Utilização de medicamentos e fatores associados entre crianças residentes em áreas pobres

Autores

  • Djanilson Barbosa Santos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; Centro de Ciências da Saúde
  • Mauricio Lima Barreto Universidade Federal da Bahia; Instituto de Saúde Coletiva
  • Helena Lutescia Luna Coelho Universidade Federal do Ceará; Faculdade de Farmácia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000500005

Palavras-chave:

Criança, Uso de Medicamentos, Fatores Socioeconômicos, Desigualdades em Saúde, Estudos Transversais, Farmacoepidemiologia

Resumo

OBJETIVO: Descrever o perfil de uso de medicamentos entre crianças residentes em áreas pobres e fatores associados. MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional que incluiu 1.382 crianças entre quatro e 11 anos de idade, selecionadas por amostragem aleatória de 24 micro-áreas representativas das zonas mais pobres da população residente no município de Salvador, BA, em 2006. A variável dependente foi o consumo de medicamentos nos 15 dias anteriores à realização dos inquéritos. Foram considerados três grupos de variáveis explanatórias: socioeconômicas, estado de saúde da criança e utilização dos serviços de saúde. A análise ajustada utilizou regressão de Poisson seguindo um modelo conceitual hierarquizado. RESULTADOS: A prevalência de consumo de medicamentos em crianças foi de 48%. As crianças do sexo feminino apresentaram prevalência de utilização de medicamentos superior ao sexo masculino, 50,9% e 45,4%, respectivamente (p=0,004). A prevalência de uso de medicamentos diminuiu significativamente com a idade (p<0,001) em ambos os sexos. Os grupos farmacológicos mais utilizados foram os analgésicos/antitérmicos (25,5%), antibacterianos sistêmicos (6,5%) e antitussígenos/expectorantes (6,2%). Na análise multivariada os fatores determinantes de maior utilização de medicamentos foram: idade (quatro a cinco, seis, sete a oito anos), sexo feminino, mães de cor da pele branca, pior percepção de saúde, interrupção de atividades por problemas de saúde e atendimento de saúde independentemente de estar doente nos últimos 15 dias, gasto com medicamentos no último mês e realização de consultas ao médico nos últimos três meses. CONCLUSÕES: A prevalência de uso de medicamentos entre crianças pobres estudadas foi inferior à verificada em outros estudos populacionais no Brasil, mas semelhante à de adultos. A identificação de grupos mais sujeitos ao uso excessivo de medicamentos pode embasar estratégias para promoção de seu uso racional.

Publicado

2009-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Santos, D. B., Barreto, M. L., & Coelho, H. L. L. (2009). Utilização de medicamentos e fatores associados entre crianças residentes em áreas pobres . Revista De Saúde Pública, 43(5), 768-778. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000500005