Jornadas de trabalho na enfermagem: entre necessidades individuais e condições de trabalho

Autores

  • Amanda Aparecida Silva Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
  • Lúcia Rotenberg Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública; Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde
  • Frida Marina Fischer USP; FSP; Departamento de Saúde Ambiental

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102011000600014

Palavras-chave:

Enfermeiras, Auxiliares de Enfermagem, Condições de Trabalho, Estudos Transversais, Jornada de Trabalho, Trabalho em turnos, Trabalho noturno

Resumo

OBJETIVO: Analisar fatores associados à jornada de trabalho profissional e à jornada de trabalho total (profissional + doméstica) em profissionais de enfermagem. MÉTODOS: Estudo transversal realizado em hospital universitário no município de São Paulo, SP, entre 2004 e 2005. Participaram 696 trabalhadores (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem), predominantemente mulheres (87,8%), que trabalhavam em turnos diurnos e/ou noturnos. Foi aplicado questionário autopreenchível sobre dados sociodemográficos, condições de trabalho e de vida; e versões traduzidas e adaptadas para o português das escalas de demanda-controle-apoio social no trabalho, de desequilíbrio esforço-recompensa, do Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida e do Índice de Capacidade para o Trabalho. Foram utilizados modelos de regressão logística para a análise dos dados. RESULTADOS: Ser o único responsável pela renda familiar, o trabalho noturno e o desequilíbrio esforço-recompensa foram as únicas variáveis associadas tanto à jornada profissional (OR = 3,38; OR = 10,43; OR = 2,07, respectivamente) quanto à jornada total (OR = 1,57; OR = 3,37; OR = 2,75, respectivamente). Nenhuma das variáveis ligadas às jornadas de trabalho se associou significativamente ao baixo Índice de Capacidade para o Trabalho. O tempo insuficiente para o repouso se mostrou estatisticamente associado às jornadas profissional (OR = 2,47) e total (OR = 1,48). O tempo insuficiente para o lazer se mostrou significativamente associado à jornada profissional (OR = 1,58) e valor limítrofe para a jornada total (OR = 1,43). CONCLUSÕES: A responsabilidade financeira, o trabalho noturno e o desequilíbrio esforço-recompensa são variáveis que merecem ser contempladas em estudos sobre as jornadas de trabalho em equipes de enfermagem. Sugere-se que estudos sobre o tema abordem a renda individual do trabalhador, detalhando melhor a relação entre os esforços e recompensas, e principalmente discussões que considerem as relações de gênero.

Publicado

2011-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Silva, A. A., Rotenberg, L., & Fischer, F. M. (2011). Jornadas de trabalho na enfermagem: entre necessidades individuais e condições de trabalho . Revista De Saúde Pública, 45(6), 1117-1126. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011000600014