Revisão sistemática sobre a atenção à saúde para travestis e transexuais no Brasil

Autores/as

  • Rafael Rodolfo Tomaz de Lima Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Natal, RN, Brasi https://orcid.org/0000-0003-0647-5093
  • Taiana Brito Menêzes Flor Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Natal, RN, Brasil https://orcid.org/0000-0001-5164-8446
  • Luiz Roberto Augusto Noro Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Natal, RN, Brasil https://orcid.org/0000-0001-8244-0154

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004693

Palabras clave:

Travestilidade, Transexualidade, Saúde das Minorias, Sistema Único de Saúde, Revisão Sistemática

Resumen

OBJETIVO: Sintetizar evidências científicas para caracterizar a atenção à saúde para travestis e transexuais no Brasil. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática, conduzida de julho de 2020 a janeiro de 2021 e atualizada em setembro de 2021, cujo protocolo está registrado na plataforma International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO), sob o código CRD42020188719. O levantamento das evidências foi realizado em quatro bases de dados e os artigos elegíveis foram avaliados perante a qualidade metodológica, sendo incluídos aqueles com baixo risco de viés. RESULTADOS: 15 artigos foram selecionados e os achados, de acordo com as suas aproximações temáticas, foram agrupados em seis categorias: Possibilidades para transformar a atenção à saúde; Travestifobia e transfobia: violações dentro e fora do Sistema Único de Saúde (SUS); Despreparo profissional para a atenção às travestis e transexuais; Busca por alternativas para a atenção à saúde; Direito à saúde para travestis e transexuais: utopia ou realidade?; O Processo Transexualizador: avanços e desafios. CONCLUSÕES: As evidências revelam que a atenção à saúde para travestis e transexuais no Brasil ainda é excludente, fragmentada, centralizada no cuidado especializado e pautada por ações curativas, assemelhando-se aos modelos de atenção que antecedem o SUS e que são fortemente criticados desde a Reforma Sanitária Brasileira.

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Publicado

2023-03-30

Número

Sección

Review

Cómo citar

Lima, R. R. T. de, Flor, T. B. M., & Noro, L. R. A. (2023). Revisão sistemática sobre a atenção à saúde para travestis e transexuais no Brasil. Revista De Saúde Pública, 57(1), 19. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004693

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