Sobre o estatuto epistemológico da racionalidade econômica segundo Karl Popper
Palavras-chave:
Epistemologia da Economia, Karl Popper, Postulado da RacionalidadeResumo
Três tipos de críticas são comumente levantados contra a utilização do postulado da racionalidade na ciência econômica. A primeira delas associa-se ao argumento da circularidade, a segunda diz respeito à blindagem da teoria contra a refutação e a terceira – e mais importante delas – refere-se à inadequação empírica. O presente artigo busca encaminhar esta última, à luz do tratamento dado por Popper ao longo de sua carreira para a questão de qual seria o estatuto epistemológico do princípio da racionalidade nas teorias econômicas. Três possíveis respostas a esta questão são aqui examinadas, explicitando-se suas respectivas estruturas lógicas. A primeira delas propõe que o postulado da racionalidade desempenhe o papel de lei geral do comportamento humano. A segunda requer que ele funcione como um axioma da teoria. Finalmente, a terceira proposta sugere que o postulado da racionalidade seja entendido como regra metodológica. Conclui-se o artigo sugerindo que esta última solução satisfaz ao apelo que o tipo de crítica aqui examinada faz ao conceito de racionalidade. Não obstante, ao situar-se no contexto metateórico, o postulado da racionalidade mantém importância inegável na teoria econômica. Sem ele, não se disporia de instrumentos que conduzissem à seleção de dados empíricos voltados ao teste das teorias.
Downloads
Referências
ABEL, T. The operation called Verstehen. American Journal of Sociology v. 54, n. 3, 1948, pp. 211-218.
APEL, K. Comments on Farr’s paper (II): some critical remarks on Karl Popper’s contribution to hermeneutics, Philosophy of the Social Sciences, v. 13 n. 2, 1983, pp. 183-193
BOWLES, S. Microeconomics; behavior, institutions, and evolution. Princeton: Princeton University, 2004.
CALDWELL, B. Clarifying Popper. Journal of Economic Literature, v. 29, n.1, 1991, pp. 1-33.
CAPONI, G. Aproximação popperiana à distinção explicação-compreensão. In: OLIVEIRA P. E. (Org.) Ensaios sobre o pensamento de Karl Popper. Curitiba: PUCPR, 2012, pp.187-197.
CHURCHLAND, P. The logical character of action-explanations. The Philosophical Review n. 79, pp. 214-236, 1970.
DAVIDSON, D. On the very idea of a conceptual scheme. In: DAVIDSON, D. Essays on truth and
interpretation. Oxford: Oxford University, 1984.
FARR, J. Popper’s Hermeneutics. Philosophy of the Social Sciences, n. 13, 1983, pp.157-176.
FRANK, R.; GILOVICH, T.; REGAN, D. Does studying economics inhibit cooperation? Journal of
Economic Perspectives, v. 7, n. 2, 1993, pp. 159-171.
FRIEDMAN, M. The methodology of positive economics. In FRIEDMAN, M. essays in positive economics. Chicago: University of Chicago, 1966 [1953], pp. 3-46.
HANDS, D. W. Karl Popper and economic methodology: a new look, Economics and Philosophy, v. 1, 1985, pp. 83-99.
HANDS, D. W.Falsification, situational analysis and scientific research programs: the Popperian tradition in economic methodology. In De MARCHI, N. (Ed.). Post-Popperian methodology of economics: recovering practice. Boston/ Dordrecht /London: Kluwer Academic, 1992.
HEMPEL, C. G. The function of general laws in history. Journal of Philosophy, v. 39, n. 2, 1942, pp. 35-48.
HEMPEL, C. G. Filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro: Zahar, 1981 [1966].
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1997 [1970].
KUHN, T. Second thoughts on paradigms. In: SUPPE, F. (Ed.) The structure of scientific theories. Urbana: University of Illinois, 1974, pp. 459-482.
LAKATOS, I. Falsificação e metodologia dos programas de investigação científica. Lisboa: Edições 70, 1978 [1970].
LAKATOS, I. História da ciência e suas reconstruções racionais. Lisboa: Edições 70, 1978 [1973].
LATSIS, S. A research program in economics. In: LATSIS, S. (Ed.) Method and appraisal in economics. New York: Cambridge University, 1976.
MASTERMAN, M. The nature of a paradigm. In: LAKATOS, I.; MUSGRAVE, A. Criticism and the
growth of knowledge. Cambridge: Cambridge University, 1970. pp. 59-89.
MISES, L. von. Ação humana: um tratado de economia. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990 [1949].
NADEAU, R Confuting Popper on the rationality principle. Philosophy of the Social Sciences, v.23, n. 4, 1993, pp.446-467.
NOZICK, R. The nature of rationality. Princeton: Princeton University, 1993.
PIMENTEL, E. Dilema do prisioneiro: da teoria dos jogos à ética. Belo Horizonte: Argumentum, 2007.
POPPER, K. The poverty of historicism. London and New York: Routledge, 1997[1938].
POPPER, K. A sociedade aberta e seus inimigos. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1987 [1945].
POPPER, K. Lógica das ciências sociais. Brasília: Universidade de Brasília, 1978 [1961].
POPPER, K. The Rationality Principle, in MILLER, D. (Ed.) Popper Selections. Princeton: Princeton University Press, 1985 [1967], pp. 357-65. First published as La Rationalité et le Statut du Principe de Rationalité. In CLASSEN; EMIL M. (ed.) Les Fondements Philosophiques des Systemes Economiques. Paris: Payot, 1966.
POPPER, K. Models, instruments and truth – the status of the rationality principle in social sciences. In POPPER, K. The Myth of the Framework – In defence of science and rationality. London and New York: Routledge, 1994 [1967].
POPPER, K. A pluralistic approach to the philosophy of History. In POPPER, K. The myth of the framework in defence of science and rationality. London and New York: Routledge, 1994 [1969].
POPPER, K. Autobiografia intelectual. São Paulo: Cultrix, 1977 [1974].
SEN, A. Rational Fools: a critique of the behavioural foundations of economic theory, Philosophy and Public Affairs, v. 6, n. 4, 1974, pp. 317-344.
SIMON, H. The sciences of the artificial. Cambridge: MIT, 1969.
SUTHERLAND, S. Irrationality. New Jersey: Rutgers University, 1992.
TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D. The framing of decisions and the psychology of choice, Science, v.
, 1981, 453-458.
WATKINS, J. Racionalidad imperfecta . In BERGER, R.; CIEFFI, F. (ed.) La explicación en las ciencias de la conducta. Madrid: Alianza, 1970.
WEISS, M. The best way to do economics: moves and countermoves in the history of economic
methodology. Durham: Texto de Discussão da Duke University, 2002. Disponível em:
HTTP://econ.duke.edu/uploads/assets/dje/2002/weiss.pdf Acesso em 22/07/2012.
WEINTRAUB, R. General equilibrium analysis. Cambridge: Cambridge University, 1985.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2014 Brena Paula Magno Fernandez, Duilio de Avila Bêrni
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A submissão de artigo autoriza sua publicação e implica o compromisso de que o mesmo material não esteja sendo submetido a outro periódico.
A revista não paga direitos autorais aos autores dos artigos publicados.
O detentor dos direitos autorais da revista é o Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo.