Palimpsesto da escrita feminina: (des)construção da palavra e racismo na obra oitocentista (Los) Misterios del Plata
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-2477.i47p18-35Palavras-chave:
Juana Manso, Los Misterios del Plata, Escrita feminina, Racismo, Século XIXResumo
(Los) Misterios del Plata é o primeiro romance da escritora, jornalista e educadora argentina Juana Manso, publicado originalmente quando ela esteve exilada no Brasil, em 1852, em folhetim, no seu periódico: O Jornal das Senhoras. O romance histórico, ambientado na Argentina rosista na década de 1830, teve cinco edições publicadas: duas assinadas por Juana Manso, e três organizadas, de maneira póstuma, por diferentes editores que, na ocasião, fizeram acréscimos ao romance, além de mudanças. Embora seja aceita a ideia de que apenas as datas históricas foram modificadas e um último capítulo acrescentado, observamos que as versões póstumas têm o desfecho alterado, e o romance traz aspectos racistas nas descrições das personagens e no cenário campesino. Assim como em um palimpsesto, cujo texto primitivo é raspado, para dar lugar a outro (SPINA, 1977), usamos aqui o termo como metáfora das versões de Los Misterios del Plata que, provavelmente, tem como a mais conhecida e aceita como única completa, a versão póstuma, publicada e modificada pelos editores. Nesse sentido, nosso objetivo neste trabalho é verificar passagens da edição de 1924, cotejando com a versão de 1852, no que se refere à construção das imagens racializadas dos trabalhadores do campo e dos vilões.
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