Da transfobia ao racismo: experiências de transição de homens transexuais negros
DOI:
https://doi.org/10.1590/0103-6564e200212%20Palavras-chave:
transexualidade, relações étnicas e raciais, racismo, identidade de gênero, interseccionalidadeResumo
A visibilidade social e acadêmica de homens transexuais deu-se tardiamente em comparação com mulheres trans. Ainda mais invisíveis são as experiências de transição dos homens trans negros, que agregam a intersecção gênero-raça. Este estudo qualitativo teve por objetivo analisar como homens transexuais negros vivenciam suas experiências de transição de gênero, à luz do conceito de interseccionalidade. Participaram quatro homens que se autodeclararam transexuais e negros, de 22 a 33 anos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, seguidas de análise temática. Os resultados apontam que o reconhecimento social das identidades transmasculinas advém do racismo, quando este se intersecciona com a transfobia. À medida que o sujeito passa a ser lido como homem, recebe o atributo racista de “perigoso”. A baixa empregabilidade é uma das consequências perversas dessa leitura que articula dois eixos de subordinação: transgeneridade e raça. Há urgência de políticas públicas para que se interrompa esse ciclo de desempoderamento interseccional.
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