O pêndulo da modernidade
DOI :
https://doi.org/10.1590/ts.v6i1/2.85044Mots-clés :
Modernidade, Capitalismo, Socialismo, Dualismo, Ordem social, Totalitarismo, IndividualismoRésumé
O bicentenário da Revolução Francesa, em 1989, e as revoluções anti-totalitárias da Europa Oriental entre 1989 e 1991 levam os autores a interpretar a modernidade através da metáfora do pêndulo, utilizada para denotar a dinâmida do atual ordenamento social, pluralista e autônomo e que oscila, sem nunca parar, entre radicalismo e moderação. Para fazer uma diagnose do auto-conhecimento dos indivíduos modernos, o texto analisa questões referentes à modernidade e seus problemas: o totalitarismo lhe é inerente? Há como evitá-lo? As promessas de 1789 podem ser mantidas? E recorre à história para avaliar ceticamente a modernidade a partir de suas duas condições de existência: a dinâmica moderna (dialética), que opera através da auto-reflexividade da justiça dinâmica, e o ordenamento social moderno, estrutura constante de (re)-distribuição simétrica ou assimétrica de liberdade e chances de vida. O artigo introduz as lógicas dinâmicas da modernidade (a divisão funcional do trabalho, a arte de governar e a tecnologia), mostrando que elas, operando conjuntamente ou em conflito, movimentam o pêndulo da modernidade geralmente entre os pólos do "individualismo" e do "comunitarianismo", entre a defesa do Estado do Bem-estar e a prática do mercado auto-regulador, de forma que não oscile entre oposições binárias ("capitalismo" e "socialismo", "direita" e "esquerda", "progresso" e "reação"). Por fim, são enfatizados os efeitos advindos da percepção da existência do pêndulo da modernidade sobre a política, que se transforma em pós-moderna: acaba a vontade pela transcendência da modernidade: novas alianças, a "contextualidade" e algumas premissas universais na área política tornam-se importantes: o "modo de vida" prevalece sobre a "classe". No entanto, o texto atenta para os problemas destes ideais anti-holisticas, que podem levar à intolerância e à impossibilidade de um meio coletivo de entendimento.
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