Memória corporal e hipocondria: um vivido arcaico sempre presente?

Autores

  • Patrícia Paraboni Universidade Federal do Rio de Janeiro; Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica
  • Marta Rezende Cardoso Universidade Federal do Rio de Janeiro; Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica

DOI:

https://doi.org/10.1590/0103-656420150004

Palavras-chave:

hipocondria, corpo, memória

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a singularidade da dimensão de memória na hipocondria. A angústia corporal que lhe é característica constitui um dos modos mais arcaicos de vivência da experiência de morte, projetando-se na concretude e no imediato do corpo. Na hipocondria, o caráter persecutório que incide sobre o corpo do sujeito implica uma “atualização” no sentido de um retorno demoníaco do mesmo, de um vivido traumático primordial. O perigo iminente de morte, apresentado pela doença grave da qual esses sujeitos estão convencidos de terem sido acometidos, expressa a contínua percepção que eles têm dos estados do corpo. Isso resulta da permanência na vida psíquica de um tempo presentificado, tempo do arcaico, mais próximo do registro da percepção. Desse modo, o ego atualiza seu modo de existência mais elementar e primordial, protegendo-se, paradoxalmente, dos efeitos do traumático.

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Publicado

2016-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Memória corporal e hipocondria: um vivido arcaico sempre presente?. (2016). Psicologia USP, 27(3), 473-481. https://doi.org/10.1590/0103-656420150004