Modernidade-colonialidade na construção da hegemonia tecnocientífica do concreto armado dos países dependentes

Resumo

Ao longo deste texto, acompanharemos a construção da hegemonia tecnocientífica do concreto armado no contexto do capitalismo dependente latino-americano. Nossa intenção é demonstrar alguns momentos históricos fundamentais que identificamos na construção dessa hegemonia, iniciada com o modernismo arquitetônico no segundo quartel do século passado, seguida pela sua consolidação, a partir da década de 1960, com as políticas habitacionais, finalmente, discutiremos o aprofundamento e a ampliação do seu horizonte, verificados também com as políticas de produção de moradia dos governos de conciliação, no início do século XXI. Nesse recorte temporal, pretendemos apenas identificar alguns elementos que marcaram a reorganização do setor produtivo-industrial da construção civil e da produção do espaço construído. Essa hegemonia representou a construção de uma nova etapa da tecnociência capitalista, carregada de um racismo epistêmico, que subjugou outras opções tenocientíficas, outras práticas construtivas de produção do espaço, especialmente da moradia popular, criando novas contradições ao acesso a ela e à exploração e alienação do trabalho, perpetuando a colonialidade. Nos guiaremos pela Teoria Marxista da Dependência, em diálogo com o pensamento decolonial, visando a compreensão dos processos históricos da construção dessa hegemonia, acompanhados pela agudização da exploração da força de trabalho nos canteiros de obra.