Modernidade e indeterminação em “O lobo da estepe”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1982-88372443139

Palavras-chave:

O lobo da estepe, Modernidade, Ficcional, Factual, Fantástico

Resumo

Dada a posição excêntrica de Hermann Hesse dentro da literatura de língua alemã no século XX, quase como um “outsider” retrógrado, o objetivo do presente artigo é tentar situar O lobo da estepe (1927) nas discussões sobre a “modernidade literária”. Para esse fim, serão realizadas considerações que demonstram como o livro representa um sujeito no contexto do mundo moderno dos anos 1920 e como o romance adota uma estrutura multiperspectiva que reflete os novos modos de representação que começaram a ser explorados na forma literária moderna. Essa estrutura será analisada com base nas categorias narratológicas propostas por Genette (1995), apontando as três diferentes perspectivas sobre o protagonista Harry Haller presentes no livro: a do “Prefácio do editor”, “As Anotações de Harry Haller” e o “Tratado do lobo da estepe”. A partir da análise, discutir-se-á a possibilidade de entender os acontecimentos narrados nas “Anotações” como frutos da imaginação ou como depoimento autobiográfico do protagonista. No primeiro caso, o livro se encaixaria na categoria do realismo, no segundo, na literatura fantástica. Por fim, serão comparadas as diversas edições do livro – que apresentam diferenças significativas – de modo a evidenciar como a estrutura narrativa pode favorecer a classificação do romance como fantástico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ADORNO, Theodor W. Posição do narrador no romance contemporâneo. In: Notas de literatura I. São Paulo, Duas Cidades; Editora 34, 2012, 55-65.

BECKER, Sabina; KIESEL, Helmuth. “Literarische Moderne. Begriff und Phänomen”. In: BECKER, Sabina; KIESEL, Helmuth (orgs.). Literarische Moderne. Begriff und Phänomen. Berlin, de Gruyter, 2007, 9–35.

BEUTIN, Wolfgang; EHLERT, Klaus; EMMERICH, Wolfgang (orgs.). Geschichte der deutschen Literatur. Von den Anfängen bis zur Gegenwart. 3. ed. Stuttgart, Metzler, 1989.

BOOTH, Wayne C. A retórica da ficção. Tradução de Maria Teresa H. Guerreiro. Lisboa, Arcádia, 1980.

COHN, Dorrit. “Erzähltes Bewußtsein im Steppenwolf”. The Germanic Review, v. 44, 121-131, 1969.

DECKER, Jan-Oliver. Stimmenvielfalt, Referenzialisierung und Metanarrativität in Hermann Hesses Der Steppenwolf. In: BLÖDORN, Andreas; LANGER, Daniela; SCHEFFEL, Michael (orgs.). Stimme(n) im Text: narratologische Positionsbestimmungen. Berlin, New York, De Gruyter, 2008, 233-265.

DHORITY, Lynn. “Who wrote the Tractat vom Steppenwolf?”. German Life and Letters, v. 27, n. 1, 59-66, 1973.

FÄHNDERS, Walter. Avantgarde und Moderne. 1890 – 1933. Stuttgart, Weimar, Verlag J.B. Metzler, 2010.

FORSTER, Gabrielle da Silva. “O Lobo da Estepe: uma escritura selvagem”. Revista Criação & Crítica, v. 9, 111-127, 2012. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v5i9p111-127. (12/04/2020).

GENETTE, Gérard. Discurso da Narrativa. Lisboa, Vega, 1995.

GENETTE, Gérard. Paratexte. Das Buch vom Beiwerk des Buches. Prefácio de Harald Weinrich. Tradução de Hornig, Dieter. Frankfurt am Main, Suhrkamp, 2001.

GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto: uma tragédia. Primeira parte. Tradução de Jenny Klabin Segall; apresentação, comentários e notas de Marcus Vinicius Mazzari. 5. ed. São Paulo, Editora 34, 2013.

HESSE, Hermann. Demian. Tradução de Ivo Barroso. 2. ed. Rio de Janeiro, Bestbolso, 2012b.

HESSE, Hermann. Der Steppenwolf. Berlin, S. Fischer Verlag, 1927.

HESSE, Hermann. Der Steppenwolf. Berlin, Suhrkamp, 1970.

HESSE, Hermann. Der Steppenwolf. Frankfurt am Main, Suhrkamp, 1997.

HESSE, Hermann. O lobo da estepe. Tradução de Ivo Barroso. 38. ed. Rio de Janeiro, Record, 2013.

