Na contramão do mercado fonográfico: a trajetória da gravadora Festa
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2020.166766Palavras-chave:
Gravadora independente, Irineu Garcia, Literatura falada, Nacionalismo musical brasileiro, Música erudita no BrasilResumo
Este artigo aborda a trajetória da gravadora Festa, criada na década de 1950, no Rio de Janeiro, por Irineu Garcia (1920-1984). Entre 1955 e 1971, tendo à frente Garcia, o selo fonográfico gravou dezenas de discos de literatura (poesia, prosa, teatro) e de música erudita e popular, sobretudo de autores brasileiros. Apesar das dificuldades enfrentadas por Festa no sentido de viabilizar sua produção, principalmente na década de 1960, essa iniciativa contribuiu para sinalizar a existência de um nicho fonográfico no país voltado para produções ditas refinadas do ponto de vista cultural e ajudou a pavimentar o caminho para o surgimento nas décadas posteriores de gravadoras voltadas para uma fatia ignorada pelo mercado de discos no Brasil, a exemplo da Discos Marcus Pereira (1972), Eldorado (1977), Kuarup (1977) e Biscoito Fino (1993).
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