Existe desigualdade socioeconômica na multimorbidade entre adultos brasileiros?

Autores/as

  • Ândria Krolow Costa Universidade Federal de Pelotas
  • Andréa Dâmaso Bertoldi Universidade Federal de Pelotas
  • Andréia Turmina Fontanella Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Luiz Roberto Ramos Universidade Federal de São Paulo
  • Paulo Sergio Dourado Arrais Universidade Federal do Ceará
  • Vera Lucia Luiza Fundação Oswaldo Cruz
  • Sotero Serrate Mengue Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Bruno Pereira Nunes Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002569

Palabras clave:

Adulto, Fatores Socioeconômicos, Multimorbidade, Estudos transversais

Resumen

OBJETIVO: Avaliar a prevalência de multimorbidade e a associação desta com indicadores socioeconômicos entre adultos brasileiros. MÉTODOS: Estudo transversal que utilizou dados oriundos da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil, realizada entre 2013 e 2014. Multimorbidade foi definida como a coexistência, no mesmo indivíduo, de duas ou mais doenças crônicas, e é mensurada a partir de uma lista de 14 morbidades (autorrelato de diagnóstico médico na vida). Classe econômica e escolaridade foram os indicadores socioeconômicos utilizados, sendo as desigualdades avaliadas pelo Slope Index of Inequality (SII) e pelo Concentration Index (CIX), estratificadas por sexo. RESULTADOS: O estudo considerou 23.329 mil adultos (52,8% de mulheres), com média de idade de 37,9 anos. Hipertensão e colesterol alto foram as condições mais prevalentes. A prevalência de multimorbidade foi de 10,9% (IC95% 10,1–11,7), representando, aproximadamente, 11 milhões de indivíduos no Brasil, sendo 14,5% (IC95% 13,5–15,4) entre mulheres e 6,8% (IC95% 5,9–7,8) entre homens. A ocorrência de multimorbidade foi similar segundo os indicadores socioeconômicos. Nas análises de desigualdade, observou-se diferença absoluta e relativa para homens com maior poder aquisitivo (SII = 3,7; IC95% 0,3–7,0) e maior escolaridade (CIX = 7,1; IC95% 0,9–14,7), respectivamente. CONCLUSÕES: A frequência de adultos brasileiros com multimorbidade é alta, principalmente em termos absolutos. Desigualdades socioeconômicas na multimorbidade foram observadas somente entre homens.

Biografía del autor/a

  • Ândria Krolow Costa, Universidade Federal de Pelotas

    Universidade Federal de Pelotas. Faculdade de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Pelotas, RS, Brasil

  • Andréa Dâmaso Bertoldi, Universidade Federal de Pelotas

    Universidade Federal de Pelotas. Faculdade de Medicina. Departamento de Medicina Social. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Pelotas, RS, Brasil

  • Andréia Turmina Fontanella, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Porto Alegre, RS, Brasil

  • Luiz Roberto Ramos, Universidade Federal de São Paulo

    Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Departamento de Medicina Preventiva. São Paulo, SP, Brasil

  • Paulo Sergio Dourado Arrais, Universidade Federal do Ceará

    Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem. Fortaleza, CE, Brasil

  • Vera Lucia Luiza, Fundação Oswaldo Cruz

    Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública. Rio de Janeiro, RJ, Brasil

  • Sotero Serrate Mengue, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. Porto Alegre, RS, Brasil

  • Bruno Pereira Nunes, Universidade Federal de Pelotas

    Universidade Federal de Pelotas. Faculdade de Enfermagem. Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva. Pelotas, RS, Brasil

Referencias

Mercer S, Furler J, Moffat K, Fischbacher-Smith D, Sanci LA. Multimorbidity: technical series on safer primary care. Genebra: World Health Organization; 2016.

Puth M-T, Weckbecker K, Schmid M, Münster E. Prevalence of multimorbidity in Germany: impact of age and educational level in a cross-sectional study on 19,294 adults. BMC Public Health. 2017;17(1):826. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-017-4833-3.

Prazeres F, Santiago L. Prevalence of multimorbidity in the adult population attending primary care in Portugal: a cross-sectional study. BMJ Open. 2015;5(9):e009287. http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2015-009287.

