Nelson e Dostoiévski contra a unanimidade do rebanho: a tensa relação com as vagas modernizadoras
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i38p49-65Palavras-chave:
modernidade e conservadorismo, Nelson Rodrigues e Dostoiévski, recepção de Dostoiévski, solidariedade e empatiaResumo
A perspectiva negativa sobre as influências da modernização aproxima à obra de Nelson Rodrigues e Dostoiévski. Muitas de suas obras, em contextos históricos bastante diferenciados, serviram de combustível para críticos conservadores denunciarem os efeitos desagregadores de ideologias que preconizavam maior liberalidade nos costumes e mudanças nas estruturas sociais. Nelson Rodrigues referia-se explicitamente em suas obras e crônicas jornalísticas à influência de Dostoiévski em suas concepções filosóficas sobre o ser humano, compartilhando com ele valores como a solidariedade e a compaixão que prescindia de explicações racionais. Os Irmãos Karamázov era uma das fontes de referência privilegiadas. Apesar do conservadorismo ideológico inegável, ambos os escritores foram reconhecidos, entre seus contemporâneos, como introdutores de inovações estéticas que mudaram os rumos da criação artística e cultural na Europa e no Brasil. O trabalho traça paralelos entre as contradições que acompanharam a recepção da obra desses dois escritores e atuantes intelectuais, que estabeleceram tenso diálogo com as transformações culturais que presenciaram.
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