A noção de significância cultural segundo teóricos e instituições de salvaguarda anglo-saxões e brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v17i34p10-31Palavras-chave:
Significância cultural, Valores patrimoniais, Teoria da conservaçãoResumo
Este artigo propõe-se a analisar a noção de significância cultural, em seus aspectos teóricos e práticos da contemporaneidade, a partir da pesquisa bibliográfica realizada entre os principais pesquisadores da conservação e instituições de salvaguarda do patrimônio que debatem sobre o conceito: os anglo-saxões e os brasileiros. A significância cultural surge na década de 1980, e a sua compreensão está relacionada aos valores patrimoniais e ao reconhecimento dos bens culturais como patrimônio. Durante os primeiros vinte anos, pesquisadores anglo-saxões dedicaram-se a questionar a compreensão da significância percebida nas práticas das instituições de salvaguarda, que centravam a pesquisa sobre os valores patrimoniais nos técnicos e especialistas, enquanto os teóricos defendiam o envolvimento de atores sociais diversos na validação destes valores. Nos últimos vinte anos, pesquisadores brasileiros identificaram duas abordagens distintas adotadas no entendimento de significância: uma objetiva, focada no reconhecimento dos valores dos especialistas; e outra relativista, que assume os valores patrimoniais como socialmente atribuídos. Passadas quatro décadas desde a publicação da primeira edição da Carta de Burra (1979-2019), esta pesquisa questiona: como tem sido compreendida e aplicada a noção de significância por teóricos e instituições de salvaguarda? O presente artigo tem como foco principal investigar se a teoria e prática contemporâneas dos países que mais contribuíram para alavancar a significância cultural estariam alinhadas ideologicamente e quais os desafios já apontados pela significância a serem superados, para que a noção possa ser adotada como instrumento de salvaguarda.
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