Nunes BP, Chiavegatto Filho ADP, Pati S, Cruz Teixeira DS, Flores TR, Camargo-Figuera FA, et al. Contextual and individual inequalities of multimorbidity in Brazilian adults: a cross-sectional national-based study. BMJ Open. 2017;7(6):e015885.

http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2017-015885.

Nunes BP, Camargo-Figuera FA, Guttier M, de Oliveira PD, Munhoz TN, Matijasevich A, et al. Multimorbidity in adults from a southern Brazilian city: occurrence and patterns. Int J Public Health. 2016;61(9):1013-20. http://dx.doi.org/10.1007/s00038-016-0819-7.

Violán C, Foguet-Boreu Q, Roso-Llorach A, Rodriguez-Blanco T, Pons-Vigués M, Pujol-Ribera E, et al. Patrones de multimorbilidad en adultos jóvenes en Cataluña: un análisis de clústeres. Aten Primaria. 2016;48(7):479-92.

http://dx.doi.org/10.1016/j.aprim.2015.10.006.

Taylor AW, Price K, Gill TK, Adams R, Pilkington R, Carrangis N, et al. Multimorbidity, not just an older person’s issue: results from an Australian biomedical study. BMC Public Health. 2010;10(1):718. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-10-718.

Carvalho JN de, Roncalli ÂG, Cancela M de C, Souza DLB de. Prevalence of multimorbidity in the Brazilian adult population according to socioeconomic and demographic characteristics. PLoS One. 2017;12(4):e0174322.

http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0174322. eCollection 2017.

Rzewuska M, de Azevedo-Marques JM, Coxon D, Zanetti ML, Zanetti ACG, Franco LJ, et al. Epidemiology of multimorbidity within the Brazilian adult general population: evidence from the 2013 National Health Survey (PNS 2013).

PLoS One. 2017;12(2):e0171813. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0171813.

Roberts KC, Rao DP, Bennett TL, Loukine L, Jayaraman GC. Prevalence and patterns of chronic disease multimorbidity and associated determinants in Canada. Health Promot Chronic Dis Prev Can. 2015;35(6):87-94.

http://dx.doi.org/10.24095/hpcdp.35.6.01.

Alimohammadian M, Majidi A, Yaseri M, Ahmadi B, Islami F, Derakhshan M, et al. Multimorbidity as an important issue among women: results of a gender difference investigation in a large population-based cross-sectional study in West Asia. BMJ Open. 2017;7(5):e013548. http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2016-013548.

Jantsch AG, Alves RFS, Faerstein E. Educational inequality in Rio de Janeiro and its impact on multimorbidity: evidence from the Pró-Saúde study. A cross-sectional analysis. São Paulo Med J. 2018;136(1):51-8. http://dx.doi.org/10.1590/1516-3180.2017.0209100917.

Pathirana TI, Jackson CA. Socioeconomic status and multimorbidity: a systematic review and meta-analysis. Aust N Z J Public Health. 2018;42(2):186-94. http://dx.doi.org/10.1111/1753-6405.12762.

Nagel G, Peter R, Braig S, Hermann S, Rohrmann S, Linseisen J. The impact of education on risk factors and the occurrence of multimorbidity in the EPIC-Heidelberg cohort. BMC Public Health. 2008;8(1):384. http://dx.doi.org/10.1186/1471-2458-8-384.

Barros MB de A, Francisco PMSB, Zanchetta LM, César CLG. Tendências das desigualdades sociais e demográficas na prevalência de doenças crônicas no Brasil, PNAD: 2003-2008. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(9):3755-68.

http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232011001000012.

Mengue SS, Bertoldi AD, Boing AC, Tavares NUL, Pizzol TSD, Oliveira MA, et al. National Survey on Access, Use and Promotion of Rational Use of Medicines (PNAUM): household survey component methods. Rev Saúde Pública. 2016;50(Suppl 2):4s. http://dx.doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050006156.

Fortin M, Stewart M, Poitras M-E, Almirall J, Maddocks H. A systematic review of prevalence studies on multimorbidity: toward a more uniform methodology. Ann Fam Med. 2012;10(2):142-51. http://dx.doi.org/10.1370/afm.1337.

