Do corpo à cidade: religião e territórios negros em Porto Alegre
Palavras-chave:
religiões de matriz africana, território, espaço público, racializaçãoResumo
Grávida de seis meses, Mãe Cida foi reconhecida por sua médica durante uma consulta de pré-natal por conta de uma tatuagem de Oxum no braço direito. “Ela disse “ah, eu lembro de ti. Tu é a moça que tem uma tatuagem de santo né?” me relatou a mãe de santo enquanto conversávamos em seu terreiro em Porto Alegre. A consulta seguiu com alguns comentários sobre a religião de Cida. Sendo Mãe Cida uma dentre tantas mães de santo brancas da cidade, onde a influência das religiões afro mobiliza dimensões simbólico-materiais, comerciais, políticas e territoriais, proponho discutir as relações entre raça e religião, deslocando a questão sobre perseguições religiosas. Procuro investigar como as marcações da presença negra na cidade são atualizadas nos agenciamentos das religiões de matriz africana.
Referências
A TRADIÇÃO do Bará do Mercado Público, os caminhos invisíveis do negro em Porto Alegre. Direção: Ana Luiza de Carvalho da Rocha. Produção: Anelise Guterres. Roteiro: Ana Luiza de Carvalho da Rocha e Rafael Devos. Imagem: Rafael Devos. Imagem sonora:
Viviane Vedana. Edição: Alfredo Barros. Porto Alegre: Petrobras Cultural; Secretaria de Cultura, 2007. (55:48 min). Documentário.
ALMEIDA, Mauro WB et al. Anarquismo Ontológico e Verdade no Antropoceno. Ilha, v. 23, n. 1, p. 10-29, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/article/download/78405/45498/289322 Acesso em 2 set. 2022.
ANJOS, J. C. G. D. No território da linha cruzada: a cosmopolítica afro-brasileira. 1a. ed.
Porto Alegre, Editora da UFRGS/Fundação Cultural dos Palmares, 2006.
BOHRER, Felipe Rodrigues. Breves considerações sobre os territórios negros urbanos de Porto Alegre na pós-abolição. ILUMINURAS, v. 12, n. 29, 2011.
CONCEIÇÃO, Emili Almeida da. Ninguém nasce sabendo: relações de aprendizado em um candomblé de Salvador-BA. Porto Alegre, Dissertação de Mestrado, PPGAS/UFRGS. 2019. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/194431/001093128.pdf?sequence=1&isAl Acesso em: 2 set. 2022.
GOLDMAN, Marcio. A construção ritual da pessoa: a possessão no Candomblé. Religião e Sociedade, v. 12, n. 1, p. 22-54, 1985.
GOLDMAN, Marcio. Histórias, devires e fetiches das religiões afro-brasileiras: ensaio de simetrização antropológica. Análise Social, Lisboa, v. 190, n. 1, p. 105-137, 2009. Disponível em: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1236787453Q7qNY4ou6Fl23NG6.pdf. Acesso em: 2 dez. 2022.
LATOUR, Bruno. Reflexão sobre o culto moderno dos deuses fe(i)tiches. 1a. ed. São Paulo: Edusc, 2002.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O campo da antropologia. In: Antropologia estrutural dois. (Trad.: Beatriz Perrone-Moisés) São Paulo: Cosac Naify, pp.11-43. 2013 [1960].
ORO, Ari Pedro. O sonho e o desencanto: a viagem de um pai-de-santo de Porto Alegre para a província africana de Cabinda. Ciencias Sociales y Religión/Ciências Sociais e Religião, v. 22, p. e020018-e020018, 2020.
Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/csr/article/view/13509/9065 Acesso em: 2 set. 2022.
OVERING, Joana. 1999. “Elogio do Cotidiano: A Confiança e a Arte da Vida Social em uma Comunidade Amazônica”. Mana: Estudos em Antropologia Social, 5 (1):81-107.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/mana/a/gk9HFh5p4hP8zdqw3wSrZ6p/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 2 set. 2022.
PARÉS, Luis Nicolau. A formação do candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. Editora da UNICAMP, 2018.
QUEIROZ, Vítor. O corpo do patriarca: uma etnografia do silêncio, da morte e da ausência. Mana, v. 25, p. 743-776, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mana/a/9m3BZMdtyGM59BnfNHNgL6g/?format=html&lang=pt. Acesso em: 2 dez. 2022.
________, Vítor. Na rua, no meio do redemoinho: das mediações de Exu no espaço público à ação político-ritual em dois contextos afro-religiosos. Religião & Sociedade, v. 42, p. 127-152, 2022a. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rs/a/HnD6FQVFJZGgxnKnFPmqF4z/?format=pdf&lang=pt Acesso em 2 set. 2022.
________, Vítor. Ouve, meu filho, o silêncio: a experiência racial de Dorival Caymmi e a epistemologia silenciosa dos candomblés. Horizontes Antropológicos, v. 28, p. 275-306, 2022b. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/NBD5Lr4b3d6v3qgwRxgDWjs/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 2 set. 2022,
RABELO, Miriam. Enredos, feituras e modos de cuidado: dimensões da vida e da convivência no candomblé. 1a. ed. Salvador: EDUFBA, 2014
________, Miriam. Aprender a ver no candomblé. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, v. 21, n. 44, p. 229-251, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104- 71832015000200010. Acesso em: 2 dez. 2022.
________, Miriam. Corpo e sensibilidade na religião: comentários sobre o texto de B. Meyer. Debates do NER, Porto Alegre, v. 2, n. 34, p. 47-54, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/debatesdoner/article/view/89945. Acesso em: 2 dez. 2022.
SANSI, Roger. “Fazer o santo”: dom, iniciação e historicidade nas religiões afro-brasileiras. Análise social, p. 139-160, 2009.
VIEIRA, Daniele Machado. Percursos negros em Porto Alegre: ressignificando espaços, reconstruindo geografias. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEÓGRAFOS. 2014. Disponível em: http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404663795_ARQUIVO_DanieleMVieira.CBG2014.pdf. Acesso em 2 set. 2022.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Anderson Kilpp Bernardo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
