Diferenças socioeconômicas entre autoclassificação e heteroclassificação de cor/raça

Autores

  • João Luiz Bastos Universidade Federal de Pelotas; Programa de Pós-graduação em Epidemiologia
  • Marco Aurélio Peres Universidade Federal de Santa Catarina; Departamento de Saúde Pública; Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
  • Karen Glazer Peres Universidade Federal de Santa Catarina; Departamento de Saúde Pública; Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
  • Samuel Carvalho Dumith Universidade Federal de Pelotas; Programa de Pós-graduação em Epidemiologia
  • Denise Petrucci Gigante Universidade Federal de Pelotas; Programa de Pós-graduação em Epidemiologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102008005000005

Palavras-chave:

Raça e Saúde, Fatores Socioeconômicos, Iniqüidade Social, Estudos Transversais

Resumo

OBJETIVO: Avaliar (1) a consistência entre cor/raça autoclassificada e determinada por entrevistador segundo variáveis socioeconômicas e demográficas e (2) a magnitude das desigualdades étnico-raciais de renda e condição socioeconômica utilizando cor/raça autoclassificada e heteroclassificada. MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional com indivíduos >;20 anos (N=3.353), de ambos os sexos, conduzido na zona urbana de Pelotas, Rio Grande do Sul, em 2005. O processo de amostragem ocorreu em dois estágios e a coleta de dados foi domiciliar. Foram utilizados questionários padronizados e pré-codificados, aplicados sob a forma de entrevistas face-a-face. A consistência entre cor/raça autoclassificada e determinada pelo entrevistador foi verificada por meio da proporção de concordância e estatística kappa. Desigualdades étnico-raciais de renda e condição socioeconômica foram estimadas com os modelos de regressão linear e logística ordinal, ajustando-se para sexo, idade e escolaridade. RESULTADOS: A taxa de resposta foi de 93,5%. Apesar da alta reprodutibilidade observada para cor/raça, verificou-se tendência de branqueamento dos entrevistados. Autoclassificados pardos e pretos tiveram 1,4 e 1,5 vezes mais chance de serem classificados como brancos do que como pretos e pardos, respectivamente. Os valores de kappa foram mais altos nos grupos socialmente desfavorecidos. Evidenciaram-se desigualdades étnico-raciais de renda e condição socioeconômica, as quais foram ligeiramente maiores com cor/raça determinada por entrevistador. CONCLUSÕES: A classificação racial apresenta tendência ao branqueamento dos participantes por parte do entrevistador. Pardos e pretos encontraram-se em desvantagem socioeconômica quando comparados aos brancos.

Publicado

2008-04-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Bastos, J. L., Peres, M. A., Peres, K. G., Dumith, S. C., & Gigante, D. P. (2008). Diferenças socioeconômicas entre autoclassificação e heteroclassificação de cor/raça . Revista De Saúde Pública, 42(2), 324-334. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008005000005