HESSE, Hermann. O lobo da estepe. Tradução de Ivo Barroso. 4. ed. Rio de Janeiro, BestBolso, 2012.

HESSE, Hermann. Sidarta. Tradução de Herbert Caro. 2. ed. Rio de Janeiro, Bestbolso, 2012a.

HUBER, Peter. Der Steppenwolf: Psychische Kur im deutschen Maskenball. In: Hermann Hesse Romane. Stuttgart, Reclam, 1994, 76-112.

KIESEL, Helmuth. Geschichte der deutschsprachigen Literatur 1918 bis 1933. München, C.H. Beck, 2017.

KIESEL, Helmuth. Geschichte der literarischen Moderne. Sprache, Ästhetik, Dichtung im zwanzigsten Jahrhundert. München: C.H. Beck, 2004.

KIESEL, Helmuth; WIELE, Jan. Klassische Moderne (1890–1930). In: MARTINÉZ, Matias (org.). Handbuch Erzählliteratur. Theorie, Analyse, Geschichte. Stuttgart, Weimar, J. B. Metzler, 2011, 258-272.

LANDGREN, Gustav. “Prolegomena zur Konzeptionalisierung unzuverlässigen Erzählens im Werk Hermann Hesses mit Schwerpunkt auf dem Steppenwolf”. Orbis Litterarum, v. 68, n. 4, 312-339, 2013.

LETHEN, Helmut; WEYERGRAF, Bernhard. “Der Einzelne und die Massengesellschaft”. In: WEYERGRAF, Bernhard (org.). Literatur der Weimarer Republik. Hansers Sozialgeschichte der Deutschen Literatur. Bd. 8. München, Hanser, 1995, 636-672.

LICHT, Hendrik. Hermann Hesses Steppenwolf intermedial. Universität Kassel. Germanistik, Trabalho de conclusão de curso, 2005. https://www.yumpu.com/de/document/read/4818936/hermann-hesses-steppenwolf-intermedial. (10/12/2019).

LOHMEIER, Anke-Marie. „Was ist eigentlich modern?“. Internationales Archiv für Sozialgeschichte der deutschen Literatur, 2007, 1-15.

MICHELS, Volker. Materialien zu Hermann Hesses Steppenwolf. Frankfurt a. M.: Suhrkamp, 1972.

PIER, John. Metalepsis. In: HÜHN, Peter; MEISTER, Jan; PIER, John; SCHMID, Wolf (orgs.). Handbook of Narratology. Berlin, München, Boston, de Gruyter, 2014, 326-343.

RILKE, Rainer Maria. Os cadernos de Malte Laurids Brigge. Tradução Lya Luft. Osasco, SP, Novo Século, 2008 [1910].

SCHÄRF, Christian. Hermann Hesse und die literarische Moderne. In: Hermann Hesse und die literarische Moderne. Suhrkamp, Frankfurt am Main, 2004, 87-100.

SINGH, Sikander. Endlich besiegte Zeit. Hermann Hesses Roman Der Steppenwolf (1927). In: LUSERKE-JAQUI, Mathias (org.). Deutschsprachige Romane der klassischen Moderne. Berlin, New York, de Gruyter, 2008, 238–262.

SOUZA, João Paulo Francisco de. Um lobo nos trópicos: A recepção crítica de Hermann Hesse no Brasil (1935-2005). Dissertação de Mestrado. 2005. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=80553. (15/04/2020).

SWALES, Martin. “Der Steppenwolf”. In: CORNILS, Ingo (org.). A Companion to the Works of Hermann Hesse. Rochester, New York, Camden House, 2009, 171-185.

SWALES, Martin. “New Media, Virtual Reality, Flawed Utopia? Reflections on Thomas Mann’s Der Zauberberg and Hermann Hesse’s Der Steppenwolf”. In: LABROISSE, G.; KNAPP, G.; EKE, N. (orgs). Hermann Hesse Today. Hermann Hesse heute. Amsterdam, New York, Rodopi B. V., 2005, 33-40.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo, Perspectiva, 2008.

Downloads

Publicado

2021-02-23

Edição

Seção

Artigos

Dados de financiamento

Como Citar

LOPES, Juliana. Modernidade e indeterminação em “O lobo da estepe”. Pandaemonium Germanicum, São Paulo, Brasil, v. 24, n. 43, p. 139–166, 2021. DOI: 10.11606/1982-88372443139. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/pg/article/view/182289.. Acesso em: 27 abr. 2024.