Mortalidade cerebrovascular: tendência e sazonalidade nas capitais brasileiras, 2000–2019

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004813

Palavras-chave:

Mortalidade, Estações do Ano, Hemorragia Cerebral, Isquemia Encefálica

Resumo

OBJETIVO: Avaliar a tendência e a sazonalidade das taxas de mortalidade cerebrovascular na população adulta das capitais brasileiras de 2000 a 2019. MÉTODOS: Estudo ecológico e descritivo de séries temporais de mortalidade por causas cerebrovasculares em adultos (≥ 18 anos) residentes nas capitais do Brasil no período 2000–2019, obtidas do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Técnicas de estatística descritiva foram aplicadas na análise exploratória dos dados e no resumo de taxas específicas, padronizadas e razões por características sociodemográficas. A regressão de pontos de junção ( jointpoint regression model) e stimou a t endência d as t axas d e m ortalidade c erebrovascular p or s exo, grupos etários e regiões geográficas. A variabilidade sazonal por regiões geográficas das taxas foi estimada utilizando o modelo aditivo generalizado por meio de splines de suavização cúbica. RESULTADOS: As pessoas maiores de 60 anos representaram 77% dos óbitos cerebrovasculares. Predominaram o sexo feminino (52%), a raça branca (47%), os solteiros (59%) e a baixa escolaridade (57%, ensino fundamental). As capitais Recife (20/1.000 hab.) e Vitória (16/1.000 hab.) apresentaram as maiores taxas brutas de mortalidade. Aplicando as taxas padronizadas Recife (49/10.000 hab.) e Palmas (47/10.000 hab.) prevaleceram. As taxas de mortalidade cerebrovascular no Brasil apresentam uma tendência favorável ao declínio em ambos os sexos e em adultos. A sazonalidade mostrou influenciar na elevação das taxas entre os meses de julho a agosto em quase todas as capitais das regiões, exceto na Norte, que se elevaram nos meses de março, abril e maio. CONCLUSÕES: Os óbitos por causa cerebrovascular prevaleceram em pessoas idosas, solteiras e com baixa escolaridade. A tendência foi favorável ao declínio, sendo o inverno o período de maior risco. As diferenças regionais permitem subsidiar os tomadores de decisões em relação à implementação de políticas públicas para reduzir a mortalidade cerebrovascular.

Referências

GBD 2019 Stroke Collaborators. Global, regional, and national burden of stroke, 1990 - 2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet Neurol. 2021 Oct;20(10):795-820. https://doi.org/10.1016/S1474-4422(21)00252-0

Souza CDF, Oliveira DJ, Silva LF, Santos CD, Pereira MC, Paiva JPS, et al. Tendência da mortalidade por doenças cerebrovasculares no Brasil (1996-2015) e associação com desenvolvimento humano e vulnerabilidade social. Arq Bras Cardiol. 2021;116(1):89-99. https://doi.org/10.36660/abc.20190532

Lotufo PA, Goulart AC, Passos VMA, Satake FM, Souza MDFM, França EB, et al. Cerebrovascular disease in Brazil from 1990 to 2015: Global Burden of Disease 2015. Rev Bras Epidemiol. 2017;20(Supl 1):129-41. https://doi.org/10.1590/1980-5497201700050011

Oliveira MG, Brant LCC, Polanczyk CA, Biolo A, Nascimento BR, Malta DC, et al. Estatística cardiovascular Brasil 2020. Arq Bras Cardiol. 2020 set;115(3):308-439. https://doi.org/10.36660/abc.20200812

5 World Health Organization. Population Division World Urbanization Prospects 2018 New York: World Health Organization [citado 28 maio 2021]. Disponível em: https://population.un.org/wup/DataQuery/

Ministério da Saúde (BR). Datasus. TABNET. [1991] [citado 25 março 2022]. Disponível em:

https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/

Lotufo PA. Mortalidade pela doença cerebrovascular no Brasil. Rev Bras Hipertens. 2000; 7(4):387-91.

Medeiros ADO, Silva MN, Souza MA, Machado Neto CD, Daltro MCSL. Óbitos por causas mal definidas no Brasil e regiões. Fisioterapia Brasil 2018;19(5 Supl 2):S232-5.

