A miséria do instrumentalismo na tradição neoclássica

Autores

  • Mário Duayer Universidade Federal Fluminense Autor
  • João Leonardo Medeiros Instituto de Economia.Universidade Federal do Rio de Janeiro Autor
  • Juan Pablo Painceira Instituto de Economia.Universidade Federal do Rio de Janeiro Autor

Palavras-chave:

Tradição neoclássica, Instrumentalismo, Relativismo, Ontologia

Resumo

O presente artigo discute algumas ressonâncias do anti-realismo e do relativismo na ciência econômica. Em particular, consiste de uma crítica da idéia atualmente em voga de que o instrumentalismo constitui um fundamento filosófico suficiente para a Economia. Uma desassombrada defesa desta posição é elaborada por Lisboa (FCV/PJ). Ao considerar que a falência do positivismo pode ser exclusivamente creditada aos trabalhos de Kuhn e Lakatos, Lisboa parece acreditar que o relativismo (ontológico) subjacente às concepções daqueles autores representa um fundamento incontroverso de todo empreendimento científico. Por isso seu esforço em demonstrar que a prática científica da tradição neoclássica sempre foi consistente com tal fundamento. Porém, uma vez que o relativismo ontológico pressupõe o caráter completamente discursivo da realidade social, deduz-se daí que qualquer discurso científico "constrói" os fins dos quais é um instrumento. Sob tal ótica, o artigo procura mostrar que a legitimação instrumentalista da tradição neoclássica tentada por Lisboa é inconsistente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Mário Duayer, Universidade Federal Fluminense

    Professor

  • João Leonardo Medeiros, Instituto de Economia.Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Doutorando

  • Juan Pablo Painceira, Instituto de Economia.Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Mestre

Referências

BACKHOUSE, R. E. The Lakatosian legacy in economic methology. In: BACKHOUSE, R. E. (ed.), New directions in economic methodology. London: Routledge, 1994.

BHASKAR, R. Societies. In: ARCHER, M. et alii (eds.), Critica irealism: essential eeadings. London: Roudedge, 1998.

BHASKAR, R. A realist theory of science. New York: Verso, 1997.

BHASKAR, R. Philosophy and the idea of freedom. Oxford: Basil Blackwell, 1991.

BLAUG, M. Metodologia da economia. São Paulo: Edusp, 1993.

CALDWELL, B. Beyond positivism: economic methodology in the twentieth century. London: George Allen & Unwin, 1982.

CALLINICOS, A. Against post modernism: a Marxist critique. New York: Sr. Martiifs Press, 1989.

CARVALHO, E J. C. Réplica da miséria da crítica heterodoxa. Revista de Economia Contemporânea, 4, jul.-dez. 1998.

DERRIDA, J. Spectres of Marx. New Left Review, 205, p. 31-58, 1994.

DOW Sheila C. Mainstream economic methodology. Cambridjje Economic Journal, 21, p. 73-93, 1997.

DUAYER, M.; MEDEIROS, J. L.; PAINCEIRA, J. P. Dilemas da sociedade salarial: realismo ou ceticismo instrumental. Anais do XXVTI Encontro Nacional da ANPEC, Belém, 1999.

DUAYER, M. Marx, verdade e método. Anais do Encontro Nacional de Economia Política, Porto Alegre, 1999.

DUAYER, M. Purgatório (curto conto teológico-metodológico). Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, 2, p. 144-159, 1998.

DUAYER, M. Manipulação ou emancipação? Pragmatismo e ciência econômica. 1994. Tese (Titular), UFF, Niterói. Mimeografado.

FRIEDMAN, M. The methodology of positive economics. In: HAUSMAN, D. N. (ed.), The philosophy of economics: an anthology. New York: Cambridge University Press, 1994.

HABERMAS, J. Coping with contingencies, the return of historicism. In: NIZNIK, J.; SANDERS, J. T. (eds.), Debating the state ofphilosophy, Habermas, Rorty and Kolakowski. Westport, Conn.: Praeger, 1996.

HANDS, D. W Popper and Lakatos in economic methodology. In: MAKI, U.; GUSTAESSON, B.; KNUDSEN, C. (eds.), Rationality, institutions and economic methodology. London: Roudedge, 1994.

