Resultado do teste rápido anti-HIV após o parto: uma ameaça à amamentação ao nascimento

Autores

  • Maria Inês Couto de Oliveira Universidade Federal Fluminense; Instituto de Saúde da Comunidade; Departamento de Epidemiologia e Bioestatística
  • Kátia Silveira da Silva Fundação Oswaldo Cruz; Instituto Fernandes Figueira; Unidade de Pesquisa Clínica
  • Saint Clair Gomes Junior Fundação Oswaldo Cruz; Instituto Fernandes Figueira; Unidade de Pesquisa Clínica
  • Vânia Matos Fonseca Fundação Oswaldo Cruz; Instituto Fernandes Figueira; Unidade de Pesquisa Clínica

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000100007

Palavras-chave:

Aleitamento Materno, Mulher, Sorodiagnóstico da AIDS, Transmissão Vertical de Doença Infecciosa, prevenção & controle, Estudos de Coortes

Resumo

OBJETIVO: Analisar fatores associados à não-amamentação na primeira hora de vida, sobretudo a influência do momento do resultado do teste rápido anti-HIV. MÉTODOS: Estudo de coorte, sendo o ponto inicial a submissão ao teste rápido e o final a primeira mamada do bebê. A população estudada incluiu 944 parturientes submetidas ao teste rápido anti-HIV, com resultado negativo, em 2006, nos cinco hospitais amigos da criança do Sistema de Gestação de Alto Risco no município do Rio de Janeiro, RJ. Entrevistadoras treinadas obtiveram dados do laboratório e do prontuário e no pós-parto aplicaram questionário para entrevista às mães. O modelo multinível foi adotado para analisar a influência de características sociodemográficas, de assistência pré-natal e ao parto sobre a não-amamentação na primeira hora de vida. RESULTADOS: Dentre as participantes, apenas 15,6% receberam seu resultado antes do parto, 30,8% depois do parto e 53,6% ainda desconheciam o resultado ao ser entrevistada. A prevalência de não-amamentação na primeira hora de vida foi de 52,5% (IC 95%: 49,3;55,8). Após ajuste, o recebimento do resultado do teste rápido após o parto dobrou o risco da não-amamentação na primeira hora de vida (RR=2,06; IC 95%: 1,55;2,75). Outros fatores de risco foram: cor não branca, renda materna de um salário mínimo ou menos, parto cesáreo, mãe não querer amamentar o bebê ao nascimento e mãe referir que a equipe hospitalar não a escutava. O desconhecimento da realização do teste rápido anti-HIV pela mãe se mostrou como fator de proteção. CONCLUSÕES: O principal fator de risco para a não-amamentação na primeira hora de vida foi o recebimento do resultado do teste rápido após o parto. O teste anti-HIV deve ser amplamente disponibilizado no pré-natal e o teste rápido deve ser realizado sob indicação, na admissão, com busca ativa e pronta comunicação do resultado à mulher.

Publicado

2010-01-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Oliveira, M. I. C. de, Silva, K. S. da, Gomes Junior, S. C., & Fonseca, V. M. (2010). Resultado do teste rápido anti-HIV após o parto: uma ameaça à amamentação ao nascimento . Revista De Saúde Pública, 44(1), 60-69. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000100007