Barros AJD, Victora CG. Measuring coverage in MNCH: determining and interpreting inequalities in coverage of maternal, newborn, and child health interventions. PLoS Med. 2013;10(5):e1001390. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pmed.1001390.

Nguyen H, Manolova G, Daskalopoulou C, Vitoratou S, Prince M, Prina AM. Prevalence of multimorbidity in community settings: a systematic review and meta-analysis of observational studies. J Comorbidity. 2019;9:2235042X1987093.

http://dx.doi.org/10.1177/2235042X19870934.

Araujo MEA, Silva MT, Galvão TF, Nunes BP, Pereira MG. Prevalence and patterns of multimorbidity in Amazon Region of Brazil and associated determinants: a cross-sectional study. BMJ Open. 2018;8(11):e023398. http://dx.doi.org/10.1136/bmjopen-2018-023398.

Wang Y-P, Nunes BP, Coêlho BM, Santana GL, Nascimento CF, Viana MC, et al. Multilevel analysis of the patterns of physical-mental multimorbidity in general population of São Paulo Metropolitan Area, Brazil. Sci Rep. 2019;9(1):2390.

http://dx.doi.org/10.1038/s41598-019-39326-8.

Barnett K, Mercer SW, Norbury M, Watt G, Wyke S, Guthrie B. Epidemiology of multimorbidity and implications for health care, research, and medical education: a cross-sectional study. Lancet. 2012;380(9836):37-43. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60240-2.

Afshar S, Roderick PJ, Kowal P, Dimitrov BD, Hill AG. Multimorbidity and the inequalities of global ageing: a cross-sectional study of 28 countries using the World Health Surveys. BMC Public Health. 2015;15(1):776. http://dx.doi.org/10.1186/s12889-015-2008-7.

Mendoza-Sassi R, Béria JU. Utilización de los servicios de salud: una revisión sistemática sobre los factores relacionados. Cad Saúde Pública. 2001;17(4):819-32. http://dx.doi.org/10.1590/s0102-311x2001000400016.

Buttorff C, Ruder T, Bauman M. Multiple chronic conditions in the United States. Santa Monica: Rand; 2017.

Salomon JA, Wang H, Freeman MK, Vos T, Flaxman AD, Lopez AD, et al. Healthy life expectancy for 187 countries, 1990-2010: a systematic analysis for the Global Burden Disease Study 2010. Lancet. 2012;380(9859):2144-62.

https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)61690-0.

Violan C, Foguet-Boreu Q, Flores-Mateo G, Salisbury C, Blom J, Freitag M, et al. Prevalence, determinants and patterns of multimorbidity in primary care: a systematic review of observational studies. PLoS One. 2014;9(7):e102149.

http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0102149.

Lima-Costa MF, Peixoto SV, Firmo JOA, Uchoa E. Validade do diabetes auto-referido e seus determinantes: evidências do projeto Bambuí. Rev Saúde Pública. 2007;41(6):947-53. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-89102007000600009.

Leggett LE, Khadaroo RG, Holroyd-Leduc J, Lorenzetti DL, Hanson H, Wagg A, et al. Measuring resource utilization: a systematic review of validated self-reported questionnaires. Medicine (Baltimore). 2016;95(10):e2759.

http://dx.doi.org/10.1097/MD.0000000000002759.

Gonçalves VSS, Andrade KRC, Carvalho KMB, Silva MT, Pereira MG, Galvão TF. Accuracy of self-reported hypertension: a systematic review and meta-analysis. J Hypertens. 2018;36(5):970-8. http://dx.doi.org/10.1097/HJH.0000000000001648.

Publicado

2020-12-12

Número

Sección

Original Articles

Cómo citar

Costa, Ândria K., Bertoldi, A. D., Fontanella, A. T., Ramos, L. R., Arrais, P. S. D., Luiza, V. L., Mengue, S. S., & Nunes, B. P. (2020). Existe desigualdade socioeconômica na multimorbidade entre adultos brasileiros?. Revista De Saúde Pública, 54, 138. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002569