Padrões de violência domiciliar associada ao uso de álcool no Brasil

Autores

  • Arilton Martins Fonseca Universidade Federal de São Paulo; Escola Paulista de Medicina; Departamento de Psicobiologia; Programa de Pós-Graduação
  • José Carlos Fernandes Galduróz Unifesp; EPM; Departamento de Psicobiologia
  • Cláudia Silveira Tondowski Universidade Federal de São Paulo; Escola Paulista de Medicina; Departamento de Psicobiologia; Programa de Pós-Graduação
  • Ana Regina Noto Universidade Federal de São Paulo; Escola Paulista de Medicina; Departamento de Psicobiologia; Programa de Pós-Graduação

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102009005000049

Palavras-chave:

Violência Doméstica, Consumo de Bebidas Alcoólicas, Relações Familiares, População Urbana, Levantamentos Epidemiológicos, Brasil

Resumo

OBJETIVO: Analisar as situações de violência domiciliar ocorridas com o agressor sob efeito do álcool. MÉTODOS: Foi realizado um levantamento domiciliar que incluiu as 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes em 2005. A amostragem foi por conglomerados, estratificada, probabilística e autoponderada, obtida em três estágios de seleção: setores censitários, domicílios e respondentes (população entre 12-65 anos de idade). O instrumento utilizado para obtenção dos dados foi o Substance Abuse and Mental Health Services Administration, com perguntas sobre dados sociodemográficos e uso de drogas psicotrópicas. RESULTADOS: Foram pesquisados 7.939 domicílios. Em 33,5% foi relatado histórico de violência domiciliar, sendo 17,1% com agressores alcoolizados. Os tipos de violência em associação com uso de álcool mais freqüentes foram: discussões direcionadas a pessoas do domicílio (81,8%), escândalos não direcionados a alguém específico (70,9%), ameaça de agressão física (39,5%) e de quebra de objetos (38,7%), agressões físicas (27,8%), com armas (5,5%) e abuso sexual (3,2%). Mais da metade dos agressores era morador do domicílio, 88,8% deles do sexo masculino. A maioria das vítimas era do sexo feminino (63,9%); 33,9% eram esposas e 18,2% filhos. Quanto às reincidências, 14,1% dos casos perduraram por período entre um a cinco anos e em 14,3% ultrapassaram uma década. A maior parte das vítimas (86%) e dos agressores (77,9%) não procurou por ajuda em serviço de saúde e/ou delegacia. CONCLUSÕES: Além da alta proporção de domicílios brasileiros com histórico de violência com agressores alcoolizados, as agressões apresentaram várias especificidades. A baixa procura por ajuda em serviços de saúde/segurança indica a importância da detecção ativa de casos de violência domiciliar.

Publicado

2009-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Fonseca, A. M., Galduróz, J. C. F., Tondowski, C. S., & Noto, A. R. (2009). Padrões de violência domiciliar associada ao uso de álcool no Brasil . Revista De Saúde Pública, 43(5), 743-749. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009005000049