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O ambientalista Ailton Krenak e sua luta

Visibilidade dos indígenas na sociedade , que “passaram a compor uma grande maioria de excluídos

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP, São Paulo, Brasil

Nos últimos anos, cresceu a violação às terras indígenas, seja no desrespeito à demarcação das terras, invadidas para a pesca ilegal, ações predatórias de indústrias madeireiras, ceifando a vegetação, empobrecendo e dizimando as matas e florestas, o que contribui para o desequilíbrio ambiental e a desapropriação das habitações das nações indígenas. Ailton Krenak é um opositor determinado que sempre atuou na defesa da sustentabilidade da natureza, em uma luta contra a exploração caótica das terras indígenas em todo o Brasil, que coloca em risco a pluralidade de culturas de comunidades tradicionais que sentem sua existência completamente atrelada à sobrevivência da natureza.

A Revista de Antropologia publicou uma entrevista de Adriano de L. Moreira, jornalista da Fundação Oswaldo Cruz, entre outras atividades ligadas a políticas públicas, com o líder e ambientalista indígena Ailton Krenak, figura imprescindível quando se fala em direitos e reivindicações dos povos indígenas, tornando-se, pela atividade em prol dos mesmos, reconhecido mundialmente, tanto nos meios acadêmicos quanto nas mídias socias pela importância de suas intervenções em busca da visibilidade daqueles que, contrariamente ao que normalmente se pensa, os indígenas “deixaram de  ser considerados minorias e passaram a compor uma grande maioria de excluídos”.

“Os  índios, definitivamente, não são uma minoria”, elucida o ativista. O jornalista Adriano Moreira, em sua entrevista, revela a importância de Krenak, jornalista e escritor, poeta e líder que “nasceu em 1953 na Terra Indígena  Krenak, na região do Vale do Rio Doce. ” Ailton Alves Lacerda Krenak “é uma das vozes indígenas brasileiras de maior visibilidade na atualidade“. Autor do livro O amanhã não está à venda, entre outrosde igual importância, Krenak ressalta a igualdade entre todos os seres da natureza, na medida em que sustenta a diversidade e, ao mesmo tempo, a intrínseca conexão do ser humano com a os demais reinos da natutezaa e, como ele denomina, do “organismo Terra“.

Militante incansável das causas indígenas, integrou a Assembleia Constituinte que deu origem à Constituição de 1988 e participou da Aliança dos Povos da Floresta,  idealizada por  Chico Mendes, composta por comunidades indígenas , hoje, uma rede que gira em torno das novas tecnologias de informação. Krenak se referiu, durante a entrevista, ao empenho de Chico Mendes na defesa dos “seringueiros, ribeirinhos e comunidades indígenas” para a formação de “uma rede de cooperação entre diferentes comunidades na Amazônia“, o que causou repercussão no vínculo dos índios com a sociedade brasileira e com as questões políticas, ambientais e socioambientais. O propósito de Krenak foi e é sempre contribuir para a visibilidade dos povos da floresta, que legitima a sobrevivência dos mesmos.

Segundo o ativista, “a reação das pessoas em qualquer lugar do mundo, hoje, diante de qual quer atitude que pretenda suprimir uma determinada comunidade dos humanos é  violenta“. Krenak também citou a precária atenção à saúde dos gestores que, em teoria, viabilizariam essa atenção, assim como em relação à precária inclusão dos indígenas nos espaços sociais, uma falha grave da eficácia das políticas públicas no tocante às questões indígenas. O jornalista Adriano Moreira aborda, na entrevista, a ocupação do plenário do Congresso pelos indígenas  em  2013 e o discurso de Krenack em sua proposta de visibilidade das comunidades indígenas na sociedade brasileira.

Ser índio deixou de ser sinônimo de escondido  no mato”, afirma o ambientalista que também elucida que a visibilidade mais efetiva é quando decisões internas nas próprias comunidades são tomadas e efetivamente aplicadas. Respondendo à última pergunta do entrevistador ainda sobre a visibilidade, Kernak elucida: “Se, por um lado, nós achamos q ainda ue a globalização ia acabar com as diferenças, com as minorias, na verdade o que ela fez foi radicalizar nossas identidades […] como  todo começo, a emergência dessas identidades incomoda “e, por isso, a latente expectativa de mudança no sentido de a comunidade indígena expressar sua diferença e sua diversidade na socidedade, conquistando o direito de respeito à sua identidade.

Artigo

MOREIRA, A. D. L. “Ser índio deixou de ser sinônimo de escondido no mato”: uma conversa sobre visibilidade com Ailton Krenak. Revista de Antropologia, v. 65, n. 3, e202953, 2022. ISSN: 1678-9857. DOI:  https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.202285. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/202285. Acesso em: 06 dez. 2022.

Contato

Adriano De Lavor Moreira – Jornalista do Programa Radis – Comunicação e Saúde da  Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ) E membro do GT de Comunicação e Saúde da Associação Brasileira de  Saúde Coletiva (ABRASCO). delavor@gmail.com

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