Descolonizando a capital: cartografia político-afetiva de corpos errantes pela cidade de Brasília

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.posfauusp.2024.208304

Palavras-chave:

Cartografia, Intervenções urbanas, Estética decolonial, Errância, Brasília, DF.

Resumo

A partir da análise de intervenções urbanas de quatro artistas e coletivos do centro e da periferia do Distrito Federal, proponho a elaboração de uma breve cartografia político-afetiva de Brasília, cujo projeto urbanístico original se caracteriza por constituir um dispositivo urbano segregacionista que confere à cidade, até hoje, uma das maiores desigualdades sociais do país. Para tanto, recorro inicialmente à concepção de estética decolonial como aporte teórico-epistemológico para descentralizar o papel da representação e do estímulo visual nas artes de modo a priorizar outras formas de produção de sentido pela aisthesis, colocando o corpo como agente de ocupação da cidade, conforme proposto pela prática do delirium ambulatorium em Hélio Oiticica. Encontro, nos artistas abordados, reverberações do pintor e escultor tropicalista na prática estética do caminhar e da errância como possibilidade de fundir o corpo ao espaço, constituindo um modo subversivo de compreender a formação de subjetividades no contexto urbano neoliberal.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

BRITTO, Fabiana Dultra; JACQUES, Paola Berenstein. Corpocidade: arte enquanto micro-resistência urbana. Fractal: Revista de Psicologia, v. 21, p. 337-349, 16 set. 2009.

CARERI, Francesco et al. Walkscapes: el andar como práctica estética. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2013.

DELEUZE, Gilles. ¿ Que és um dispositivo ? In: DELEUZE, Gilles. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 1990, pp. 155-161.

DOS ANJOS, Moacir. As ruas e as bobagens: anotações sobre odelirium ambulatorium de Hélio Oiticica. ARS (São Paulo), v. 10, p. 22-45, 2012.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. 22. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2012.

FREITAS, Gabriela. Reconfigurações do conceito de flâneur pelas práticas artísticas do caminhar na artemídia contemporânea. Acta poética, v. 41, n. 2, p. 131-148, 2020.

GONZÁLEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan./jun, 1988.

HARVEY, David. Direito à cidade. Lutas Sociais, São Paulo, n.29, p.73-89, jul./dez, 2012.

JACQUES, Berenstein Paola. Elogio aos errantes. Salvador : EDUFBA, 2012.

MIGNOLO, Walter. Estéticas decoloniales. Bogotá: Editorial Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2012.

MIGNOLO, Walter; GOMEZ, Pedro Pablo (Eds.). Estéticas y opción decolonial. Bogotá: Editorial Universidad Distrital Francisco José de Caldas, 2012.

ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental. Transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Editora Sulina, 2011.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço. 4 ed. São Paulo: EdUSP, 2006.

SILVA, Armando. Atmosferas Urbanas, São Paulo: Edições Sesc, 2014.

Downloads

Publicado

2024-02-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Freitas, G. (2024). Descolonizando a capital: cartografia político-afetiva de corpos errantes pela cidade de Brasília. PosFAUUSP, 31(58), e208304. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.posfauusp.2024.208304