Giorgini P, Di Giosia P, Petrarca M, Lattanzio F, Stamerra CA, Ferri C. Climate changes and human health: a review of the effect of environmental stressors on cardiovascular diseases across epidemiology and biological mechanisms. Curr Pharm Des. 2017;23(22):3247-61. https://doi.org/10.2174/138161282366617031714324

Hacon SS, Costa D, Siqueira ASP, Pinheiro SL, Gonçalves KS, Oliveira A et al. Modelagem climática e vulnerabilidades setoriais à mudança do clima no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; 2016. Capítulo 8, Vulnerabilidade, riscos e impactos das mudanças climáticas sobre a saúde no Brasil; p. 387-455.

Nordness R. Secretos de epidemiologia y bioestadística. Barcelona: Elsevier; 2006.

Kim HJ, Fay MP, Feuer EJ, Midthune DN. Pruebas de permutación para regresión de punto de unión con aplicaciones a tasas de cáncer. Stat Med 2000;19:335-51.

Hastie TJ, Tibshirani RJ. Generalized additive models. USA: Chapman & Hall;1990.

Ministério da Saúde (BR). Saúde Brasil 2018: uma análise da situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2019.

Onaolapo AY, Onaolapo OJ, Nathaniel TI. Cerebrovascular disease in the young adult: examining melatonin’ s possible multiple roles. J Exp Neurosci. 2019 Jan;13:1179069519827300. https://doi.org/10.1177/1179069519827300

Boot E, Ekker MS, Putaala J, Kittner S, Leeuw F-E De, Tuladhar AM. Ischaemic stroke in young adults: a global perspective. 2020;91(4):411-7. https://doi.org/10.1136.jnnp-2019-322424

Botelho TS, Neto CDM, Araújo FLC, Assis SC. Epidemiologia do acidente vascular cerebral no Brasil. Temas Saúde. 2016;16(2):361-77.

Lotufo PA, Bensenor IJM. Race and stroke mortality in Brazil. Rev Saúde Pública 2013 Dec;47(6):1201-4. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047004890

Hamad MNM, Elbadri FA. Strogen a wonderful hormone. Mauritius: Lab Lambert; 2017.

Ministério da Saúde (BR). Indicadores e Dados Básicos - Brasil – 2012. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2012 [citado 28 jan 2022]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/matriz.htm#socio

Curioni C, Cunha CB, Veras RP, André C. The decline in mortality from circulatory diseases in Brazil. Rev Panam Salud Publica 2009 Jan;25(1):9-15. https://doi.org/10.1590/s1020-49892009000100002

Omama S, Ogasawara K, Inoue Y, Ishibashi Y, Ohsawa M, Onoda T, et al. Ten-year cerebrovascular disease trend occurrence by population-based stroke registry in an aging Japan Local Prefecture. J Stroke Cerebrovasc Dis. 2020 Mar;29(3):104580. https://doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2019.104580

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2014. 1

Lee J, Bahk J, Kim I, Kim YY, Yun SC, Kang HY, et al. Geographic variation in morbidity and mortality of cerebrovascular diseases in Korea during 2011-2015. J Stroke Cerebrovasc Dis. 2018 Mar;27(3):747-57. https://doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2017.10.011

Yanez N, Useche JN, Bayona H, Porras A, Carrasquilla G. Analyses of mortality and prevalence of cerebrovascular disease in Colombia, South America (2014-2016): a cross-sectional and ecological study. J Stroke Cerebrovasc Dis. 2020 May;29(5):104699. https://doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2020.104699

Cavalcanti IFA, Ferreira NJ, Silva MGAJ, Dias MAFS. Tempo e clima no Brasil. São Paulo: Oficina de Textos; 2009.

Keatinge WR, Donaldson GC, Cordioli E, Martinelli M, Kunst AE, Mackenbach JP, et al. Heat related mortality in warm and cold regions of Europe: observational study. BMJ. 2000 Sep;321(7262):670-3. htttps://doi.org/10.1136/bmj.321.7262.670

Su X, Cheng Y, Wang Y, Liu Y, Li N, Li Y, et al. Regional temperature-sensitive diseases and attributable fractions in China. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(1):184. https://doi.org/10.3390/ijerph17010184

Silveira IH, Fátima B, Oliveira A, Cortes TR, Junger WL. The effect of ambient temperature on cardiovascular mortality in 27 Brazilian cities. Sci Total Environ. 2019 Nov;691:996-1004. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2019.06.493

Publicado

2023-09-14

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Romero, L. S., Jacobson, L. da S. V., & Hacon, S. de S. (2023). Mortalidade cerebrovascular: tendência e sazonalidade nas capitais brasileiras, 2000–2019. Revista De Saúde Pública, 57(1), 53. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057004813

Dados de financiamento