Desafios para a permanência de estudantes cotistas na graduação em Terapia Ocupacional
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v33i1-3e209733Palavras-chave:
Ação afirmativa, Cotidiano, Ensino superior, Políticas de assistência estudantil, Terapia OcupacionalResumo
Introdução: Políticas de Ação Afirmativa no ensino superior são recentes no Brasil. A respeito dos cursos de graduação em Terapia Ocupacional, observa-se poucas evidências sobre o tema que apoiem o debate e a criação de estratégias de implementação no cotidiano acadêmico de estudantes. Objetivo: Identificar o perfil de estudantes cotistas no curso de graduação em Terapia Ocupacional da UFRJ, e os desafios relacionados à permanência no ensino superior, a partir do acesso das Políticas de Assistência Estudantil. Métodos: Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, com abordagem exploratória e descritiva. Os dados foram coletados por meio de questionário online junto a 50 estudantes de graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dados foram organizados e descritos por estatística simples e procedimentos de enunciação, frequência e unidades a partir da abordagem de análise de conteúdo. Resultados e discussão: A maioria das estudantes cotistas foi de mulheres cisgêneras, pretas e pardas, com renda de 1 a 2 salários-mínimos oriundas de escola pública. Há grande incidência de trancamento de disciplinas, decorrentes de problemas de saúde mental e organização da rotina, devido a sobreposição entre curso em período integral e vulnerabilidades socioeconômicas. Considerações finais: A compreensão sobre o perfil sociodemográfico, os tipos de suportes ofertados e acessados, bem como as repercussões da saúde mental, percepção do desempenho acadêmico e manutenção/alteração da vida cotidiana, são tópicos importantes a serem considerados na implementação e acionamento de políticas afirmativas, que ainda são insuficientes devido a desarticulação entre políticas intersetoriais.
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