HAUSMAN, D. N. Kuhn, Lakatos aiid the character of economics. In: BACKHOUSE, R. E. (ed.), New directions in economia methodology. London: Roudedge, 1994.

HUTCHISON, T. W On verification in economics. In: HAUSMAN, D. N. (ed.), The philosophy of economics: an anthology. New York: Cambridge University Press, 1994.

KREPS, D. A course in microeconomic theory. Princeton University Press, 1990.

LAWSON, T. Economics and reality. London: Routledge, 1997.

LISBOA, M. A miséria da crítica heterodoxa - Primeira parte: Sobre as críticas. Revista de Economia Contemporânea, 2, p. 5-66, jul.-dez. 1997.

LISBOA, M. A miséria da crítica heterodoxa - Segunda parte: Método e equilíbrio na tradição neoclássica. Revista de Economia Contemporânea, 3, p. 113-151, jan.-jun. 1998.

LUKACS, G. Zur ontologie des gesellschaftlichen seins. Darmstadt: Luchterhand, 1984.

MORAES, M. C. et alii. Neopragmatismo: a história como contingência absoluta. Tempo, v. 2, n. 4, p. 27-48, 1997.

NORRIS, C. Reclaiming truth: contributionsto a critique of cultural relativism. Durham: Duke University Press, 1996a.

NORRIS, C. New idols of the cave: ontological relativity, relativity, anti-realism and interpretation theory. Southern Humanities Review, v. 30, n. 3, Summer 1996b.

NORRIS, C. Against relativism: philosophy of science, deconstruction and critical theory. Oxford: Blackwell, 1997a.

NORRIS, C. Resources ofrealism: prospectsfor post-analytiCphilosophy. London: Macmillan, 1997b.

OLIVEIRA, C. C. et all. Teoria da regulação; marxismo c não-dogmáticos ou conservadorismo reformista. VI Encontro Nacional de Economia Política, São Paulo, 2001.

PAULANI, L. Idéias sem lugar: sobre a retórica da economia de McCloskey. In: REGO, J. M. {pv^.). Retórica na economia. São Paulo: Editora 34, 1996.

PHEBY, J. Methodology and economics: a criticai introduction. Armonk: M. E. Sharpe, 1988.

POPPER, K. Conjecturas and refutations: thegrowth ofscientific knowledge. London: Roudedge, 1963.

POPPER, K. Lógica das ciências sociais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro/UnB,1978.

POSSAS, M. A cheia do mainstream: comentários sobre os rumos da ciência econômica. Revista de Economia Contemporânea, 1, p. 13-37, jan.-jun. 1997.

ROBINSON, J. Economicphilosophy. Harmondsworth: Penguin Books Ltd., 1973

RORTY, R. Objectivity, relativism, and truth: philosophical papers I. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

SALMON, W Scientific explanation and the causai structure ofthe world. Princeton: Princeton University Press, 1984.

SCHUMPETER, J. Capitalism, socialism and democracy. London: George Allen & Unwin, 1976.

SEARLE, J. R. The construction ofsocial reality. New York: The Free Press, 1995.

SEARLE, J. R. Mind, languaje and society: philosophy in the real world. New York: Basic Books, 1998.

SOFIANOU, E. Post-modernism and the notion of rationality in economics. Cambridge Journal of Economics, 19, p. 373-389, 1995.

SOLOW, R. Science and ideology in economics. In: HAUSMAN, D. N. (ed.), Thephilosophy of economics: an anthology. New York: Cambridge University Press, 1994.

SUPPE, E (ed.) The structure of scientific theories. Urbana: University of Chicago Press, 1997.

VASCONCELOS, M. R.; STRACHMAN, E.; FUCIDJI, J. R. O realismo crítico e as controvérsias metodológicas contemporâneas em economia. Estudos Econômicos, v. 29, n. 3, p. 415-445, jul.-set. 1999.

Downloads

Publicado

01-12-2001

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Duayer, M. ., Medeiros, J. L. ., & Painceira, J. P. . (2001). A miséria do instrumentalismo na tradição neoclássica. Estudos Econômicos (São Paulo), 31(4), 723-783. https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/215502