Linguagem, procedimentos e pragmatismo na tradição neoclássica

Autores

  • Marcos de Barros Lisboa Fundação Getulio Vargas.Escola Brasileira de Economia e Finanças Autor

Palavras-chave:

Metodologia, Tradição neoclássica, Pragmatismo

Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir algumas críticasformuladas por Duayer, Medeiros e Painceira (2001) sobre a minha leitura de diversos aspectos metodológicos do programa de pesquisa neoclássico. Procuro argumentar que qualquer tentativa de identificação de um "núcleo duro"nesse programa apresenta diversas dificuldades dada a virtualinexistência de implicações consensuais dos diversos modelos teóricos neoclássicos existentes. No meu ponto de vista, a unidade desse programa não está na postulação dasrelações que devem ser observadas em uma economia de mercado, mas. sim. em um conjunto de procedimentos utilizados tanto na construção de argumentosformais quanto na proposição de modelos aplicados. Os argumentosformaissão construídos de forma semelhante ao processo de desenvolvimento da matemática, como analisado por Lakatos (1976). A vasta coleção de conceitos abstratos e modelosformaisresultantes desse processo, modelos estes muitas vezes com hipóteses ou resultados contraditórios, caracteriza uma linguagem com virtualmente nenhuma implicação consensualsobre as variáveis econômicas. As diversas correntesteóricas da tradição neoclássica são caracterizadas pela escolha de quais modelos formais devem ser utilizados na análise empírica, assim como pelas hipóteses auxiliares que são consideradas aceitáveis. O artigo conclui discutindo as dificuldades inerentes a qualquer projeto realista de compreensão racional do real. assim como a tentativa pragmática, que acredito caracterizar a tradição neoclássica, de utilização possível das implicações empíricas no processo de proposição e reavaliação de crençassobre o comportamento das variáveissócio-econômicas.

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Publicado

01-12-2001

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Lisboa, M. de B. . (2001). Linguagem, procedimentos e pragmatismo na tradição neoclássica. Estudos Econômicos (São Paulo), 31(4), 785-823. https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/215505