Desigualdades raciais, sociodemográficas e na assistência ao pré-natal e ao parto, 1999-2001

Autores

  • Maria do Carmo Leal Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde
  • Silvana Granado Nogueira da Gama Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde
  • Cynthia Braga da Cunha Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000100013

Palavras-chave:

Cuidado pré-natal, Cuidado pós-natal, Iniqüidade social, Acesso aos serviços de saúde, Eqüidade no acesso

Resumo

OBJETIVO: Analisar as desigualdades sociais e no acesso e utilização dos serviços de saúde em relação à cor da pele em amostra representativa de puérperas que demandaram atenção hospitalar ao parto. MÉTODOS: Trata-se de estudo transversal, realizado no Município do Rio de Janeiro, no qual foram amostradas 9.633 puérperas, sendo 5.002 brancas (51,9%), 2.796 pardas (29,0%) e 1.835 negras (19,0%), oriundas de maternidades públicas, conveniadas com o Sistema Único de Saúde e particulares no período de 1999 a 2001. Os dados foram coletados de prontuários médicos e por entrevistas com as mães no pós-parto imediato, aplicando questionários padronizados. Foram utilizados os testes de chi² para analisar a homogeneidade das proporções e t de Student para comparação de médias. A análise foi estratificada segundo o grau de instrução materna. RESULTADOS: Observou-se persistente situação desfavorável das mulheres de pele preta e parda em relação às brancas. Nas mulheres pretas e pardas são maiores as proporções de puérperas adolescentes, com baixa escolaridade, sem trabalho remunerado e vivendo sem companheiro. Sofrer agressão física, fumar, tentar interromper a gravidez e peregrinar em busca de atenção médica foram mais freqüentes nas negras seguidas das pardas e das brancas com baixa escolaridade. O grupo de elevado nível de escolaridade tem melhores indicadores, mas repete o mesmo padrão. Esse gradiente se mantém, em sentido inverso, quanto à satisfação com a assistência prestada no pré-natal e no parto. Constata-se a existência de duas formas de discriminação, por nível educacional e cor da pele. CONCLUSÕES: Verificaram-se dois níveis de discriminação, a educacional e a racial, que perpassam a esfera da atenção oferecida pelos serviços de saúde à população de puérperas do Município do Rio de Janeiro.

Publicado

2005-01-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Leal, M. do C., Gama, S. G. N. da, & Cunha, C. B. da. (2005). Desigualdades raciais, sociodemográficas e na assistência ao pré-natal e ao parto, 1999-2001 . Revista De Saúde Pública, 39(1), 100-107. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000100013