Federalismo e política de saúde: comissões intergovernamentais no Brasil

Autores

  • Cristiani Vieira Machado Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; Departamento de Administração e Planejamento em Saúde
  • Luciana Dias de Lima Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; Departamento de Administração e Planejamento em Saúde
  • Ana Luiza d'Ávila Viana Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Medicina Preventiva
  • Roberta Gondim de Oliveira Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; Escola de Governo em Saúde
  • Fabíola Lana Iozzi Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina
  • Mariana Vercesi de Albuquerque Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina
  • João Henrique Gurtler Scatena Universidade Federal do Mato Grosso; Instituto de Saúde Coletiva; Departamento de Saúde Coletiva
  • Guilherme Arantes Mello Universidade Federal de São Paulo; Escola Paulista de Medicina; Departamento de Medicina Preventiva
  • Adelyne Maria Mendes Pereira Fundação Oswaldo Cruz; Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; Laboratório de Educação Profissional em Gestão em Saúde
  • Ana Paula Santana Coelho Universidade Federal do Espírito Santo; Centro Universitário Norte do Espírito Santo; Departamento de Ciências da Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005200

Resumo

OBJETIVO : Analisar a dinâmica de funcionamento das Comissões Intergestores Bipartites em saúde, nos estados do Brasil. MÉTODOS : A pesquisa compreendeu visitas a 24 estados, observação direta, análise documental e realização de entrevistas semiestruturadas com dirigentes estaduais e municipais. A caracterização das comissões de 2007 a 2010 considerou quatro dimensões: (i) institucionalidade, classificada como avançada, intermediária ou incipiente; (ii) conteúdo das negociações intergovernamentais, qualificado como diversificado/restrito, aderente/não aderente à realidade estadual e compartilhado/não compartilhado entre estado e municípios; (iii) processo político, considerando o caráter e a intensidade das relações intergovernamentais; e (iv) capacidade de atuação, avaliada como elevada, moderada ou baixa. RESULTADOS : Dez comissões apresentaram institucionalidade avançada. O conteúdo das negociações foi diversificado em todos os estados e na maioria aderente à realidade estadual. Entretanto, um terço das comissões expressaram assimetrias de poder entre esferas de governo. Relações intergovernamentais cooperativas e interativas predominaram em 54,0% dos estados. As dimensões de institucionalidade, conteúdo das negociações e processo político influenciaram a capacidade de atuação das Comissões Intergestores Bipartites na formulação da política e na coordenação federativa em saúde. Predominaram comissões com capacidade de atuação elevada nas regiões Sul e Sudeste e comissões com capacidade de atuação baixa no Norte e Nordeste. CONCLUSÕES : A variação regional entre as comissões sugere a influência de condicionantes histórico-estruturais (desenvolvimento socioeconômico, barreiras geográficas, características do sistema de saúde) na sua capacidade de coordenação intergovernamental em saúde. No entanto, em alguns estados, observou-se a possibilidade de superação de parte das dificuldades estruturais por meio de transformações institucionais e políticas. A realização de investimentos federais diferenciados por macrorregiões e estados é fundamental para a superação de desigualdades estruturais que repercutem nas instituições políticas. A atuação das CIB constitui um avanço, mas o fortalecimento de sua capacidade de coordenação federativa em saúde é crucial para a organização regionalizada do sistema de saúde nos estados brasileiros.

Publicado

2014-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Machado, C. V., Lima, L. D. de, Viana, A. L. d'Ávila, Oliveira, R. G. de, Iozzi, F. L., Albuquerque, M. V. de, Scatena, J. H. G., Mello, G. A., Pereira, A. M. M., & Coelho, A. P. S. (2014). Federalismo e política de saúde: comissões intergovernamentais no Brasil . Revista De Saúde Pública, 48(4), 642-650. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005200