Governança regional: estratégias e disputas para gestão em saúde

Autores/as

  • Adriano Maia dos Santos Universidade Federal da Bahia; Campus Anísio Teixeira; Instituto Multidisciplinar em Saúde
  • Ligia Giovanella Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; Departamento de Administração e Planejamento em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005045

Resumen

OBJETIVO Analisar o sistema de governança regional em saúde quanto a estratégias e disputas de gestão. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Pesquisa qualitativa com gestores de saúde de 19 municípios que integram a região de saúde no estado da Bahia. Foram realizadas 17 entrevistas semiestruturadas com gestores/gerentes (estadual, regional e municipal), grupo focal, observações na Comissão Intergestores Regional e documentos institucionais, em 2012. Foram analisados os componentes político-institucional e organizacional e interpretados pela hermenêutica-dialética. RESULTADOS A comissão intergestores regional foi a principal estratégia da governança regional, sendo ferramenta fundamental para fortalecimento da governança por reunir diferentes sujeitos responsáveis pela tomada de decisão nos territórios sanitários e pela negociação da alocação de recursos e distribuição dos estabelecimentos de uso comum na região. A rotatividade de secretários de saúde, baixa autonomia nas decisões executivas, a qualificação técnica insuficiente para exercício da função e o atravessamento das políticas partidárias na tomada de decisão são fatores que obstruem a comissão intergestores regional às demandas sociais. Recursos financeiros insuficientes não viabilizam o cumprimento da programação pactuada integrada nem o aumento da oferta pública na rede e impunham ao gestor a compra de serviços no mercado privado por valores acima da Tabela do Sistema Único de Saúde. Foram relatados atravessadores contratados para agilizar o acesso aos serviços especializados (diagnóstico, terapêutico e/ou cirúrgico) em outros municípios mediante pagamento direto a médicos por procedimentos já custeados pelo Sistema Único de Saúde. CONCLUSÕES A rede regionalizada de saúde apresenta padrão de governança conflitante e com institucionalidade intermediária. A comissão intergestores regional necessita incorporar, à rotina de gestão, dispositivos mais democráticos que logrem articulação com instituições de ensino, permeáveis às demandas sociais, para definição das políticas regionais.

Publicado

2014-08-01

Número

Sección

Original Articles

Cómo citar

Santos, A. M. dos, & Giovanella, L. (2014). Governança regional: estratégias e disputas para gestão em saúde . Revista De Saúde Pública, 48(4), 622-631. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005045