em Teoria Psicanalítica (UFRJ, 2012-2016) e o Pós-Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP, 2020-2022). Em 2022, organizou, junto à professora Cleusa Passos, as jornadas A modernidade de Nelson Rodrigues, reunindo alguns dos mais importantes pesquisadores da obra rodriguiana em atividade (evento disponível no YouTube da FFLCH / USP). Em 2007, trabalhou na pesquisa e seleção de contos de Nelson Rodrigues para as coletâneas Não tenho culpa que a vida seja como ela é (Agir, 2009) e O marido humilhado e outras histórias de A vida como ela é (Agir, 2008). Desde 2015, oferece cursos sobre o autor dentro e fora da universidade. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0535-4601. Email: fehamann@hotmail.com

References

FISCHER, Luís Augusto. Inteligência com dor: Nelson Rodrigues ensaísta. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2009.

FREUD, Sigmund. “A interpretação dos sonhos” (1900). Obras Completas de Sigmund Freud, vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

GUIDARINI, Mário. Nelson Rodrigues: flor de obsessão. Florianópolis: UFSC, 1990.

HAMANN, Fernanda. Nelson Rodrigues e a psicanálise: o paradoxo do sujeito na vida como ela é. Rio de Janeiro: 7Letras, 2022.

LACAN, Jacques. “A ética da psicanálise” (1959-1960). O seminário, livro 7. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.

LACAN, Jacques. “De um Outro ao outro” (1968). O seminário, livro 16. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LACAN, Jacques. “Mais, ainda” (1972-1973). O seminário, livro 20. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

MAGALDI, Sábato. “Introdução”. Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 1: peças psicológicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 7-38. Doroteia.

RODRIGUES, Nelson. “A mulher sem pecado” (1941). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 1: peças psicológicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 41-103.

RODRIGUES, Nelson. “Vestido de noiva” (1943). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 1: peças psicológicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 105-167.

RODRIGUES, Nelson. “Senhora dos afogados” (1947). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 2: peças míticas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 121-191.

RODRIGUES, Nelson. “Doroteia” (1949). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 2: peças míticas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 193-261.

RODRIGUES, Nelson. “Valsa nº 6” (1951). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 1: peças psicológicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 169-229.

RODRIGUES, Nelson. “Não tenho culpa que a vida seja como ela é” (1952). Não tenho culpa que a vida seja como ela é: contos inéditos dA vida como ela é. Rio de Janeiro: Agir, 2009. p. 8-13.

RODRIGUES, Nelson. “A falecida” (1953). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 3: tragédias cariocas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 121-179.

RODRIGUES, Nelson. “Perdoa-me por me traíres” (1957). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 3: tragédias cariocas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 121-179.

RODRIGUES, Nelson. “Viúva, porém honesta” (1957). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 1: peças psicológicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 215-269.

RODRIGUES, Nelson. “Os sete gatinhos” (1958). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 3: tragédias cariocas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 181-253.

RODRIGUES, Nelson. “Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária” (1962). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 4: tragédias cariocas II. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. p. 243-326.

RODRIGUES, Nelson. “Toda nudez será castigada” (1965). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 4: tragédias cariocas II. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. p. 155-242.

RODRIGUES, Nelson. “A serpente” (1978). Teatro Completo de Nelson Rodrigues, vol. 1: peças psicológicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. p. 232-290.

RODRIGUES, Nelson. Flor de obsessão: as 1000 melhores frases de Nelson Rodrigues (org.: Ruy Castro). São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

SALOMÃO, Irã. Nelson: feminino e masculino. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000.

Published

2023-12-21

How to Cite

Hamann, F. (2023). O paradoxo nas personagens femininas rodriguianas. Literatura E Sociedade, 29(38), 139-156. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i38p139-156