Conseqüências da intangibilidade na gestão dos novos serviços de saúde mental

Autores

  • Marcia Terra da Silva Universidade de São Paulo; Escola Politécnica; Departamento de Engenharia de Produção
  • Selma Lancman Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional
  • Carolina Maria do Carmo Alonso FMUSP

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000800007

Palavras-chave:

Serviços de Saúde Mental, Recursos Humanos em Saúde, Gestão em Saúde, Estudos de Casos Organizacionais, Organização do trabalho

Resumo

OBJETIVO: Analisar a organização do trabalho em centros de atenção psicossocial a partir da lógica da área de gestão de serviços. MÉTODOS: Foi realizada uma análise organizacional por meio de estudo de caso em um serviço de atenção psicossocial em São Paulo (SP), entre 2006 e 2007. Foram analisadas cinco fontes de informação: documentos do Ministério da Saúde, relatórios de pesquisa realizada no serviço estudado, registros do serviço, entrevistas com trabalhadores do CAPS e gestores de saúde e observação simples. As entrevistas versaram sobre objetivos, resultados e avaliação do processo de trabalho. Cada fonte recebeu tratamento diferenciado de acordo com sua finalidade. Posteriormente um diálogo dos resultados obtidos visou a construção de uma cadeia de observações sobre a qual se fundamentou o estudo do caso. RESULTADOS: O CAPS se propõe a entregar resultado altamente intangível, que contempla o usuário no seu contexto social. A mudança almejada nas condições do usuário foi descrita como "a pessoa vivendo melhor". Tal condição possui difícil definição e compreensão acerca dos detalhes e limites dessa mudança, sendo, portanto, difícil medir os resultados. Aliado a isso, o processo de trabalho envolve atividades não rotineiras, não previstas e algumas vezes simultâneas, de tal forma que a equipe encontra dificuldade de reconhecer e legitimar os esforços para fazer o trabalho acontecer, fato descrito pelos trabalhadores como invisibilidade do trabalho. CONCLUSÕES: O processo de avaliação mostrou-se um aspecto complexo dessa intangibilidade aliado à inadequação e a insuficiência da estrutura administrativa do sistema de saúde municipal para acolher um serviço dessa natureza. Os resultados permitiram compreender melhor um campo de trabalho em que a subjetividade de trabalhadores e de usuários é inerente ao processo de gestão de serviços.

Publicado

2009-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Silva, M. T. da, Lancman, S., & Alonso, C. M. do C. (2009). Conseqüências da intangibilidade na gestão dos novos serviços de saúde mental . Revista De Saúde Pública, 43(suppl.1), 36-42. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000800007